Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

05/12/2007 - 09:21

A vez das aves

O gigante americano do ramo de alimentos, Tyson Foods, pretende entrar no mercado industrial brasileiro pela aquisição do frigorífico, Pena Branca, em São Paulo. Ele fará no país a sua base produtiva para atender o mercado mundial. A empresa pretende investir fora dos Estados Unidos, e a aquisição faz parte da estratégia de crescimento das vendas, dos atuais US$ 3 bilhões para US$ 5 bilhões até 2010.

A produção de frango nos Estados Unidos tem enfrentado um problema de custo que tem se agravado nos últimos anos. A demanda norte-americana por etanol, produzido lá a partir do milho, elevou a concorrência pelo grão e, em conseqüência, os preços. O preço médio histórico do milho era de US$ 82,60 a tonelada. No período de um ano e meio, o preço do grão subiu para US$ 153 a tonelada.

A entrada da Tyson Foods no Brasil ajudará a abrir mercados fechados, como o japonês e da União Européia, para carne de suíno in natura, e o dos Estados Unidos e México, para carne de frango in natura. A outra razão para a escolha do Brasil está no custo de produção. Custa US$ 0,43 a produção brasileira, enquanto nos Estados Unidos não se consegue produzir por menos de US$ 0,55. Já na Tailândia se eleva para US$ 0,60.

A diferença nos Estados Unidos vem crescendo nos últimos meses porque cada vez mais a produção do milho é canalizada para produção do etanol. Tanto que os principais jornais americanos estão noticiando que está sendo colocado alimento nos tanques dos veículos. Antecipando possíveis mudanças nas rotas exportadoras do país. A Rússia já abriu o seu mercado, que estava fechado em razão de sanidade animal, para a carne suína produzida no Brasil.

A entrada da Tyson Foods no mercado brasileiro foi uma das razões centrais para a Sadia tentar adquirir a Perdigão, em 2006. A oferta de R$ 3,88 bilhões foi recusada pela Perdigão que agora assumirá a liderança do setor no Brasil após a fusão com a Eleva. Tornou-se desta forma a maior indústria do país no ramo de aves.

Está havendo uma concentração no mercado industrial brasileiro de aves, o que tem beneficiado outras empresas. Como é o caso da empresa Minupar, de Lajeado (RS), controladora da Cia. Minuano e da catarinense Frigumz. A empresa que estava concordatária solicitou nesta semana à Justiça o levantamento dessa situação, após passar por um processo de saneamento financeiro.

As medidas positivas tomadas ao longo de todo o processo foram acompanhadas nas analises dos balancetes trimestrais da empresa. Isso acabou se refletido em excelente alta de suas ações na bolsa neste ano. Ocupa a empresa o primeiro lugar em valorização das empresas gaúchas.

Para se ter uma idéia do que acontece com uma organização que entra em situação de concordata, a época do pedido o seu valor em Bolsa era de R$ 2 milhões. Nos últimos negócios nesta semana com suas ações em bolsa, o valor da empresa pulou para R$ 120 milhões. É um exemplo do que pode acontecer quando os fatos estão a favor.

Está havendo concentração em vários segmentos empresariais, não só aqui no Brasil como no mundo. Isso está acontecendo na área bancária, com as empresa siderúrgicas, e com grandes redes de supermercados, apenas para citar três exemplos que estão expostos na mídia. É o que se chama de economia de escala, produzir mais com custos menores. Do mesmo modo está acontecendo com o ramo frigorífico de aves e suínos, e de seus produtos industrializados. Chegou à vez das aves.

.Por: Décio Pizzato, Economista, articulista do Jornal do Comércio (Porto Alegre) desde 1995. Faz palestras sobre economia contemporânea para cursos de graduação e pós-graduação (RS). Atua como consultor de cenários de econômia contemporânea brasileira. | e-mail: [email protected]

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira