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24/10/2013 - 10:04

“Contabilidade Criativa” eleva risco da Petrobras

A gestão da Petrobras vem sendo continuamente criticada pelas manobras contábeis a serviço da geração de resultados positivos que demonstrem melhora de performance. Talvez a mais grave delas tenha sido o “não reconhecimento” da variação cambial no pagamento das importações, utilizando-se a prerrogativa da aplicação da regra do Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC-38), o que permitiu prorrogar em até sete anos a minidesvalorização do real frente ao dólar. Com isso, prejuízo tranformou-se em lucro, possibilitando o pagamento dos dividendos, inclusive auxiliando o fortalecimento de caixa do governo.

A contínua manobra do Governo na utilização da estatal para minimizar os problemas econômicos está minando o caixa da empresa e prejudicando suas estratégias de investimento futuro. Veja o exemplo da participação no Consórcio para exploração de Libra, o único grupo participante no leilão, formado pela Petrobras (que terá 40% do campo), as chinesas CNPC e CNOOC (20%), Shell (20%) e Total (20%). Os investimentos, em torno de R$ 6 bilhões, ficarão a cargo da estatal brasileira. O mercado acredita que há disponibilidade de caixa para isso, mas não descarta a possibilidade de que a companhia tenha que financiar parte do valor ou recorrer à participante chinesa, que anteciparia recursos de compras futuras de combustível.

O crescimento da dívida da Petrobras no primeiro semestre de 2013, em torno de US$ 16,3 bilhões e o aumento da necessidade de incremento de caixa para os próximos anos demonstram que a situação econômica poderá piorar. Principalmente em virtude da possibilidade de alta dos juros com o impacto do rebaixamento da nota da companhia pelas agências de análise de risco. De acordo com a Moody´s, a relação de dívida total x Ebitda está em torno de 3,8 vezes, o que indica que a estatal precisará de aproximadamente quatro anos para cobrir os financiamentos, considerando somente o resultado antes dos impostos, juros e depreciações. É um prazo alto e coloca a empresa em uma situação difícil.

Apesar de a nota ter sido rebaixada de A3 para Baa1, ainda está dentro da escala de investimento. Entretanto, é preciso estar atento ao risco de um novo rebaixamento.

As agências de risco foram duramente criticadas no passado em virtude dos problemas ocasionados pela bolha imobiliária nos Estados Unidos. Ainda assim, continuam a ser um parâmetro valorizado pelos grandes financiadores como uma ferramenta na análise do grau de risco.

O problema das agências no apontamento das dificuldades financeiras da empresa não é segredo. Tem sido percebido ao longo do tempo nas manobras do governo na aplicação da “Contabilidade Criativa” para fechamento de suas contas em 2012 e na aplicação pela Petrobras da “Contabilidade de Hedge”. A interferência é clara e, próximo às eleições, essa situação poderá ser mascarada e criar ainda mais problemas gerenciais para a empresa.

. Por: Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina.

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