Produção modular no setor naval como boa estratégia, mas ainda pouco utilizada

É o que mostra pesquisa realizada pela ONIP, em parceria com a CNI.

Uma pesquisa sobre os gargalos da indústria naval, produzida pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria(CNI), mostrou que o conceito de Produção Modular é entendido como uma estratégia de fornecimento por 82% das empresas consultadas, mas apesar de considerá-la eficiente, 55% dos pesquisados afirmaram que não a utilizam. Para 79,50% dos entrevistados, a adoção deste modelo trará um maior grau de confiabilidade e qualidade, redução do custo global de produção e de tempo de produção.

A modularidade é uma estratégia para construir processos ou produtos complexos a partir de pequenos subsistemas que podem ser desenvolvidos individualmente ou por um conjunto de fornecedores. Segundo o superintendente da ONIP, Luis Mendonça, este é um sistema utilizado com sucesso pelo setor automotivo, e que pode ser aplicada ao setor naval, com os devidos ajustes.

Seis áreas foram apontadas pelas empresas consultadas como as que merecem mais atenção para a implementação de um processo modular. São elas: gestão, processos, infraestrutura, tecnologia, mapeamento de fornecedores e logística. Esta última, especialmente, foi apontada como um gargalo por 46 % dos entrevistados. Para os estaleiros do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, a área de logística representa um desafio, que começa no desembaraço aduaneiro, passa pelas estradas até a porta do estaleiro e pelo baixo uso da navegação de cabotagem, interior e fluvial, além da baixa eficiência dos portos e terminais. Segundo apontou a pesquisa, esse é um item que merece uma avaliação mais profunda nos próximos estudos, entrevistas e visitas técnicas.

A pesquisa realizada entre os meses de outubro e novembro deste ano, foi apresentada durante workshop realizado dia 26 de novembro, no Rio de Janeiro e dia 28 em Itajaí. Foram consultados estaleiros, fornecedores de bens e serviços e especialistas. A amostra utilizou as empresas do Catálogo Navipeças da ONIP e contou com a participação de 38 empresas no total.

Nos eventos, os participantes identificaram, em conjunto, uma proposta de metodologia para implementação do modelo de “produção modular” para a indústria naval brasileira, com foco em embarcação de apoio, para os seguintes sistemas: Geração de Energia e Sistemas Elétricos, Eletrônica de Navegação, Tubulação e Válvulas, e Acomodações. Também foram identificados projetos piloto entre estaleiros e fornecedores para aprofundamento e implantação nos segmentos de Automação e Controle, Geração de Energia, Navegação e Governo, Redes e Tubulações, Sistemas Elétricos, e Superestrutura e Acomodações.