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12/09/2013 - 11:36

Por que a caderneta de poupança atrai tantos poupadores?

A caderneta de poupança foi idealizada, no seu princípio, como uma reserva monetária para as camadas mais pobres da população, que serviria de ajuda nos momentos mais difíceis, inclusive como uma garantia para a velhice. Com a proteção do poder público, a poupança foi considerada um investimento seguro e garantido. Desde então, ela se tornou uma preferência nacional.

Para entender melhor sobre o tema, é interessante nos aprofundar melhor na origem desse tipo de investimento. A caderneta de poupança começou paralelamente ao início da atividade da Caixa Econômica Federal. Na ocasião, o Imperador D. Pedro II destacou: “A Caixa Econômica estabelecida na cidade do Rio de Janeiro (...) tem por fim receber, a juro de 6%, as pequenas economias das classes menos abastadas e de assegurar, sob garantia do Governo Imperial, a fiel restituição do que pertencer a cada contribuinte, quando este o reclamar (...)”.

Desde sua criação, tivemos vários dispositivos legais, que promoveram algum tipo de mudança no sistema. Mas a mais significativa foi em 1964, quando foi criada a correção monetária para tais depósitos. Dessa forma, além da remuneração anual de 6%, os valores depositados passaram a ser atualizados mensalmente pela correção monetária, conforme índices definidos pelo Banco Central.

Hoje, temos duas modalidades de caderneta de poupança: .Para os depósitos realizados até 03 de maio de 2012, a regra de remuneração é: Taxa de Referência mais 6,17% ao ano, independentemente do valor da SELIC;

. Para os depósitos realizados a partir de 04 de maio de 2012, foi estabelecido que, quando a SELIC estiver acima de 8,5% ao ano, a regra de remuneração permanece com a Taxa de Referência mais 6,17% ao ano e, quando a SELIC estiver em 8,5% ao ano ou abaixo, a caderneta de poupança passa a render a Taxa de Referência mais 70% da SELIC.

Analisando a rentabilidade real (descontando a inflação do período) oferecida pela caderneta de poupança (investimento de renda fixa), podemos constatar que, nos últimos três anos, ficou abaixo de 1% ao ano; em 2010 e 2011, 0,94% ao ano e, em 2012, apenas 0,6% ao ano, ou seja, praticamente apenas manteve o valor do dinheiro no tempo.

Então, quais são os motivos que fazem com que os brasileiros invistam tanto nesse tipo de investimento que, segundo o Banco Central, bateu recorde de captação de valores em julho de 2013 e no acumulado deste ano?

Em minha opinião, são três os principais fatores: a tradição do investimento, a comodidade e a falta de conhecimento, provinda da falta de Educação Financeira.

A caderneta de poupança é um investimento, como vimos acima, com mais de 150 anos de existência, da qual muitas gerações de brasileiros já utilizaram. Por ser um investimento tradicional, transmite segurança, apesar da baixa rentabilidade.

Na questão de comodidade, é fácil efetuar a aplicação, inclusive de pequenos valores. Não é necessário realizar qualquer tipo de pesquisa entre instituições financeiras para escolher qual remunera melhor esse investimento, pois a rentabilidade é exatamente igual em qualquer dos bancos existentes no mercado. Além do que, se o poupador precisar retirar o dinheiro da aplicação, rapidamente ele consegue fazê-lo, em qualquer caixa eletrônico, no próprio banco ou via internet.

Já na questão da falta de conhecimento, podemos constatar que existem várias aplicações no mercado financeiro que remuneram melhor, para horizontes de investimento acima de seis meses. Se o poupador tiver o médio e longo prazo a seu favor para dispor do dinheiro que possui para aplicar, com certeza, encontrará no CDB, Títulos do Tesouro, Fundos Imobiliários, Renda Variável e outros (mesmo possuindo taxas e impostos) uma melhor remuneração comparada com a caderneta, que é isenta de taxas e impostos.

Mas existe uma lacuna muito grande devido à falta de educação financeira no Brasil, pois a fatia da população que conhece esses investimentos ainda é muito pequena. Além do que, o brasileiro não tem o hábito de poupar para realizar sonhos a médio e longo prazo. O imediatismo, o consumo inconsciente e o excesso de dívidas canalizam os recursos financeiros para o presente, não deixando que se preparem para um futuro financeiro mais próspero.

Por isso, é fundamental que a Educação Financeira seja disseminada em nosso país, a começar pelas nossas escolas do Ensino Básico, capacitando os professores, habilitando as instituições e utilizando um material didático específico para cada faixa etária, a fim de construir, assim, uma nova geração de cidadãos conscientes e sustentáveis financeiramente.

. Por: Edward Claudio Jr, Educador Financeiro e Palestrante DSOP, diretor financeiro da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e Matemátic.

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