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Como planejar o uso do décimo terceiro salário

Apesar da cautela, é justamente na época do Natal que as principais redes do comércio varejista intensificam seu marketing exercendo forte influência no comportamento do consumidor, induzindo-o a despender o décimo terceiro. É provável que muitos consumidores quitem dívidas em vez de consumir. Mas a tentação ao consumo tem um novo reforço: a taxa de juros declinante. O crédito está sendo facilitado tanto no alongamento dos prazos quanto na queda da taxa de juros favorecendo o consumo. É fato que, no final do ano, o décimo terceiro poderá ser usado para despesas típicas como as festas natalinas e de ano novo, assim como para despesas de viagens e lazer, por conta do período de recesso escolar e férias trabalhistas.

Analisando estes fatores, podemos afirmar que, ao receber o décimo terceiro, as pessoas têm uma disposição maior ao consumo. Nesse sentido, o mercado oferece algumas alternativas de crédito a prazo como: cartão de crédito, carnê, cheque pré-datado e financiamento bancário. Estas alternativas de pagamento a prazo carregam geralmente juros e aquele consumidor que não tem uma orientação adequada e conhecimento financeiro toma a decisão avaliando sua capacidade de pagamento, isto é, se o valor da parcela não ultrapassa o salário recebido.

Tal critério nem sempre é a melhor decisão financeira. Vejamos o seguinte exemplo: vamos supor que o décimo terceiro de uma pessoa seja de R$ 1.000,00, assim como seu rendimento mensal. Esta pessoa quer adquirir um produto cujo valor à vista é de R$ 2.000,00. Incapacitada de pagar a totalidade à vista, a pessoa decide analisar a proposta de financiamento de 50% do valor, ou R$ 1.000,00. O restante poderá ser financiado em 24 parcelas mensais e iguais de R$ 80,00, ou seja, o equivalente a 8% de seu rendimento mensal (R$ 80,00 ÷ R$ 1.000,00). Observando a capacidade de pagamento excedente, 92%, esta pessoa sente-se estimulada a aceitar o financiamento, desconsiderando assim a taxa de juros.

Ao avaliarmos a taxa de juros desta operação financeira, encontraremos o equivalente a 6,04% a.m., bem acima do atual nível de inflação, que gira ao redor de 0,30% a.m. Não é desejável pagar juros muito acima da inflação e, nesta situação, é aconselhável renegociar o prazo, taxa de juros, ou mesmo adiar a compra. Nesta última hipótese, a pessoa poderá investir o décimo terceiro na caderneta de poupança ou Fundo DI e poupar mensalmente o valor da parcela do financiamento; ao final de 11 meses, supondo-se um rendimento médio de 0,80% a.m., terá acumulado cerca de R$ 2.007,66, valor este muito próximo ao preço do produto à vista. Após 11 meses, o preço do produto poderá ter sido alterado, mas considerando que a inflação no Brasil está sob controle, muito provavelmente o preço será mantido ou levemente corrigido.

De qualquer forma, ao adiar a compra e poupar por um certo período, o potencial de negociação desta pessoa aumenta e, além disso, a pessoa economizará R$ 80 por 13 meses, do 12° ao 24° mês do financiamento proposto. Em resumo; a decisão de como e quando consumir ou investir o décimo terceiro depende de realizar uma cuidadosa análise financeira que, sendo bem conduzida, pode minimizar a pressão sobre o rendimento, criar margem de negociação e ampliar o potencial de consumo.

Planejando o uso do décimo terceiro - Antes de fazer uso do décimo terceiro, é recomendável elaborar um planejamento, que deve levar em consideração os seguintes procedimentos: . Priorize a amortização de dívidas vencidas e vincendas, principalmente, as que carregam maior taxa de juros | . Provisione para as despesas sazonais, tais como: IPVA, IPTU, viagens, despesas de Natal e Ano Novo e anuidade/material escolar | . Pague sempre que possível à vista, negocie descontos e pesquise promoções. Evite financiar e avalie a taxa de juros do financiamento e sua capacidade de pagamento | . Não seja compulsivo, não gaste mais do que ganha, analise e consuma dentro de sua real disponibilidade financeira. Se for o caso, adie a aquisição e poupe uma quantia do seu décimo terceiro por um período programado | . Esboce e avalie um planejamento orçamentário para 12 meses. Quando se planeja, antecedem-se suas ações e equilibra-se o futuro financeiro | . Invista o excedente. Para o ano de 2007, é sugerido aplicar parte de seu portfólio em ações (entre 10% e 20% do total) e o restante em fundos de Renda Fixa ou DI; em havendo restrições, na caderneta de poupança.

Planejar adequadamente o uso do décimo terceiro não deve ser visto como uma restrição ou limitação de consumo. Um planejamento bem elaborado e a tomada de decisão de consumo apropriada, eventualmente postergam a aquisição e pode, momentaneamente, frustrar as pessoas. Porém, a vantagem de manter o equilíbrio em suas finanças pessoais e sua sustentabilidade no longo prazo possibilitará realizações ponderadas e prazerosas, minimizará riscos financeiros e gerará potencial de consumo ainda maior.

Por: Flávio R. Panhoni, é professor de finanças na FIAP - Faculdade de Informática e Administração Paulista. Graduado em Estatística, pela USP, pós-graduado em Métodos Quantitativos e Informática, pela FGV, Master of Business Administration New York University e Mestre em Administração de Empresas, pelo Centro Universitário Sant’Anna. Trabalhou 20 anos na área financeira do Banco Itaú e, atualmente, presta consultoria financeira e administrativa para empresas de pequeno e médio porte.

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