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05/12/2007 - 09:18

Resgate de Valores e Família

Ao falar de Educação, temos em mente não apenas um processo que desencadeie a preparação formal do indivíduo para sua posterior inserção na sociedade. Esta idéia de que "preparar para o futuro" está relacionada com a oferta de muito conteúdo intelectual, que deve ser absorvido ao longo de algumas fases da vida do ser humano, precisa ser revista, e com muita urgência.

O estado caótico que estamos presenciando em nossa sociedade, e que não é privilégio nacional, é o reflexo de uma forma educacional que já caducou, e que deixou marcas muito tristes no cenário. Assistir ao desmoronar moral de uma sociedade, onde a ética está encoberta por uma sombra de descalabros, de total falta de senso de humanidade, faz com que repensemos, criteriosamente, a raiz deste panorama.

Seja na escola, seja na família, a Educação necessita passar por uma análise profunda, para que sejam levantadas as necessidades de uma transformação na forma de atuar destas duas instituições basilares da sociedade humana.

O que está faltando para que se possa vislumbrar um quadro mais tranqüilo, mais respeitoso, mais digno do próprio Homem? Essa reflexão precisa ser feita em caráter de urgência!

Não se trata de discutir método de alfabetização, método de ensino, recursos pedagógicos, reforma universitária, ou coisas afins. Falamos de verificar o que faltou no processo de educação que se tem desenvolvido nas últimas décadas. Vamos começar nossa análise pela família. Afinal, essa instituição é a primeira e mais importante na formação do indivíduo. O que está acontecendo na família?

Verificamos que, na sua maioria, a família "perdeu o rumo", "perdeu suas referências". Numa sociedade em que as aparências externas ganharam mais importância, em que quanto mais se tenha dá a idéia falsa de ser melhor, um grave problema surgiu para a família: falta de tempo para os relacionamentos. Falta do diálogo, daquele que permite saber como o outro está, daquele que dá a sensação de pertencimento ao conjunto.

Em família devem surgir os primeiros e mais significativos exemplos. De há muito se sabe que é observando que a criança aprende. E o que têm a criança e o jovem observado? Uma família sem vínculos, onde o afeto está sendo substituído pelos objetos. O tempo, escasso para o diálogo, é substituído pelo lazer eletrônico.

É fácil verificar as conseqüências, quando analisamos um grupo de jovens, por exemplo, em tenra idade, que "aparentemente" está junto. Cada um tem seu celular que é acionado, repetidamente, para falar com alguém que não esteja presente. E conversas paralelas se estabelecem. O que isso quer dizer? Aquele olhar no olho do outro não foi construído, há medo de olhar no olho do outro, pois o hábito não foi criado. A idéia de estar junto é apenas a sensação de pertencer a uma "tribo" de pessoas, mas não a de estar com pessoas.

Quando casais estão juntos, num restaurante, por exemplo, e verificamos que o celular vira diversão individual (cada um fala com alguém distante, ou joga alguma coisa sozinho), constatamos, uma vez mais, que as estruturas de um relacionamento real e efetivo não estão sendo estabelecidas.

Para criarem-se vínculos é preciso haver investimento profundo. Paciência, dedicação, doação, são valores indispensáveis. Quando o hábito de conversar e olhar o outro em seus olhos não existe, os laços se tornam muito fracos e podem romper-se com muita facilidade, e é o que vemos. Cada um leva a sua vida, cada um é um indivíduo solitário dentro de um "pacote" familiar. E as conseqüências são extremamente danosas, fáceis de serem diagnosticadas: egoísmo, individualismo, solidão, depressão, agressividade, desrespeito pelo outro...

No mundo exterior, fora dos limites convencionais da família o panorama é ainda pior. Há danos irreversíveis tanto a nível individual quanto a nível social. A busca por satisfação pessoal e individualista gera sintomas perigosos: abuso do álcool, uso de drogas lícitas ou ilícitas, sexo desvairado como compensação (e até como forma de agressão), espasmos de ódio e vingança, e muito sofrimento!

. Por: Sonia Maria Alvarenga Braga é psicopedagoga, consultora educacional, diretora pedagógica da Meimei Escola Montessoriana, e Relações Internacionais da Organização Montessori do Brasil.

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