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19/09/2013 - 12:07

Febrava 2013: qualidade de fluidos refrigerantes desafia setor HVAC em escala global

Circulação de produtos adulterados põe em xeque o desempenho de equipamentos e a segurança de profissionais. Nos EUA, até em veículos militares foram detectados a contaminação do sistema de ar- condicionado por fluidos refrigerantes fora de especificações.

São Paulo – Uma leitura atenta do noticiário internacional do setor de refrigeração e condicionamento de ar dá a medida do avanço do comércio envolvendo fluidos refrigerantes sem garantia de origem. Dos Estados Unidos à Índia, da Austrália à China, da Sérvia ao Vietnã, do Brasil ao Canadá há dezenas de casos de acidentes, fraudes e apreensões associados a produtos do gênero.

Um dado recente divulgado pela imprensa especializada certamente ajuda a entender melhor a gravidade do problema: levantamento realizado pelo Exército dos Estados Unidos apontou que 25% dos veículos militares utilizados apresentavam fluidos refrigerantes com contaminações em seus sistemas de condicionamento de ar.

No Brasil, diferentes fontes do mercado confirmam que a circulação de fluidos refrigerantes de má qualidade tem preocupado mais a cada dia os fabricantes e usuários de sistemas de refrigeração e condicionamento de ar. “O que se assiste hoje no Brasil é uma verdadeira invasão de produtos, cuja origem é desconhecida”, alerta Amaral Gurgel, consultor, palestrante e profissional reconhecido na área.

O especialista, por sinal, atribui a esses produtos a ocorrência recente de graves acidentes, com vítimas fatais, dentro e fora do Brasil. “Isso sem contar o notório aumento dos casos em que usuários sofrem prejuízos com a apresentação de problemas em equipamentos, de diferentes modelos e aplicações”, acrescenta Gurgel. “Essas situações poderiam ser evitadas”, resume.

A empresa Maersk, por exemplo, marca que é gigante mundial do setor de transporte marítimo, sofreu com a explosão de 4 contêineres refrigerados de sua propriedade. Um desses casos aconteceu na cidade brasileira de Itajaí (SC), conhecida pela atividade portuária, onde um profissional veio a falecer; dois outros ocorreram no Vietnã – com a consequência de duas mortes – e o último na China, este com danos materiais significativos.

A Carrier Transicold e a Daikin - fabricantes dos equipamentos que explodiram - afirmaram ter detectado a presença de R-40 nos destroços que passaram por perícia.

“Esse composto, também conhecido por cloreto de metila ou cloro metano, é considerado altamente inflamável e tóxico pela norma ASHRAE”, adverte Amaral Gurgel. “A vida não vale o preço da irresponsabilidade”, acrescenta. O R-40 consiste em um produto utilizado como fluido refrigerante no passado, mas que foi descontinuado pela indústria justamente por apresentar riscos à segurança.

Gurgel explica que a aplicação de produtos adulterados ocorre no momento da instalação ou da manutenção de equipamentos e sistemas de refrigeração e condicionamento de ar. Ambas situações demandam procedimentos de carga, recarga ou substituição de fluidos refrigerantes. “Seduzidos pela oferta de fluidos vendidos a preços inferiores, e a expectativa de lucro fácil, muitos de nossos colegas instaladores e mecânicos adquirem produtos sem procedência reconhecida, sujeitando seus clientes e a eles próprios a riscos de morte”, alerta Gurgel.

O uso indiscriminado do R-40, segundo palavras do consultor, “não encontra limites nem fronteiras”. No Afeganistão o mesmo composto é apontado como principal contaminante identificado nos sistemas de condicionamento de ar de veículos militares. De acordo com agências internacionais, o R-40 teria sido aplicado nos veículos como sendo R-134a, produto que, de fato, constitui em um dos mais usados no mundo pela indústria automobilística. Essa fraude foi atestada, inclusive, em perícia técnica realizada pela Sociedade Internacional dos Engenheiros Automotivos (SAE).

Já na Austrália, autoridades flagraram, igualmente, a presença de cloreto de metila em cilindros identificados como se fossem embalagens de R-134a. Ainda no país, a empresa Heatcraft promoveu um massivo recall de um equipamento de sua linha, dentro do qual foram identificadas misturas de R-142b e R-40, em vez de fluido R-134a puro.

Diante da constatação de fraudes similares às que foram verificadas na Austrália e no Afeganistão, a província de Manitoba, no Canadá, intensificou a fiscalização e aumentou o rigor em torno da rotulagem de fluidos refrigerantes, segundo informou a agência ACR News.

Em Bangcoc, na Índia, o comércio ilegal também já mobilizou indústrias e entidades setoriais. Uma reunião extraordinária, com vistas à definição de estratégias de combate a fraudes, aconteceu recentemente. Na Sérvia e no Quênia, por sua vez, autoridades aduaneiras realizaram apreensões de cilindros adulterados, contendo misturas de compostos como R-12 e R-22 em lugar do R-134a.

Nos Estados Unidos, um dos maiores mercados mundiais de fluidos refrigerantes, a mídia reverberou com força a suspeita que recai sobre uma das principais companhias de distribuição de pescados e frutos do mar: American Sea Foods. O grupo está sendo investigado, acusado de delito ambiental pela importação ilegal de 70 mil kg de R-22, supostamente para aplicações em seus sistemas de refrigeração.

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