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28/11/2013 - 07:50

Empreender, você conhece os riscos?


Com o aumento de oportunidades, os brasileiros estão mostrando seu espírito empreendedor. Até o começo de 2013 já se contabilizavam quase 3 milhões de microempreendedores individuais, segundo o Boletim Radar nº 25, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para se ter uma ideia do total de corajosos individuais, este número representa aproximadamente 30% do total das pessoas que trabalham por conta própria no país.

A estatística, que era conduzida essencialmente por homens, também agregou um novo perfil de empreendedores, as mulheres. Nos estados do Sul, de acordo com o Anuário das Mulheres Empreendedoras e Trabalhadoras em Micro e Pequenas Empresas, elaborado pelo SEBRAE em parceria com o Dieese, o total de mulheres à frente de seu próprio negócio aumentou 20% em dez anos.

Esses números demonstram a força crescente da iniciativa, porém – alertamos – não basta apenas querer investir, é preciso planejamento e uma administração profissional para que a empresa possa se manter e não seja mais uma a entrar para o índice de falências. Em muitos anos de estudos das particularidades da área, nós Administradores estabelecemos alguns conceitos a partir de um lema de ordem: controle. É preciso fundamentar a gestão em um grande sistema de controle, que começa no planejamento, passa pela execução do que foi planejado e segue continuadamente pelos mecanismos de ajuste.

O estabelecimento desses processos com uma ordem de controle é essencial para reduzir os riscos de perdas com eventos inesperados, erros, baixa produtividade e tantas outras ineficiências do processo produtivo. A construção desses métodos, que devem se firmar como a base da gestão, configura a solidificação da administração da empresa com a integração de pessoas, processos e sistemas, operando em modelos de alto controle, visando ao baixo risco. É o que denominamos de inteligência empresarial, algo essencial para a fundamentação de instituições sólidas e eficazes.

O empreendedor deve ainda unir uma boa dose de bom senso às práticas administrativas, sempre contando com ajuda profissional, no intuito de estabelecer algumas dimensões-chave do negócio: a orientação estratégica, análise das oportunidades, comprometimento financeiro, estrutura gerencial, controle de custos e recursos.

A questão do empreendedorismo volta nossos olhares para a região Sul, com o maior índice de empreendimentos familiares do país. Na gestão familiar, principalmente quando iniciada informalmente, as dificuldades administrativas e mesmo de controle financeiro são ainda mais complexas. Apesar da força familiar, algumas questões básicas costumam gerar conflitos, como o estabelecimento de cargos e a remuneração dos gestores, direcionamento de excedentes financeiros, bem como a mistura do dinheiro dos sócios com o da empresa.

Para resolver esses conflitos, a administração profissionalizada se estabelece com a construção de um planejamento de gestão, limites orçamentários, estratégias de controle, definições de alçada e, por fim, questões evolvendo o gerenciamento de riscos. A prática acaba por tornar a empresa mais sólida perante seus stakeholders, na medida em que previne ou corrige possíveis perdas previamente mapeadas, ou mesmo provisiona perdas inesperadas.

Essa incorporação da gestão de riscos mostra o amadurecimento e a profissionalização da administração dentro da empresa. O processo deve ser bem estruturado e contínuo, com o intuito de identificar, classificar, mensurar, controlar e mitigar os riscos inerentes às atividades realizadas. Por exemplo, capacitar pessoas proporciona menor nível de perdas com erros e menor probabilidade de perdas com reclamatórias trabalhistas. Esse risco menor torna a empresa mais atraente e, portanto, mais segura e valiosa.

Por fim, é preciso “estressar” os modelos, fórmulas, cenários, premissas etc. que foram utilizados para a avaliação dos riscos, construindo “artificialmente” situações extremas pelas quais a empresa ou o mercado poderiam passar.

Isso foi muito marcante e ficou muito evidente na crise de 2008, quando as empresas que tinham feito simulações de suas operações em condições de mercado (crédito, ações, juros, commodities e câmbio) em situação extremamente adversa, ou seja, em cenários altamente estressados, saíram-se melhor, ou mais rápido, da crise. Já haviam “visitado” o cenário adverso antes e já haviam feito algum plano de contingência para fazer face ao mesmo.

Aumentar o empreendedorismo no país é muito bom para a nossa Economia. O que não é bom é criar empresas de maneira inconsequente e pouco profissional. O prejuízo que isso causa para a sociedade é muito grande.

. Por: Giuliano Wolf, Presidente da ADM S.A.

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