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23/10/2013 - 16:17

O Marxismo

O Marxismo é uma doutrina filosófica, econômica e sócio-política desenvolvida por Marx e Engels em meados do século XIX. O Marxismo tem como base a crítica-superação (crítica que mantém partes do objeto criticado, superando-o) do pensamento materialista de Feuerbach, utilizando como ferramenta o método dialético de Hegel. Os fundadores do marxismo encontraram no materialismo histórico e dialético uma forma para entender e justificar a evolução histórica da humanidade. Para eles as transformações sociais ocorridas ao longo da história seguiam uma lógica científica alimentada pelos conflitos de classes ocorridos entre exploradores e explorados.

Quanto ao conceito de materialismo histórico e materialismo dialético, dizia Stálin: “O materialismo dialético é a concepção filosófica do Partido marxista-leninista. Chama-se materialismo dialético porque o seu modo de abordar os fenômenos da natureza, seu método de estudar esses fenômenos e de concebê-los, é dialético, e sua interpretação dos fenômenos da natureza, seu modo de focalizá-los, sua teoria, é materialista. O materialismo histórico é a aplicação dos princípios do materialismo dialético ao estudo da vida social, aos fenômenos da vida da sociedade, ao estudo desta e de sua história” (Sobre o Materialismo Histórico e o Materialismo Dialético).

O caráter científico reivindicado pelo pensamento marxista previa que o socialismo e o comunismo seriam o término de um processo evolutivo da humanidade, conseqüências necessárias da marcha dialética da história, que constrói a si mesma por meio das contradições. Embora dissesse que a história segue uma linha científica, a teoria marxista não era fatalista, isto é, ela requeria que o proletariado se organizasse politicamente, começando por tomar consciência de classe. Como diz Bukharin: “O socialismo se realizará inevitavelmente, porque os homens, as diversas classes da sociedade humana agirão infalivelmente de maneira a realizá-lo, e em condições que determinarão sua vitória. O marxismo não nega a vontade, ele a explica” (A Teoria do Materialismo Histórico).

Para Marx, a economia da época (produção capitalista baseada na propriedade privada) constituía a infraestrutura sobre a qual se apoiava as superestruturas, social (divisão da sociedade em classes), política (existência do Estado burguês), filosófica (filosofia moderna) e religiosa (religiões que promovem um escapismo para o além).

As superestruturas da sociedade capitalista foram construídas para garantir a infraestrutura econômica e a dominação da burguesia sobre o proletariado. Para manter o Status-Quo, foram necessários erguer um Estado com todas suas forças de repressão, elaborar uma filosofia que justificasse esta ordem e uma religião que anestesiasse a revolta popular. A ação para destruir o edifício montado pela sociedade capitalista, no entanto, deveria começar de cima. Isto é, começa-se por combater a religião, depois o sistema filosófico, a ordem político-institucional, a classe burguesa e por fim o sistema capitalista de produção.

Quanto à religião, Marx afirmava: “a miséria religiosa é, por um lado, a expressão da miséria real e, por outro, o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, a consciência de um mundo sem coração, assim como ela é o espírito de uma situação sem espírito. É o ópio do povo e a crítica a religião é a condição de todo a crítica” (Contribuição à Crítica da Filosofia de Hegel).

A crítica ao Estado burguês tinha como base a ideia de que o Estado é a alienação da sociedade civil, é uma parte da sociedade que se separa e se coloca por cima dessa mesma sociedade. A alienação política é a cisão entre vida civil e vida política. Isto deveria ser eliminado, construindo-se uma unidade.

Perfil do Estado, dizia Engels: “o Estado não existe desde toda a eternidade. Houve sociedades que passaram muito bem sem ele, que não tiveram nenhuma noção do Estado e da autoridade do Estado. Em certo estágio do desenvolvimento econômico, necessariamente unido à cisão da sociedade em classes, esta cisão fez do Estado uma necessidade. Agora nos aproximamos a passos de gigante de um grau de evolução da produção em que não só deixou de ser uma necessidade a existência dessas classes, mas também chega ela a ser um obstáculo para a produção. As classes desaparecerão tão facilmente como surgiram. A sociedade, que organizará de novo a produção sobre as bases de uma associação livre e igualitária dos produtores, enviará toda a máquina do Estado para aquele lugar que, a partir de então, lhe será adequado: o museu de antiguidades, junto com a roda de fiar e o machado de bronze” (A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado).

A teoria marxista era profundamente revolucionária, pois buscava transformar totalmente a ordem vigente. Marx dizia: “os filósofos não fizeram mais do que interpretar de diversos modos o mundo, enquanto do que se trata é de transformá-lo” (11ª tese sobre Feuerbach). A idéia seria a de construir uma filosofia que fosse a realização de uma nova totalidade, de um mundo novo, dado que, segundo Marx, não pode haver uma verdade objetiva que deva ser conhecida, mas a verdade está no final do processo: a verdade se faz na prática.

A teoria marxista, apesar de atenta ao sofrimento do proletariado, não era uma teoria que se ocupava de socorrer os sofredores. Não se tratava de aliviar o sofrimento do povo, mas de produzir a luta entre miséria e riqueza, da qual surgisse, por síntese dialética, um estágio superior da humanidade. Marx e Engels inclusive chegaram a elogiar a burguesia quando afirmaram no Manifesto do Partido Comunista: “A burguesia teve na história um papel sumamente revolucionário. Só a burguesia demonstrou que coisas a atividade humana pode realizar. Ela fez coisas muito mais maravilhosas que as pirâmides do Egito, os aquedutos romanos ou as catedrais góticas”.

Quanto à teoria econômica, Marx e Engels criticavam os economistas liberais, sobretudo Adam Smith e David Ricardo, mas assumiram o conceito de mais-valia do primeiro e a teoria do valor-trabalho do segundo. Na teoria da mais-valia, que mostrava como o capitalista se apropriava de parte do valor gerado pelo esforço do trabalhador, Marx encontrou uma forma de explicar como o capital tende a acumular-se e a força-trabalho a expandir-se. No seu livro mais famoso, ele dizia: “enquanto diminui progressivamente o número de magnatas capitalistas que usurpam e monopolizam este processo de transformação, cresce a massa explorada, mas cresce também a rebeldia da classe trabalhadora, cada vez mais numerosa e mais disciplinada, mais unida e mais organizada pelo mecanismo do próprio processo capitalista de produção. O monopólio do capital converte-se em grilhão do regime de produção que cresceu com ele e sob ele. A centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho chegam a um ponto em que se tornam incompatíveis com seu envoltório capitalista. Este então cai aos pedaços. Soou a hora final da propriedade capitalista. Os expropriadores são expropriados” (O Capital).

O ideário marxista serviu de base para os programas de diversos partidos políticos comunistas em várias partes do mundo. Na Rússia, depois da Revolução de 1917, buscou-se implantar estes ideais. O sucesso ou não destas tentativas de implantação das ideias de Marx no campo político merecem ser discutidas em outra ocasião.

. Por: Alcides Leite, economista e professor da Trevisan Escola de Negócios.

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