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04/12/2013 - 08:38

Afonso Tostes – Tronco


A Casa França-Brasil, instituição da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, apresenta a partir do dia 03 de dezembro de 2013 (terça-feira), a exposição “Tronco”, com obras inéditas do artista Afonso Tostes, um dos nomes destacados da arte contemporânea brasileira. Com curadoria de Bernardo Mosqueira, Afonso Tostes vai mostrar o resultado da pesquisa iniciada há um ano, que teve como ponto de partida a descoberta de um paiol centenário, na Região da Mata, em Minas Gerais, construído em madeira de lei por escravos. Em Minas, paiol é a palavra usada para celeiro, além de seu significado de depósito de pólvora, munição e mantimentos.

Conhecido por seu trabalho de escultura em madeira onde a arquitetura era incorporada ao trabalho, Afonso Tostes soube que havia um desmonte de um paiol em Minas para a venda de suas madeiras. Ao chegar ao local, ficou impactado com a visão das madeiras empilhadas, e, na contramão de sua trajetória, ao invés de pensar em esculpir uma a uma as toras oferecidas, decidiu pelo inverso: iria remontá-lo, dar vida novamente à estrutura de cerca de duzentos anos de existência. Após negociação com a família dona da construção por mais de seis gerações, e que armazenava grãos de milho, ele trouxe todos os seus elementos para um espaço no Galpão das Artes, na Gamboa, a fim de reconstruí-lo mantendo toda a sua concepção original, onde não há pregos e sim encaixe das madeiras. Para ressaltar a ideia de dar vida à estrutura em si, o artista poliu cuidadosamente seu piso, destacando a beleza da madeira original.

O paiol centenário, com seus nove metros de comprimento, sete de largura e três de altura, ocupará o espaço central da Casa França-Brasil, e terá pequenas intervenções escultóricas feitas pelo artista. Ele estará suspenso por sapatas a um metro do chão, em uma referência às colunas de pedra revestidas de madeira do edifício construído por Grandjean de Montigny (1776-1850), e inaugurado em 13 de maio de 1820 por D. João VI como a primeira Praça de Comércio do Rio de Janeiro. O espaço interno do paiol não será ocupado, para acentuar a dimensão da imponência e importância histórica de sua estrutura, e dos que a construíram. “Um lugar para se guardar ideias, por exemplo”, sugere o artista, que pretende com ele “levar ao público o interior do Brasil e sua história, que a gente desconhece”.

Na lateral direita do espaço central estará a escultura “Árvore”, um tronco reto com cinco metros de altura, e três peças esculpidas.

Na área externa à esquerda, Afonso Tostes fará um site specific com galhos de árvores, desdobramento da série “Reino” iniciada pelo artista há dois anos.

Fogo Ancestral - Na primeira sala lateral estarão nove pinturas em óleo sobre tela com imagens de fogo e fogueiras, feitas a partir de fotografias que o artista fez em incursões de barco pela Baía de Guanabara, quando estava criando o cenário para a peça “Orestia”, de Ésquilo, encenada ano passado com direção de Malu Galli. Nesta série de pinturas, Afonso Tostes faz alusão ao fogo como elemento ritual, presente em várias mitologias. Na obra teatral, o fogo servia de comunicação entre as ilhas para avisar da vitória de Grécia sobre Tróia. Na lenda que cerca Caramuru (o português Diogo Álvares Correia, 1475- 1557) ele teria “incendiado a água”, ao atear fogo sobre um óleo jogado na água. As pinturas “remetem à comunicação, ao aviso de algo que está chegando” e à prática ritual do artista em produzir mais trabalhos do que vai aproveitar, queimando em uma gamela de bronze os que considera excedentes. As paredes da sala serão pintadas em azul escuro, quase preto para acentuar o contraste com as cores usadas nas telas.

Ferramentas - Na outra sala lateral estarão mais de uma centena de ferramentas de trabalho, já bastante usadas, recolhidas em locais os mais variados – nas imediações de onde estava o paiol, canteiros de obra abandonados ou inativos, fazendas no interior de Minas e até na Praça XV, no Centro do Rio. O artista esculpiu os cabos das ferramentas de modo a que parecessem ossos, como “a extensão dos braços de quem a usou”. Com as esculturas nos cabos, a função primordial das ferramentas é substituída por uma visão poética, que evidencia o que está invisível, o esforço do trabalho empregado. “A ferramenta pode estar mais frágil, ter perdido sua função, mas passa a trazer o que é mais forte em nós, os ossos”. Ao usar a forma do osso, o artista também chama a atenção para “o que está por baixo”, “não revelado”, “o essencial, como sentimentos, família, afeto”.

O artista está dedicado há um ano à produção de obras para a exposição na Casa França-Brasil. Ele observa que o espaço do seu ateliê é usado para acumulação, onde leva tudo o que supõe que pode se desenvolver em um futuro trabalho. São várias frentes possíveis, “ao mesmo tempo, em germinação, em tensão”, desenvolvidas em desenhos, pinturas, fotografias, esculturas. “Quando surge uma exposição, busco dentro deste espaço e tempo o que mais se aproxima do que estou vivendo, e assim coisas que ainda não eram trabalho passam a ser”.

.[Afonso Tostes – Tronco, de 04 de dezembro (quarta-feira), até 16 de fevereiro de 2014, de terça-feira a domingo, das 10h às 20h, na Casa França-Brasil, Rua Visconde de Itaboraí, 78, Centro, 20010-060, Rio de Janeiro.Mesa-redonda e lançamento do catálogo, com a participação do artista, do curador e convidados: 01 de fevereiro de 2014, sábado, às 18h.Curadoria: Bernardo Mosqueira.Entrada franca | Bicicletário no local | [email protected][www.casafrancabrasil.rj.gov.br]. http://twitter.com/casafrbrasil | www.facebook.com/casafrancabrasil | Telefone: (21) 2332-5120].

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