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11/09/2013 - 11:11

Os mitos da inovação: aquisições e open source


Se eu pedisse para você citar um segmento onde sem nenhuma dúvida, a inovação domina e sempre gera ganhos, qual você diria que é? Acredito que o segmento de software seria citado como um dos primeiros, se não o primeiro, pois em poucas áreas ocorreu tanta inovação nos últimos dez anos. Mas e se eu dissesse que apenas pouco mais da metade das empresas de software no Brasil conseguem obter algum resultado significativo da inovação, seria surpreendente? Na verdade, não. Como sempre digo, a inovação não é apenas inspiração e criatividade. Inovação é uma atividade que depende de um conjunto de processos assim como qualquer outra.

E para comprovar isso, no último dia 03 de agosto saiu do forno uma pesquisa sobre “Inovação aberta na indústria de software”, comandada pelo Professor Dr. Paulo Henrique S. Bermejo, da Universidade Federal de Lavras. O que essa pesquisa com 596 empresas de diversos portes demonstra claramente é que as instituições que mais conseguem obter resultados com a inovação são aquelas que possuem altas taxas de estratégias de inovação organizacional, gestão de pessoas, comunicação, além de práticas e características de processos com foco em inovação.

Mas, o que podemos observar de mais interessante é que essa pesquisa confirma que dois grandes mitos foram detonados. Veja:

Aquisições: sabe aquele papo de “vamos comprar uma empresa ou tecnologia inovadora para impulsionar o nosso resultado com a inovação”? Pois é. Em geral, isto não funciona. O maior ponto fora da curva que observamos na pesquisa é justamente esse. As empresas de pior performance em termos de inovação são as que mais praticam a transferência de capital intelectual.

Esse efeito é fácil de entender. Frequentemente vemos no mercado empresas pequenas e geniais sendo compradas por empresas maiores. Mas afinal por que a empresa comprada era genial e inovadora? Por que tinha pessoas geniais? Sim, mas eu garanto: pessoas geniais existem em todo o lugar. Porém elas normalmente ficam apagadas por processos e estruturas antiquadas. E assim que o modelo de gestão da empresa compradora é propagado para a empresa genial recém-comprada, a genialidade rapidamente se dissipa no meio de políticas, regras, procedimentos, organogramas e aprovações dos diversos níveis da velha e boa bullshit corporativa.

Open Source: Os sistemas de código livre, ou Open Source, potencializam a inovação. Um detalhe que chamou muito a atenção na pesquisa é que as empresas com melhores níveis de inovação são as que possuem menor nível de uso de tecnologias Open Source, sendo o contrário verdadeiro: quanto menor o nível de resultados com a inovação, mais a empresa utiliza Open Source. Portanto, mais um mito totalmente detonado.

Particularmente nunca achei que o Open Source fosse salvar a humanidade. Sempre vi essa frente apenas como “mais uma opção”, mas nunca como a única ou a principal. Outras pesquisas como a da ABES - Associação Brasileira das Empresas de Software, mostram que apenas 4% do PIB de software no Brasil é impulsionado pelo Open Source. E como sempre, os comunas do governo apostando no cavalo errado.

Se você pretende comprar uma empresa ou tecnologia inovadora para impulsionar sua velha empresa, trate-a como uma unidade à parte dentro da organização, que não está sujeita às mesmas regras do restante. Se quer que a inovação aconteça, estude e implante processos que façam com que as ideias criativas ganhem foco e sejam valorizadas. Nada de errado em adotar soluções Open Source, mas não deposite nelas suas esperanças de conseguir inovação. A maioria consegue, no máximo, criar atalhos para chegar a alguma solução mais sólida.

. Por: Marcelo Lombardo, sócio fundador da NWG Tech e criador do Omie, software de gestão para micro e pequenas empresas.

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