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21/09/2013 - 10:29

Apertem os cintos: desafios da aviação civil e impactos para os passageiros

Nos últimos anos, as regulamentações governamentais, a incerteza econômica, os desastres naturais, os avanços tecnológicos e as mudanças na base de consumidores e suas preferências diminuíram as margens operacionais das companhias aéreas. Com a crise de 2008 e 2009, as empresas tiveram de buscar mudanças estruturais, reavaliar suas frotas e criar medidas de contenção de custo e melhoria de eficiência.

Apesar desse cenário recente, as companhias aéreas e o mercado no Brasil mantêm suas expectativas de crescimento previstas para os próximos anos. Isso se deve, principalmente, pelo desenvolvimento da classe média brasileira, que vem utilizando cada vez mais o transporte aéreo. Soma-se a isso, a realização de mega eventos como a Copa do Mundo de futebol e os Jogos Olímpicos que estão acelerando as obras de infraestrutura que reduzirão alguns gargalos operacionais. A expectativa dos fabricantes de aeronaves é que o mercado da aviação civil dobre em 20 anos. Expandindo um pouco as fronteiras, a previsão é de que na América Latina a frota sairá de pouco mais de 1.200 aeronaves para mais de 3.700 aparelhos até 2032.

Mas isso não quer dizer que as companhias não tenham grandes desafios. Os efeitos da variação cambial e do preço do combustível, por exemplo, são itens que impactam diretamente nos custos de uma empresa, mas que os gestores não têm controle e não conseguem prever com exatidão. Além deles, outros fatores que muitas vezes não podem ser controlados pelas companhias, tais como, mudança de portão de embarque, problemas com despacho de malas e até mesmo atraso nos voos, geram danos à imagem que podem se traduzir em prejuízos financeiros.

Outro desafio das empresas de aviação é o planejamento para aquisição de frota, visto o prazo de entrega de aeronave normalmente ocorre no período de mais de três anos a partir do contrato firmado. Dessa forma a previsão da economia, bem como do setor de aviação, são variáveis complexas que devem sem consideradas. Porém, esse é um risco necessário já que aeronaves mais modernas oferecem maior competitividade, pois são mais eficientes em relação ao consumo de combustível.

Em virtude dessas características, é importante que as empresas estejam inseridas em um ambiente de estabilidade jurídica e tributárias, o que possibilita um planejamento visando o desenvolvimento. Mudanças nos incentivos e determinações dos reguladores devem prever um tempo adequado para as companhias se adaptarem às novas exigências.

Além disso, no Brasil as companhias ainda têm que lidar com problemas de infraestrutura, não somente referente a aeroportos, mas também em relação ao controle de espaço aéreo. Esses itens geram diversas restrições referente à malha, o que dificulta o desenvolvimento da estratégia de crescimento das empresas. Outros efeitos são a geração de custos referentes à mão de obra (adicionais à tripulação), o tempo de espera em solo, a necessidade de outras equipes para atender a demanda de mudança de horários, além de possíveis contingências referentes ao atendimento aos passageiros.

Como consequência, atualmente temos uma mudança na forma de cobrança das passagens. Observamos uma tendência das companhias oferecerem diversas opções em um mesmo voo, entre elas, um maior espaço entre as cadeiras, ter o assento ao seu lado livre e venda de alimentos e bebidas durante o trecho. Porém, toda essa regalia gera um custo a mais para o passageiro.

A realidade é que a relação entre empresas e os consumidores tem mudado a cada dia. As expectativas a médio e longo prazos são de crescimento para o setor e devemos ter, nas próximas duas décadas, uma demanda considerável por novos voos regionais e, consequentemente, aumento da frota de aviões comerciais. Já com relação à infraestrutura, ainda há muito a ser feito para que nossos aeroportos estejam preparados para toda essa demanda. Por isso, as companhias devem se concentrar na melhoria da visibilidade e gestão da cadeia de suprimentos, na administração de custos e na criação de novas oportunidades de mercado para o crescimento, a fim de permanecerem lucrativas e repassar o mínimo de impacto aos passageiros.

. Por: Marcelo Gonçalves, sócio da área de Auditoria da KPMG no Brasil.

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