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30/08/2013 - 09:36

MAR inaugura duas novas exposições em setembro

Mostras de Berna Reale e Yuri Firmeza iniciam um projeto do Museu de abrir espaço para novos artistas que vivem fora do eixo Rio-São Paulo.

O Museu de Arte do Rio – MAR inaugura no dia 3 de setembro (4, para o público) duas novas exposições que irão ocupar seu espaço térreo, dedicado à arte contemporânea. A paraense Berna Reale apresenta cinco performances em vídeo e o cearense, Yuri Firmeza, uma grande instalação que envolve objetos arqueológicos, vídeos e pinturas. As exposições fazem parte de um projeto do MAR que trará ao público carioca trabalhos de artistas que vivem fora do eixo Rio-São Paulo.

Na mostra intitulada Vazio de Nós, Berna apresenta, além das já conhecidas performances “Limite Zero” (2011) e “Palomo” (2012), seu três trabalhos mais recentes e inéditos “Ordinário”, “Soledade” e “Americano” (2013). A artista, vencedora do PIPA Online 2012, também é perita crimina e usa a violência como temática das suas obras. As performances foram realizadas em diferentes locais na cidade de Belém e arredores, e são cânticos em homenagem às vítimas de abusos de poder; de comandos de extermínio; aos páreas sociais; aos homens e mulheres encarcerados; aos indivíduos torturados; às mentes que enlouquecem na indigência social, seja nas ruas ou nas mãos do Estado.

Para “Soledade” foram criados e amestrados 10 leitões para puxarem, protegidos por coletes acolchoados, uma biga construída especialmente para eles, que leva a performer em postura soberana, mas alheia ao caos. Já em “Ordinário”, Berna aparece recolhendo e transportando cerca de 40 ossadas de vítimas anônimas de homicídios na área metropolitana da capital. Tais restos mortais, de pessoas dadas como desaparecidas, geralmente são encontrados por agentes policiais em cemitérios clandestinos e levados para depósitos, diante da ausência de reclamação de exames de DNA. A coloração e a forma dos ossos podem indicar sexo, idade e tempo de falecimento da vítima. Para usar esse material, foi necessário um minucioso trabalho de limpeza e catalogação com a ajuda de um biólogo posto que, após a performance, as ossadas retornaram aos depósitos para permanecer por mais alguns anos antes de serem enterradas para sempre pela polícia.

A terceira performance inédita, “Americano”, foi filmada no Complexo Penitenciário de Americano, no município de Santa Izabel do Pará. Usando vestes esportivas masculinas, a artista mostra-se como um indivíduo andrógino a percorrer um local de confinamento e castigo carregando uma tocha. Elemento cheio de simbologia desde a Antiguidade, tochas estão relacionadas à purificação, iluminação do espírito, bravura e conhecimento. No século XX, estas tornaram-se símbolo Olímpico em referência às competições gregas que ocorriam sob a guarda de uma chama acesa no altar de Zeus. No entanto, na contemporaneidade, uma tocha com seu fogo ardente também pode remeter à memória de rebeliões e destruição, especialmente quando é associada a locais - como os lastimáveis presídios nacionais - onde se vivem situações-limite.

Dos trabalhos antigos, “Limite Zero”, discute a banalização da morte fazendo analogia com o procedimento do abate em série de animais, e posterior transporte das carcaças assépticas para o consumo humano. Já “Palomo”, filmado num amanhecer no centro da cidade, comenta o abuso de poder institucionalizado na nossa sociedade. Montada sobre um cavalo branco tingido com tintura vermelha apropriada, a performer aparece usando roupas negras e uma focinheira, objeto intimidante e que ao mesmo tempo refreia a voz e a violência do animal que a usa.

Já na exposição Turvações Estratigráficas o paulistano radicado em Fortaleza, Yuri Firmeza, apresenta uma grande instalação composta por vídeos, objetos e pinturas para tratar a relação da memória nos dias atuais. O artista toma para si objetos encontrados durante as obras do Museu, quando foram reformados os Edifícios D. João VI, e do Terminal Rodoviário Mariano Procópio, bem como os destroços oriundos das remoções efetuadas na região portuária do Rio de Janeiro fazendo um trabalho de arqueologia moderna.

São pentes, porcelanas, pedaços de madeira e outros objetos que fazem um contraste entre o que existia na região durante a construção dos edifícios e aquilo que foi deixado para trás na desapropriação recente de casas. Assim, Yuri torna-se legatário um material indócil, que leva a questionamentos sobre quais existências, ali inteiramente soterradas, continuam a pedir voz e passagem.

Sobrepondo os objetos, estará o vídeo que o artista fez da sua avó, portadora do mal de Alzheimer, que repete incessantemente algumas histórias de sua infância. A velha senhora e seu neto encontram uma razão singular de existir frente à inclemência do tempo. Por meio da fabulação, ambos recontam uma história da qual não participaram, mas que lhes pertence mais do que a ninguém. Com isso, o artista aborda a importância do processo de esquecimento como conforto a todas as pessoas.

Turvações Estratigráficas tem curadoria do Julio Groppa Aquino e vai dividir o andar térreo do MAR com a exposição Vazio de Nós, da paraense Berna Reale, que também inaugura no dia 3 de setembro. Ambos os primeiros artistas que fazem parte de um projeto do Museu de abrir espaço para novos artistas, que vivem fora do eixo Rio-São Paulo. As mostras ficam em cartaz até o dia 28 de novembro.

MAR – Museu de Arte do Rio, das 10h às 17h. Horário de visitação, aberto aos sábados, domingos e feriados.Fechado às segundas-feiras.Classificação etária Vazio de Nós 14 anos.Classificação etária Turvações Estratigráficas livre.

Ingressos:R$ 8 | R$ 4 (meia-entrada) |Meia-entrada: estudantes de escolas particulares (Ensino Fundamental e Médio) e universitários.O Museu é gratuito às terças-feiras para o público em geral.

De quarta a domingo, gratuidade para os seguintes grupos (todos precisam apresentar documentação comprovativa): .Alunos da rede pública de Ensino Médio e Fundamental |. Crianças com até 5 anos de idade |.Pessoas com mais de 60 anos |.Professores da rede pública |.Membros do ICOM e profissionais de museus |.Grupos em situação de vulnerabilidade social em visita educativa (mais informações pelo telefone abaixo).

.[Praça Mauá, 5 – Centro do Rio | Telefone: (21) 2203-1235. Mais informações: www.museudeartedorio.org.br].

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