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12/12/2013 - 08:32

Mercado de aço em excesso e desaceleração de demanda preocupa Alacero

“Governos devem ter papel chave para resolver o problema do excesso da capacidade global de aço, indústria que vive situação mais difícil desde o final dos anos 90”, diz Alacero na OCDE.

Alacero [Santiago, Chile] - Entre 05 e 06 de dezembro passados, Alacero participou da 75° Reunião do Comitê do Aço da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE), em Paris. Esta cimeira da indústria reuniu representantes governamentais de 34 países, associações industriais, sindicatos e consultores.

O Comitê discutiu as perspectivas de baixo crescimento, trocaram pontos de vista sobre os efeitos do excesso de capacidade sobre a saúde financeira da indústria e concordou vectores de trabalho para solucioná-lo. Também expressou sua preocupação com as fricções no comércio de aço e matérias-primas, e trocaram opiniões sobre as possíveis medidas de estímulo para melhorar o uso eficiente da energia na indústria.

Alacero, juntamente com o Japão, foi uma das duas únicas regiões convidadas a apresentar a sua posição sobre o estado atual do excesso de capacidade global na indústria. Alacero começou por referir que a atual situação está se tornando crítica, pois o excesso de capacidade global supera os 500 milhões de toneladas, o que representa 36% do uso aparente de aço (em comparação com as taxas históricas de 19%). Este cenário complica a situação do setor.

A organização latino-americana sublinhou que as empresas estatais são agora um jogador-chave na indústria do aço, que não estava presente na última crise de excesso de capacidade do final dos anos 90. De acordo com dados de 2011, as empresas estatais foram responsáveis pelo 50% dos principais 46 produtores de aço, sendo quase todos chineses. Além disso, 38% da produção mundial de aço é gerado em empresas estatais da China.

Globalmente, o excesso de capacidade está impulsionando as exportações e enfraquecendo os preços. Esses fatos, juntamente com uma desaceleração da demanda global e ao risco de aumento dos preços das matérias-primas – estão fazendo pressão na rentabilidade das empresas do setor privado e aumentando as fricções comerciais.

No caso da América Latina, Alacero destacou que a região, depois de ser uma exportadora líquida de aço, tornou-se um importador líquido. As importações em massa, muitas das quais chegam em práticas de comércio desleal, estão aumentando a quantidade de medidas “anti -dumping”. Atualmente, existem 52 pesquisas em vários países da região, das quais 23 são contra empresas chinesas. Além disso, se encontram vigentes outras 78 medidas “antidumping”, 43 delas contra a China.

O consumo de aço anual na região cresceu 5 % em 2012 (vs. 2011), enquanto as importações cresceram 26%. O consumidor latino-americano está sendo abastecido por importações que estão forçando uma queda na produção local e no comércio intra- regional Alacero também mostrou preocupação com a importação de produtos metal-mecânicos que estão afetando toda a cadeia de valor do aço e estão levando um processo de desindustrialização na região. Uma série de estudos desenvolvidos ao longo dos últimos três anos, mostrou que por cada 1 milhão de dólares em produtos metal-mecânicos importados na região, o setor local perdeu entre 46 e 64 postos de trabalho (diretos, indiretos e induzidos). Além disso, as importações estão diminuindo o investimento no setor metal-mecânico, com o consequente risco para a indústria do aço de perder a sua base de clientes. Alacero fez algumas recomendações para melhorar a situação da indústria do aço na América Latina e construir um futuro financeiramente sustentável para a região: 1. A nível governamental, se deveria enfrentar o problema do excesso de capacidade em forma integral.

As políticas que nivelem o campo de jogo contra as empresas estatais devem ser um elemento importante para esta abordagem, porque o setor privado não pode competir com os governos.

2. É preciso que os governos da América Latina tomem medidas imediatas e eficazes contra as importações chinesas que chegam a condições desleais.

3. Os governos latino-americanos deveriam promover a cadeia metal-mecânica, pois as importações em massa e as subsidiadas estão causando problemas de desemprego que deveriam ser melhoradas em breve.

4. Finalmente, os governos latino-americanos deveriam promover o investimento do setor industrial como parte dos seus PIB ´s, a níveis em torno de 22-25% nos próximos 10 anos para potenciar seu desenvolvimento industrial.

A perspectiva de Alacero foi bem acolhida pelos demais membros do Comité e incluída pelo Sr. Rizaburo Nezu, presidente do Comitê do Aço da OCDE, em seu discurso de encerramento: alguns pontos-chaves da declaração do Sr. Nezu: Durante os três primeiros trimestres de 2013, a produção global de aço atingiu 1.582 milhões de toneladas (anualizados ), +2,7% em relação ao mesmo período de 2012. A produção de aço chinesa cresceu 8 % (ano contra ano) nos 3 primeiros trimestres de 2013, atingindo um novo recorde. No resto do mundo, a produção de aço atingiu 798 milhões de toneladas no período mencionado (anualizado), com uma queda de 2% em relação ao mesmo período de 2012. De acordo com a previsão de outubro 2013 feito pela worldsteel, espera-se que o consumo aparente de aço cresça 3,1% em 2013 e 3,3% em 2014. O excesso de capacidade atingiu níveis muito elevados, a posição financeira da indústria é fraca e as medidas comerciais protecionistas parecem estar aumentando.

O Comitê discutiu a situação atual da indústria do aço em comparação com a crise anterior do setor que ocorreu no final dos anos 90. Os membros notaram que o desempenho financeiro pode ser considerado pior agora do que durante essa crise. A proporção de uso da capacidade global parece ter um efeito significativo sobre a rentabilidade da indústria siderúrgica, entre outros fatores.

Os membros também observaram que os mecanismos de mercado devem trabalhar a fim de permitir que os fechamentos necessários sejam feitos, e que qualquer medida que sustente a capacidade artificialmente deve ser evitada. O papel dos governos foi enfatizado para facilitar os ajustamentos necessários no setor, enquanto isto não implique a concessão de subsídios.

Também se destacou que o comércio subsidiado e as práticas de “dumping” parecem estar aumentando. Como resultado, os países estão respondendo com ações corretivas que são legítimas para combater o comércio desleal, dado que isto é incompatível com as regras da OMC.

Perfil - Alacero (Asociación Latinoamericana del Acero) – É uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne a cadeia de valor do aço da América Latina para fomentar os valores de integração regional, inovação tecnológica, excelência em recursos humanos, responsabilidade empresarial e sustentabilidade sócioambiental. Fundada em 1959, é formada por 45 empresas de 25 países, cuja produção é de aproximadamente 70 milhões anuais- representando 95% do aço fabricado na América Latina. Alacero é reconhecida como Organismo Consultor Especial para as Nações Unidas e como Organismo Internacional Não Governamental por parte do Governo da República do Chile, país sede da Secretaria Geral.[www.alacero.org.br].

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