Espírito Santo em primeiro lugar no armazenamento de células-tronco

Proporcionalmente é o Estado com maior número de criopreservação no Brasil, com mais de três mil clientes.

Vitória (ES) - De 2003 a 2012, um total de 77.049 bolsas de células-tronco de sangue de cordão umbilical foram armazenadas em 19 bancos de criopreservação, distribuídos em 11 estados brasileiros. As informações são do relatório de Avaliação dos Dados de Produção dos Bancos de Sangue do Cordão Umbilical da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), divulgado em novembro. Proporcionalmente, o Espírito Santo é o Estado com a maior penetração desse serviço em todo o país, comparando-se o tamanho da população. Só no Criobanco Medicina e Terapia Celular, único banco de armazenamento local, já são mais de três mil casais que contrataram o serviço.

Giuliano Malenza e a esposa Fernanda são um exemplo. Eles formam o casal de número 3 mil a criopreservar as células-tronco da filha, nascida recentemente. “Optamos pela contratação do serviço acreditando na evolução da tecnologia e nos reais benefícios que podem ser proporcionados. Sabemos que não temos nenhuma comprovação, nem promessa, mas preferimos estar resguardados, dada a importância das células-tronco na medicina”, afirmou Giuliano.

Segundo o hematologista Edgard Nascimento, as células-tronco de cordão umbilical são usadas principalmente como alternativa ao transplante de medula óssea para tratamento de pacientes com doenças do sangue. Isso porque, assim como a medula, o sangue do cordão é rico em células hematopoiéticas, ou seja, capazes de originar ou regenerar os tipos de células que circulam no sangue. “Atualmente, as células-tronco de cordão umbilical e de várias outras fontes estão sendo usadas em pesquisas clínicas por todo o mundo para tratamento de mais de 70 tipos de doenças, como mieloma múltiplo, linfomas de Hodgkin e não Hodgkin, leucemias agudas, tumores germinativos, aplasia de medula óssea, doenças neurológicas, autoimunes, articulares e do fígado”, afirmou o médico.

De acordo com o diretor-executivo do Criobanco Medicina e Terapia Celular, Rodrigo Motta, o aumento pela procura desse tipo de serviço se deve à maior divulgação do tema e ao avanço das pesquisas aliado à maior informação das famílias e à queda no valor de contratação. “A vantagem da coleta para transplante autólogo (para uso no próprio paciente) é a disponibilidade imediata, o que significa que o paciente não precisa aguardar um doador compatível’, destacou. Segundo ele, cerca de 300 casais procuram pelo serviço mensalmente, sendo 13% por indicação de amigos e outros 11% por indicações médicas.

Quais as fontes de células-tronco?

Capazes de se multiplicar e se diferenciar em diversos tecidos, as células-tronco são encontradas em todo o corpo humano. No entanto, as fontes mais utilizadas, em virtude da grande disponibilidade, são as da medula óssea e do sangue do cordão umbilical.

Quais as vantagens das células-tronco retiradas do sangue do cordão umbilical e da medula?

As células-tronco do cordão umbilical apresentam menor chance de rejeição após o transplante, a disponibilidade é imediata, diminuindo a necessidade de busca por um doador compatível. Ao serem armazenadas, permanecem jovens, possuindo um potencial regenerativo superior ao das células da medula. Em contrapartida, as células provenientes da medula possuem um período de “pega” menor, ou seja, o paciente transplantado retoma sua defesa imunológica mais rapidamente.

Quais doenças podem ser tratadas com a célula-tronco do sangue do cordão? Leucemias, linfomas, mieloma, deficiências imunológicas, anemias, doenças do metabolismo, osteoporose, entre outras que possam ser tratadas através de transplante de medula. Estudos indicam, para o futuro, a possibilidade de cura de diabetes tipo 1, esclerose múltipla, lesões raquimedulares, cerebrais, ósseas e articulares, doenças cardíacas (como insuficiências, infarte e de Chagas), etc.

Quanto custa?

O serviço de coleta e processamento das células-tronco de cordão umbilical custa em média R$ 3 mil. Para a manutenção do material criopreservado há uma taxa aproximada de anuidade de R$ 600,00, o equivalente a R$ 50,00 por mês. O valor tende a diminuir à medida que aumentar o número de usuários e que os insumos utilizados no processo de criopreservação forem sendo produzidos no Brasil, ao invés de importados.

Como é realizada a coleta?

Durante a gestação uma enfermeira acompanha a mãe até o momento do parto, que pode ser realizado em qualquer maternidade, e conduz a coleta do sangue e seu encaminhamento ao banco para processamento e armazenamento. Uma vez congelado o sangue fica em tanque de nitrogênio líquido a temperaturas baixíssimas (cerca de -196ºC).