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24/11/2007 - 10:34

O Petróleo tornará o Brasil uma nova potência global?, pelo economista Alexandre Leite

A história do petróleo no Brasil tem início com a criação da Petrobras em 1953 no segundo Governo de Getúlio Vargas. É inegável que a Petrobras teve contribuição indispensável para que a exploração do óleo transformasse em fator representativo para a economia brasileira. Até então, o país ocupava o 16º lugar no ranking da extração de petróleo; bem, esta posição deve-se alterar devido à divulgação na semana passada da descoberta de petróleo de boa qualidade na Bacia de Santos - o Campo de Tupi.

Segundo a estimativa da Petrobras, o Campo de Tupi deverá render ao Brasil uma reserva de cinco a oito bilhões de barris de petróleo de boa qualidade. Esta elevação das reservas nacionais fará com que o Brasil, segundo as palavras da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, torne-se uma nação exportadora de petróleo no futuro próximo.

Interessante como de uma hora para outra, ou devido à ocorrência de um fato desta magnitude, trazem de volta ao país àquela noção de civismo e nacionalismo tão repudiada por diversos interlocutores dos últimos governos, incluindo o atual. No discurso da ministra, que, diga-se de passagem, têm sido uma das poucas vozes coerentes dentro do atual staff governamental, termos tidos como antigos, tais como: soberania nacional, interesse nacional e bem geral da população brasileira voltam a toda carga para passar à população uma impressão de que tal descoberta trará ganhos inimagináveis para o conjunto da sociedade brasileira.

Bem, frente a problemas estratégicos (evitei o uso do verbete erro para não ser tão duro com o governo atual) ocorridos com o fornecimento do gás natural, pronunciado como "salvação da lavoura" há poucos anos atrás, a notícia da descoberta soa a nossos ouvidos como uma benção. Mas daí a transformar-se em benefícios a serem distribuídos para o conjunto da população... há um longo caminho pela frente!

Segundo reportagem publicada na The Economist, que ironicamente ou seriamente, vai saber? ...; insinua-se que Deus seja mesmo brasileiro, pois o volume de recursos naturais existentes no Brasil é digno de serem classificados como dádiva.

Mas o interessante a ser colocada para reflexão do leitor é que, mesmo com todos os deslizes, segundo meu juízo, da diplomacia brasileira no que tange às relações externas com Bolívia e Venezuela, a descoberta de petróleo no Campo de Tupi, poderá gerar uma alteração na balança de poder na América Latina. Não tenho a coragem nem mesmo a intenção de dizer que o Brasil tornar-se-á um novo potential global player, mas que certamente sua posição na mesa de decisões será alterada, disso não tenho dúvidas.

A possibilidade do Brasil - que até esta data não apresentou um pedido formal - fazer parte da OPEP, caso sejam confirmadas todas as estimativas da Petrobrás e caso o Brasil torne-se um exportador líquido de petróleo (fato que apenas deve se confirmar dentro de um prazo mínimo de cinco ou seis anos), deixará o Brasil em boas condições de negociação frente a um elevado grupo de países que são compradores efetivos do óleo. Resta saber se o Brasil saberá aproveitar com inteligência a oportunidade.

Enfim, resta-nos aguardar os próximos capítulos decorrentes da nova descoberta da Petrobrás para que possamos com mais eficiência e mais certificação, pensarmos nas alternativas para o futuro. Entretanto respondo, ainda não somos potência. Não temos nem mesmo cacoete de potência. E nosso governo e muito menos sua diplomacia internacional está preparada para ser potência. Nossa conduta frente às ocorrências na América Latina demonstra claramente isto.

. Alexandre Leite é Economista, Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Diretor da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Centro Universitário UNA. Professos dos cursos de Economia e Administração de Empresas da UNA e professor do curso de Relações Internacionais do UNI-BH. | Por: Cofecon

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