Professor da UFRJ questiona formas de urbanização de favelas e de recuperação das áreas centrais de cidades

O terceiro e último dia do encontro Metrópoles – América Latina e Caribe, que está sendo realizado em Belo Horizonte e reúne prefeitos e técnicos de mais de 50 cidades latino-americanas – foi aberto pelo professor Adauto Lúcio Cardoso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que fez conferência sobre a recuperação das grandes cidades, que integra o tema “Reabilitação Urbana: a cidade inclusiva”.

Adauto abordou, com mais destaque, dois assuntos: a urbanização das favelas e a recuperação das áreas centrais. Com relação ao primeiro, o professor da UFRJ destacou o fato de o Brasil estar se tornando referência para outros países do hemisfério sul. No entanto, o especialista chama atenção para a qualidade das obras de urbanização. “Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, já existem favelas que estão passando pelo terceiro processo de revitalização e urbanização em um período inferior a 30 anos”.

Segundo ele, por se tratar de um processo de revitalização feito em regiões de infra-estrutura precária, o mais comum é utilizar material barato e de má qualidade, que se deteriora em poucos anos. “É preciso estar atendo para este problema, pois, caso contrário, o processo de urbanização corre o risco de fracassar”, afirmou.

Outro assunto importante colocado por Adauto é a forma como é feita a recuperação dos centros históricos de grandes cidades, que não leva em consideração a população que vive nestas áreas. “Um bom exemplo neste sentido é o Pelourinho, em Salvador (BA), que passou por um grande processo de revitalização, que o transformou em uma grande vitrine para turistas, expulsando a população que vivia ali”, disse o especialista. A mesma coisa aconteceu com a região do Dragão do Mar, em Fortaleza (CE). Adauto afirmou ainda que as favelas vão continuar crescendo caso os governos não encontrem uma alternativa racional de moradia para as populações de baixa renda.