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14/01/2014 - 07:31

No balanço da rede


Exposição conta a história da rede, patrimônio cultural brasileiro.

A Caixa Cultural inaugura dia 14 de janeiro (terça-feira), a exposição “No balanço da rede”, que apresenta a trajetória da primeira peça do mobiliário brasileiro. As redes conjugam valores das tradições culturais brasileiras com criações do design contemporâneo e articulam plasticidades tradicionais com novas materialidades.

Sob a curadoria de Denise Mattar e consultoria do pesquisador alemão Joseph Köpf, a mostra exibirá 50 redes de todo o Brasil: trançadas, tecidas, rendadas e bordadas. Desde a ini, como era chamada pelo indígena brasileiro, feita em fibra de tucum ou buriti, passando pelas sofisticadas redes com varandas bordadas, até as da produção atual.

“A riqueza plástica da rede brasileira é surpreendente: tramadas em tucum, buriti e carnaúba elas são transparentes e flexíveis. Tecidas em algodão industrial, rústico, naturalmente colorido, ou tingido, elas encantam pelos seus padrões. Bordadas em ponto cruz, richelieu, vagonite e até à máquina, elas revelam coloristas natas. Cada rede é única e uma criação coletiva, pois seu corpo é feito num local, as mamucabas, trancelins e punhos em outro, assim como as varandas e bordados”, declara a curadora.

De origem indígena, as redes se espalharam pelo mundo e são consideradas patrimônio nacional. A exposição reunirá peças produzidas em comunidades indígenas, tramadas em fibras como tucum, buriti e carnaúba; além de redes com as “varandas” de crochê e bordados, que surgiram na “casa-grande”, quando passaram a ser tecidas em algodão. A mostra também apresentará exemplos selecionados da produção semi industrial, fonte de subsistência para muitas famílias e até cidades no Brasil.

A cenografia criada por Guilherme Isnard, optou por uma montagem lúdica e divertida, na qual as redes aparecem entre plantas e objetos de arte popular para acentuar a espacialidade da exposição. Esculturas assinadas por A. Marinheira, Resendio, Roberto de Almeida, R. Vital e Joca selecionadas por Roberto Rugiero também irão compor o espaço. Imagens de redes contemporâneas e seu uso por arquitetos e artistas como Lúcio Costa com Riposatevi – apresentada na Trienal de Milão de 1964, Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, com Cosmococa, 1973 e Bené Fonteles, 1997, fazem parte do projeto.

Pero Vaz de Caminha foi o primeiro europeu a registrar a rede, batizando-a com esse nome devido à semelhança de suas malhas com a rede de pescar. O nome original da rede no Brasil era ini. Na América Central o nome hamaka foi respeitado pelos espanhóis e se espalhou pelo mundo: hamac, na França, hammock nos USA, hängematte na Alemanha.Ao chegar ao Brasil, os colonizadores portugueses foram obrigados a se adaptar aos costumes indígenas, para poder se alimentar, vestir e morar, num país selvagem, tão diferente e longe da sua pátria. A rede, esse leito, suspenso no ar, foi uma descoberta para os colonizadores. Ela permitia dormir longe dos bichos e insetos rasteiros, que pululavam no chão, enquanto um pequeno fogo, abaixo dela, afastava os insetos. Além disso, podia ser levada para qualquer lugar e armada com facilidade e ainda servia como cadeira. Os portugueses se adaptaram tão bem que a levaram em seus navios a vários países do mundo.

Nas palavras da museóloga Célia Corsino, do IPHAN, “A rede é um dos patrimônios culturais brasileiros”. Sua certidão de nascimento está na Carta de Caminha, e todos os viajantes falam sobre ela: Hans Staden, Jean de Léry, Anchieta, Padre Antonio Vieira. Figuras emblemáticas da literatura histórica brasileira, como Câmara Cascudo, Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda escreveram sobre ela. Segundo o antropólogo Roque Laraia, da UnB: “Tudo o que é útil se difunde com extrema rapidez no mundo”, e foi o que ocorreu com a rede.

De 14 de janeiro a 23 de fevereiro de 2014 (de terça-feira a domingo),das 10h às 21h, naCAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galeria 3,Av. Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô: Estação Carioca).Entrada Franca. Classificação indicativa: Livre para todos os públicos. Acesso para pessoas com deficiência. Patrocínio: Caixa Econômica Federal, Ministério da Cultura e Governo Federal. No balanço da rede: Curadoria: Denise Mattar | Consultoria: Joseph Köpf | Cenografia: Guilherme Isnard.Programação completa da CAIXA Cultural: www.caixa.gov.br/caixacultural | Telefone: (21) 3980-3815.

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