Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

24/11/2007 - 11:21

Droga, inimiga da carreira


Em agosto último, o palco do Teatro CIEE foi cenário de um evento que comemorou um marco importante na história da parceria do CIEE com a Secretaria Nacional Andidrogas: o 50º seminário da campanha nacional de prevenção ao uso de substâncias tóxicas nas escolas superiores, que inclui ações como seminários, distribuição de folhetos explicativos e realização de concursos de monografias. Há sete anos, o CIEE atende a convite de universidades para promover, palestras nos campi com especialistas no tema e, para dimensionar o interesse que o assunto desperta entre os alunos e professores, já contabiliza um total de 13 mil presenças nas platéias que a campanha atraiu.

Muitos poderão achar que essa iniciativa do CIEE, embora meritória do ponto de vista humano e social, pouco tem a ver com sua missão principal, que é propiciar a inclusão do estudante no mercado de trabalho. Mas essa é uma impressão equivocada. Primeiro porque, além de inserir o jovem no mundo corporativo, o CIEE vem se dedicando há várias décadas a suprir as deficiências do ensino regular e, assim, contribuir para sua formação integral, como profissional e como cidadão – com isso, pretende que o jovem, que por seu intermédio teve acesso ao mundo do trabalho, nele permaneça e protagonize uma carreira de sucesso.

Aqui, o leitor poderá estar se perguntando: mas o que as drogas têm a ver com o sucesso na carreira ou com a capacitação profissional dos futuros talentos? Ao deitar um olhar mais atento na realidade corporativa atual, não levará muito tempo para se perceber o dano que o consumo de drogas, lícitas ou não, causam, tanto nas finanças da empresa como na possibilidade de ascensão do profissional.

No Brasil, existem poucos estudos sobre esses prejuízos, mas uma edição da revista Problemas Brasileiros do ano passado trouxe informações impressionantes. Nos Estados Unidos, os efeitos das drogas nos funcionários resultam em custos diretos ou indiretos de 100 bilhões de dólares/ano para as empresas, somando-se atrasos, faltas, acidentes, gastos com cuidados médicos, etc. O pior dado são as estatísticas do governo norte-americano, dando conta de que 40% das mortes e 47% das lesões que correm nas indústrias estão ligadas de alguma maneira ao consumo de álcool ou drogas ilícitas, como maconha, cocaína e heroína.

Diz ainda a revista que órgãos especializados detectaram, que ao contrário do que se supunha, a maioria dos usuários de drogas está ocupada no mercado formal de trabalho e utilizam tais substâncias durante a jornada, o que leva um número crescente de organizações a realizarem programas preventivos voltados a esse público. No Brasil, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) é autora de uma das poucas pesquisas nesse campo. Num estudo que abrange 107 cidades, o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) constatou que mais de 11% dos entrevistados eram dependentes de álcool, seguido pelo tabaco, maconha e cocaína.

Empresas mais modernas e socialmente responsáveis decidiram deixar de lado um confortável “não é problema nosso” e atuar ativamente para reduzir o problema em seu quadro funcional, criando problemas específicos, encaminhando para tratamento médico e adotando outras medidas assertivas. Cautelosamente, os gestores de RH afirmam, quase sem exceção, que a dependência de drogas, por si só, geralmente não leva à demissão do funcionário, mas não negam que, quando efeitos impactam o desempenho profissional a um ponto intolerável, não resta outra saída, a não ser o caminho da rua. Mas no outro lado da moeda há uma boa notícia: programas contra o consumo de drogas obtêm resultados interessantes, na casa dos 60/70% de sucesso entre os casos tratados --, incluído, aqui, o abandono do tabaco, que também reduz a produtividade por causa das horas paradas no fumódromo e das faltas ou atrasos provocadas por doenças causadas pelo cigarro. O tema drogas está, gradativamente, ampliando sua presença nas grandes preocupações corporativas, tanto que algumas ofertas de emprego já registram, entre os pré-requisitos do eventual candidato a contratação, a preferência por não fumantes.

O cenário traçado, em linhas gerais, nos três parágrafos anteriores fundamenta as já citadas razões que levam o CIEE a se empenhar fortemente no combate ao vício entre os estudantes, que constituem o precioso capital humano a ser preservado para que, no futuro, o País possa contar com esse importante recurso para avançar na conquista do sonhado desenvolvimento sustentado, impossível de atingir sem cidadãos éticos e de qualidade. Além do mais, não é possível assistir, de braços cruzados, a um número cada vez maior de nossos estudantes mergulharem no mundo sombrio das drogas, porque ninguém os alertou de que o vício só pode conduzir ao fracasso do estágio, da carreira e, por não dizer?, da própria vida.

. Por: Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da Fiesp.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira