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30/01/2014 - 08:01

Quarta turma de travestis e transexuais se forma no projeto Damas


17 alunas travestis e transexuais da quarta turma do Projeto Damas receberam, no dia 29 de janeiro (quarta-feira), o certificado de conclusão do curso de Capacitação e Inclusão Social no Mercado de Trabalho. Ao todo, 70 alunas já foram capacitadas nos últimos três anos pelo projeto, organizado pela Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual (Ceds) da Prefeitura do Rio. A formatura marcou as comemorações do Dia Nacional da Visibilidade Trans e encerrou o ciclo de debates do II Seminário de Cidadania Trans—Dignidade, Inclusão e Respeito, no Centro do Rio.

O coordenador da Ceds, Carlos Tufvesson, enalteceu a importância da iniciativa, realizada em parceria com as secretarias municipais de Desenvolvimento Social, Educação, Saúde e Trabalho e Emprego: — Sem a integração dos órgãos municipais seria impossível manter o Damas. O projeto busca reinserir social e profissionalmente as travestis e as transexuais que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Incentivamos a retomada dos estudos, devido à evasão escolar, e orientamos sobre o mercado formal de trabalho.

Durante seis meses, as alunas compareceram às aulas com psicólogos, fonoaudiólogos, juristas, médicos, infectologistas e especialistas em hormonioterapia. Os encontros abordaram temas e questões como comportamento, ética, direitos humanos, etiqueta, saúde, direito, Língua Portuguesa, inglês, orientação vocacional e mercado de trabalho. Elas também estagiaram em empresas privadas, organizações não governamentais e órgãos públicos, a fim de vivenciarem o dia-a-dia do mercado de trabalho.

Duas das alunas do projeto, Juliana Silva e Gisela Torquato, relataram suas experiências e dificuldades na mesa de debates sobre "A Inserção no Mercado de Trabalho como um Direito Constitucional". Elas afirmaram que ainda há preconceitos das empresas na hora de contratar uma travesti ou transexual.

— Infelizmente, ainda há discriminação. Porém o espaço se ampliou, devido às ações da prefeitura. Sou grata ao Damas e a todos os envolvidos no projeto, que merece ser reverenciado por lutar pela discriminação em todos os níveis. Sou grata também à Nayse Lopes pela oportunidade de emprego — disse Gisela Torquato, visivelmente emocionada, que está trabalhando como auxiliar de serviços gerais na ONG Associação Cultural Panorama, presidida por Nayse, que entregou à funcionária o diploma do curso.

Também participaram do debate a gerente de Grandes Contas da empresa Adecco-RH, Marcela Graça Lima, a vereadora Laura Carneiro, e o deputado federal Jean Wyllys. Mediador do debate, Tufvesson garante que a cidade avançou em relação às políticas públicas para travestis e transexuais:

— Pesquisa que nos foi entregue pelo grupo Transrevolução, em 2011, indica que 90% das travestis e transexuais que se prostituem nas ruas do Rio gostariam de estar inseridas no mercado formal de trabalho. O Damas procura capacitá-las para minimizar o preconceito na hora da contratação, mas sabemos, por relatos, que o preconceito ultrapassa a competência técnico-profissional na hora da seleção.

O seminário também discutiu "Saúde é Cidadania", com a participação do subsecretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, da promotora de Justiça, Claudia Türner, da presidente do Grupo Transrevolução, Indianara Siqueira, e do professor da Escola de Serviço Social, Guilherme Almeida. A mediação do debate foi de Daniela Murta, assessora de saúde da Ceds.

— Nossa maior intenção é resgatar a dignidade, porque todas as alunas têm esse direito. E nós vamos continuar lutando por cada delas, mesmo após a conclusão as turmas — disse Carlos Alexandre Neves Lima, um dos coordenadores do projeto, acrescentando que já há previsão de quatro novas turmas até 2015. | Ricardo Albuquerque.

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