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23/11/2007 - 11:30

China busca crescimento sustentável

A China é o país de maior destaque no mundo pelo que já realizou no passado recente e pelo que será no futuro. O país tem um desempenho econômico invejável, uma média de 9,8 % ao ano no período de 1980 a 2006, enquanto no mesmo período, o Brasil conquistou uma média da taxa de crescimento de 2,5%. Mas o interesse mundial sobre esse país não é só das realizações passadas. Projeções apontam que a China será a primeira potência econômica mundial em meados deste século.

A aceleração do desempenho econômico chinês se dá a partir da reforma implementada pelo presidente Deng Xiaoping, em 1979, que reorientou a política da China. Durante a orientação de Mao Tse-Tung, o governo de Pequim planejava o seu crescimento olhando para dentro, mas Deng inverteu o foco da política econômica, criando as Zonas Econômicas Especiais (ZEE) no litoral do país com incentivos para iniciativa privada e investimentos estrangeiros. O resultado dessa nova política pode se ver refletido na taxa de crescimento da economia chinesa desde então.

No entanto, o sucesso econômico da China tem também criado problemas internos que precisam sem enfrentados como a desigualdade social, corrupção e problemas de meio ambiente, dentre outros. Estima-se que desde a reforma econômica de 1979 até o momento, mais de 400 milhões de pessoas saíram da miséria, mas a diferença entre pobres e ricos também está ampliando no país. Essa desigualdade gera tensões sociais que precisam ser enfrentadas antes que se torne um elemento de instabilidade política e comprometa o seu desempenho.

A corrupção é um outro tema importante a ser enfrentado. De acordo com dados recentes, em 2007 foram registrados pelo governo mais de 4 mil casos, dos quais 94%, envolvem servidores públicos. A corrupção é um problema não só porque pode encarecer a produção, mas também comprometer a qualidade, conforme os recall de brinquedos e outros produtos demonstraram este ano. E não menos importante é o tema do meio ambiente, pois estima-se que mais de 50% dos rios chineses estão poluídos e o ar praticamente irrespirável. O governo está preocupado não só com o comprometimento da saúde da população chinesa, mas também com a imagem internacional da nação. As Olimpíadas em 2008 serão realizadas em Pequim e será difícil esconder a real situação do país, com a cobertura do evento pela imprensa internacional.

O Presidente chinês, Hu Jintao, declarou que planeja quadruplicar o Produto Interno Bruto médio per capita nos próximos 12 anos. No entanto, a sustentabilidade desse crescimento estará comprometida se não forem adotadas medidas para contornar os problemas presentes no país, com os mencionados acima. E para isso, um item importante será o resultado do congresso do Partido Comunista da China (PCC) - partido do governo desde 1949, quando Mao Tse-Tung proclamou a República Popular da China - que se realiza esta semana.

A cada cinco anos realiza-se essa reunião com mais de 2 mil delegados e, apesar de concretamente serem poucas as decisões tomadas na Assembléia, o evento é importante por oficializar decisões sobre a condição da China. O poder é exercido de fato pelo Politburo - órgão político do PCC –, composto de 24 membros eleitos pelo Comitê Central do partido. E, dentro desse órgão que controla o Comitê Militar, o Congresso Nacional do Povo (o Parlamento) e o Conselho de Estado (o braço administrativo do governo), há o Comitê Permanente composto de nove membros, que são os principais tomadores de decisão para o país.

Por isso, Hu Jintao tem como objetivo pessoal ampliar o número de aliados nesse órgão, para se fortalecer politicamente e ganhar maior independência de seu antecessor: o ex-presidente Jiang Zemin. A razão desse esforço é que o ex presidente Zemin não tem demonstrado interesse em reduzir sua influência política e, analisando os membros do Politburo, percebe-se que a maioria ainda mantém laços de fidelidade a ele. Essa situação pode ser um dos fatores que contribui para que presidente Jintao não tenha conseguido desenvolver de maneira mais intensa seus planos, como por exemplo, o combate à corrupção, dar maior atenção ao desenvolvimento do interior do país, combate aos danos do meio ambiente, conforme reconheceu em seu discurso de abertura do 17o Congresso.

Portanto, os resultados e decisões do Congresso do PCC são importantes e devem ser acompanhados. Eles deverão influenciar tanto a vida dos cidadãos chineses como a da comunidade internacional.

. Por: Alexandre Ratsuo Uehara, Professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco. Presidente da Associação Brasileira de Estudos Japoneses (ABEJ).

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