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30/11/2013 - 08:12

Uma praga do campo que afeta a vida na cidade

Helicoverpa armigera é uma praga que chegou ao Brasil na safra 2012/2013. Apesar de já ser conhecida em outros continentes há dois séculos, até 2012 ela não havia sido detectada nas Américas. De tão nova por aqui, ainda não ganhou um nome popular, como a lagarta do cartucho, a lagarta enroladeira e a lagarta mede palmo, velhas conhecidas dos agricultores. Mas o que a população urbana, que representa mais de 85% dos 200 milhões de brasileiros, tem a ver com isso?

Os prejuízos que os agricultores vêm tendo com essa praga já estão na casa do bilhão de reais. Mas eles não são os únicos pagarem a conta: também o meio ambiente, que mostra desequilíbrio, e as pessoas da cidade, que vão comprar comida e roupas encarecidas pela redução da oferta, são impactados.

O apetite dessa lagarta parece não ter fim. Ela ataca mais de 100 culturas agrícolas, desde a soja e o milho que o agronegócio exporta em milhões de toneladas, passando pelo algodão que fornece a matéria-prima para boa parte de nossas roupas até o tomate e outras hortaliças que saboreamos todos os dias no almoço e jantar.

Como essa praga entrou em nosso país? Ainda não se sabe, e dificilmente teremos a resposta. Mas, bem mais importante que isso, é entender que praga é essa, como ela impacta nossas vidas e o que tem sido feito para controlá-la.

Sendo uma lagarta, ela se transforma em mariposa, que é a forma adulta do inseto. Só que a mariposa de Helicoverpa armigera pode voar até 1.000 km, o equivalente à distância entre as cidades de São Paulo e Brasília! E pelo que os pesquisadores têm constatado, ela gostou do Brasil, pois tem se adaptado a lavouras do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste, do Nordeste e até do Norte do País.

Para piorar, os agricultores estão com dificuldade de controlar a lagarta apenas com os inseticidas disponíveis no mercado. Outros países já utilizam alguns inseticidas que já foram testados e comprovaram eficácia contra a praga naqueles locais.

Mas só o uso de inseticidas, o chamado controle químico, não resolverá o problema. Isso porque a praga é capaz de desenvolver resistência aos agroquímicos. Ou seja, com o passar do tempo, eles deixam de ser eficazes. E assim, a Helicoverpa armigera vai se reproduzindo sem ser incomodada.

Nesse sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem orientado os agricultores para que façam o constante monitoramento das lavouras e o Manejo Integrado de Pragas, o MIP.

Pelo nome, parece complicado, mas podemos dizer que o MIP é a união de todas as possíveis técnicas, como controle biológico (utilizando inimigos naturais, como bactérias, vírus, fungos e outros insetos que podem controlar a lagarta sem prejudicar a lavoura e o meio ambiente), cultural (que reduz a disponibilidade de alimento para a lagarta na entressafra, diminuindo assim a sua população), genético (com o uso de plantas de boa qualidade genética, ou seja, resistentes a diversas pragas e doenças) e químico (com o uso dos defensivos agrícolas registrados no Ministério da Agricultura, seguindo as recomendações dos fabricantes). São ações que o produtor pode fazer na fazenda, sem grandes dificuldades.

Todo esse trabalho de controle vai servir como importante aliado do agricultor para defender a sua produção – na qual investiu mão-de-obra, tempo, máquinas e dinheiro – e assim garantir alimentos, fibras e energia para as pessoas cidade e do próprio campo.

Nesse sentido, é importante que a população urbana conheça o problema, que é grave, já atingiu mais de 10 Estados e pode prejudicar a alimentação e outras necessidades básicas dos brasileiros.

Por outro lado, a Embrapa e outras instituições públicas e privadas estão trabalhando juntas no controle da Helicoverpa armigera para o bem de todos. Para que as informações cheguem ao público com clareza, a empresa de pesquisa preparou um vasto conteúdo sobre a praga, disponível na Internet.

Não deixe de visitar e busque mais conhecimentos sobre o assunto em: www.embrapa.br/alerta-helicoverpa. 

. Por: Breno Lobato, jornalista da Embrapa Cerrados e Sérgio Abud, supervisor de implementação da programação de transferência de tecnologia da Embrapa Cerrados.

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