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08/10/2013 - 08:12

Aço latino-americano: líderes preocupados com a falta de um projeto de industrialização

E com a dependência da economia regional nas commodities.

Alacero – São Paulo, Brasil - Entre 06 08 de outubro de 2013 (domingo a terça-feira), é realizado em São Paulo, Brasil, o Congresso worldsteel -47, com os mais notáveis representantes da indústria do aço no mundo. Um dos seus painéis, dedicado à América Latina, participaram Benjamin Baptista Filho, presidente da Alacero; André Gerdau Johannpetter e Daniel Novegil, diretor.

Benjamin Baptista abriu o painel mostrando preocupação com a forte dependência da economia latino-americana nas exportações de matérias-primas, cujas consequências negativas são visíveis quando os preços destas caem; um fenômeno que é observado após a desaceleração da demanda chinesa. Em suas palavras, “isso poderia significar o fim dos anos dourados para América Latina”. Portanto, “o desenvolvimento do setor industrial é o caminho para acabar com a dependência da região nas matérias-primas”, disse então.

Sobre o aço, Benjamin Baptista disse que, ante a sobrecapacidade instalada global, a capacidade da região está controlada e inclusive tem sido mantida sem crescimento desde 2010 devido ao aumento da importação, o qual em alguns países tem sido um verdadeiro “tsunami”.

O que mais preocupa é que o aumento das importações está dissociado do crescimento da demanda local. “A situação é preocupante. As importações abastecem 28% da demanda local de aço, disto um quarto vem da China. Muitos produtos vêm para a América Latina em práticas comerciais desleais e complicam a posição competitiva dos produtores locais”. Em 2013, a demanda vai crescer apenas 1,5%, bem abaixo dos 4 % previstos em abril.

Daniel Novegil, pelo seu lado, tratou o processo desindustrializador que tem marcado a história da América Latina nesta última década e seu impacto sobre as economias da região. “Em comparação com outras economias, como Coreia do Sul ou China, onde o setor manufatureiro representa 30% do PIB, em América Latina isto representa apenas 15% do PIB da região.” (Valores para o ano 2012).

“Entre 2005 e 2012, as exportações de produtos metal-mecânicos da América Latina para a China permaneceu estável em perto de 4 mil milhões de dólares. No entanto, as importações da China para a região multiplicou-se em 3,5 vezes, passando de 21 mil milhões de dólares para 86 mil milhões de dólares. Ao rever as importações de aço, o valor é ainda mais acentuado. As importações cresceram 17 vezes entre 2005 e 2012”, mostrou Novegil.

Em sua apresentação destacou o papel do investimento como o motor do progresso em infraestrutura e a formação de uma base industrial na qual as sociedades possam prosperar e se desenvolver. Novegil comparou o crescimento do investimento na América Latina durante a última década como o caso de outras economias. Entre 2000 e 2012 em China a formação bruta de capital (investimento na construção e de bens duráveis de produção) aumentou de 35% para 48,4% do PIB. Na Coréia do Sul manteve-se estável em 30%, enquanto na América Latina, nos últimos 10 anos, nunca excederam os níveis entre 20% e 22%.

André Gerdau referiu-se especificamente aos desafios enfrentados pelo Brasil, país anfitrião da reunião e o maior produtor de aço da América Latina. Entre estes se destacou a carga tributária. “Se fossem considerados os custos de produção de laminados no Brasil antes de impostos, o país é mais competitivo do que Rússia, Alemanha, Estados Unidos, Turquia e até mesmo China. No entanto, quando os impostos relacionados com à exportação são considerados, o custo do Brasil aumenta em 54% e a competitividade do país fica detrás de todos os outros”, explicou o executivo. Também observou como ameaças a taxa de câmbio, as taxas de juros e os altos custos da energia e transporte devido à falta de infraestrutura.

Os palestrantes compartilharam as mesmas conclusões: Um claro processo de desindustrialização afeta a região há vários anos e é preciso revertê-lo. No curto e médio prazo, o excesso de capacidade global, especialmente na China, está gerando déficits que são recordes históricos para o comércio direto e indireto de aço. Os baixos níveis de investimento podem ser uma ameaça. As boas perspectivas estão ligadas ao potencial de crescimento demográfico e econômico. O baixo consumo per capita de aço é tanto uma consequência do acima exposto como uma oportunidade para a região.

“A indústria do aço superou situações ainda mais difíceis no passado, e tenho certeza de que vamos atravessar as atuais e vamos sair preparados para um futuro melhor. América Latina tem um grande potencial”- concluiu Benjamin Baptista.

Perfil- Alacero (Asociación Latinoamericana del Acero) – É uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne a cadeia de valor do aço da América Latina para fomentar os valores de integração regional, inovação tecnológica, excelência em recursos humanos, responsabilidade empresarial e sustentabilidade sócioambiental. Fundada em 1959, é formada por 47 empresas de 25 países, cuja produção é de aproximadamente 70 milhões anuais- representando 95% do aço fabricado na América Latina. Alacero é reconhecida como Organismo Consultor Especial para as Nações Unidas e como Organismo Internacional Não Governamental por parte do Governo da República do Chile, país sede da Secretaria Geral.

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