Por que a calma é importante na hora de prestar o vestibular?

Toda situação de avaliação é, de alguma forma, algo que afeta emocionalmente quem se vê na condição de avaliado. No caso da Fuvest, Unicamp, e federais em geral, vestibulares onde a competição é acentuada e, além de tudo, destinos profissionais estão em jogo, a tensão e a pressão são muito maior. Afinal, ninguém deseja fracassar e sentir-se fora da corrida para um futuro melhor,seja lá o que isto queira dizer para um jovem que mal concluiu seu ensino médio.

Se no momento de realizar a prova o estudante se deixar tomar por estes temores e pela ansiedade deles decorrentes, acredito que suas chances de realizar uma boa prova tendem a diminuir. É provável que sua concentração seja afetada, que tenha lápsos de memória, que não consiga concatenar adequadamente conceitos e informações e,muito menos, organizar satisfatoriamente o tempo disponível para a realizaçãoda avaliação. Melhor, portanto, que nesta hora os nervos estejam no lugar e que o candidato consiga manter uma certa distância do clima que se cria em torno deste massacre anual da juventude.

O vestibular é uma prova de amplo conteúdo e trabalha com a massaficação conceitual e informativa. Do candidato será cobrado um conjunto de conhecimentos que dependem, para sua apreensão, de muito tempo de estudo, treino e disciplina intelectual. Isto não se consegue de última hora. A única coisa a fazer na última hora, se você não estudou, é dar, sem remorso, um último suspiro, e esperar o próximo ano.

Descanse, ouça música... esqueça, na medida do possível, que no dia seguinte você entrará em uma das mais violentas competições de sua vida. Fugir do clima que se cria, com inúmeras receitas que resultam em um significativo aumento da ansiedade, da tensão e do medo, frequentemente afetando o sono que poderá fazer com que o candidato, ao chegar para a prova, já esteja bastante prejudicado emocionalmente. Se possível lembrar-se de Nietzsche quando este diz "que tudo o que não me mata, me fortalece". Mais tranquilizante que isto, nem Prozak.

Cuidado com estudos em cima da hora. Se é uma revisão estruturada e planejada, ótimo. Mas se for um condensado de última hora, penso que o efeito possa ser o contrário do esperado:o aluno identifica suas debilidades, percebe que não tem tempo para superá-las e entra em crise. Se os "pontos principais" fosse a solução, o vestibular terminaria empatado: todos com a mesma pontuação. Pontos principais criam uma boa ilusão, mas não substituem o paciente trabalho do dia-a-dia.

Enfim, ter uma boa rotina de estudo, bons professores, uma rica vida cultural e variada,ser um bom leitor e saber que a vida não começa e muito menos termina no vestibular ajuda, ou seja, resolve muita coisa.E, claro, talvez, uma dose de sorte...

. Por: Edmilson de Castro é formado em História e atuou durante 18 anos como professor na Rede Estadual de Educação de São Paulo, lecionando para alunos do ensino médio e magistério. Fundador e Diretor do Espaço Atual (centro de estudo para formação de professores), além de assessor educacional dos coordenadores pedagógicos e equipe de supervisão de ensino das Secretaria Municipal de Jaguariúna.