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29/10/2013 - 07:56

Uma conta que precisa fechar: empresários, especialistas e acadêmicos debatem em conferência o futuro da saúde privada no Brasil

A pressão da inflação médica, de fatores demográficos, etários e ambientais, bem como da incorporação acrítica de inovações tecnológicas e da judicialização da relação entre consumidores e empresas estão, atualmente, entre as maiores preocupações dos dirigentes do setor de saúde privada. Estes temas suscitaram grandes debates durante a 6ª Conferência Brasileira de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (Conseguro), este ano com o mote ‘A Visão do Mercado Segurador em 2025’. O evento, promovido pela CNseg, reuniu especialistas do setor de Seguros e das mais diversas áreas, como economistas, ambientalistas e acadêmicos, nos últimos dias 22 e 23, no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília.

A incorporação tecnológica sem uma criteriosa avaliação da relação custo-efetividade, segundo dirigentes do setor, pode causar impactos financeiros importantes e refletir no próprio consumidor. “A sociedade não gosta de aumento de custos nem gosta de aumento de preços. As operadoras também não gostam, porque, a cada aumento acima da inflação, o mercado pode se estreitar. Mas é preciso redistribuir os custos que a própria sociedade, ou seus representantes, decidiu incluir no sistema de saúde”, observou Marcio Serôa de Araujo Coriolano, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e da Bradesco Saúde, em sua palestra no painel ‘Cenário Macroeconômico e Perspectivas para a Saúde Privada no Brasil’, no dia 23.

Ele destacou: “Na saúde pública, onde acaba o orçamento, começa a fila dos cidadãos. No Setor Suplementar, não se admite a fila. Não há orçamento, mas, sim, há uma mutualidade que deve arcar com os custos globais”. Coriolano ressaltou ainda a contribuição direta do segmento para o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em municípios brasileiros e chamou atenção para três grandes desafios: a transição epidemiológica, a transição demográfica e etária e a transição tecnológica. A rodada teve participação de Gabriel Portella, vice-presidente da FenaSaúde e presidente da Sul América Saúde, do economista Gustavo Franco, como debatedores, e do jornalista Willian Waack, como mediador.

Ao lembrar que, em um país desenvolvido – por isso, envelhecido e longevo –, passam a prevalecer doenças crônicas, o que eleva prazos e custos de tratamentos médicos e internações, Marcio Coriolano cobrou de todos os agentes da cadeia produtiva uma participação mais ativa na busca por soluções. “E aí? O que fazer está em debate aqui. Há várias formas para equacionar e encaminhar as soluções, das mais suaves às mais drásticas. O que importa é substituir a miopia que prevalece por uma discussão mais profunda, envolvendo prevenção de doenças, novos esquemas de financiamento, disciplina da inovação tecnológica, participação financeira dos beneficiários em cada atendimento”, analisou.

O economista Gustavo Franco se disse um otimista em relação ao crescimento, mas observou que o futuro macroeconômico do país já está comprometido com uma alta dívida pública, criticando o que classifica como risco grande de populismos fiscal e regulatório. Gabriel Portella alertou para a necessidade de mudanças urgentes com a finalidade de rever o financiamento do setor: “Não temos como recorrer ao Tesouro. O momento da Saúde Suplementar é grave. Não dá para dizer que o envelhecimento não virá, que todo mundo vai rejuvenescer”, sentenciou.

Segundo Marcio Coriolano, já existem práticas de outros países que podem ser adaptadas à realidade brasileira. Ele citou exemplos como o Canadá, o Reino Unido e a Austrália, onde há forte controle da adoção de inovações e incorporação de novos medicamentos.“A inovação tecnológica é uma conquista do mundo contemporâneo. Ninguém quer que a população fique desabastecida de tecnologia. Mas é preciso refletir sobre as consequências: quem paga a conta é o próprio consumidor”.

De acordo com Coriolano, falta uma instância reguladora que funcione como órgão de fomento da atividade privada. “É necessário equilibrar os contratos. Regular os custos ao longo da cadeia produtiva. Fingir que não existe inflação médica é esconder a poeira debaixo do tapete”, disse.

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