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14/02/2014 - 07:30

SUS enfrenta desafios para reabilitar pacientes idosos com implantes dentários

A odontologia pública não deixa de ser uma realidade para os brasileiros. O SUS deveria viabilizar mais essa realidade. Apesar de não parecer, é um dos sistemas de saúde (na teoria), mais bem elaborados. Ao mesmo tempo, na prática, não atinge seu formato ideal por diversos fatores – entre eles, a falta do conhecimento de seus princípios doutrinários e organizativos – que criam abismos entre profissionais. Neles, convivem não permitindo que pacientes (principalmente idosos) tenham acesso a tratamentos reabilitadores, como no caso de centros privados de pesquisa e desenvolvimento e/ou universidades.

Historicamente o Brasil carregou dados alarmantes referentes a programas públicos de saúde bucal, principalmente aos que são voltados à população de baixa renda. Descobriu-se só agora que não ter dentes é um problema de saúde pública, e que isto afeta gravemente a saúde geral de qualquer pessoa. E desde então esse enorme vazio vem sendo preenchido – de certa forma – nesses anos mais recentes, com novas políticas de saúde incorporando a Odontologia na prática médica do dia a dia.

O acesso ao cirurgião dentista tem melhorado – principalmente no aspecto preventivo para população mais jovem – mas muito se discute quando o tema é “qualidade de serviços interventivos”, visto que há um total abandono da população mais idosa. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a terceira idade compõem 14,9 milhões de brasileiros, que atualmente poucos recebem tratamento odontológico realmente eficaz.

Resultados da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD) confirma a precariedade de acesso dos brasileiros ao dentista, nesses últimos anos. O aumento mais significativo não chegou a duas casas, crescendo apenas 8% em 10 anos. E o mais gritante: deste total, 77,9% são crianças de até quatro anos de idade.

Vale lembrar que em 1998 o IBGE revelou que aproximadamente 1/5 da população, ou seja, 19,5% nunca tiveram acesso a tratamento odontológico. Entre os pesquisados, segundo o PNAD, 49,3% usaram o sistema público. Resultado: mais da metade dos entrevistados utilizou sistemas privados ou público privados. Deveria entender por que mais da metade da população em questão, de baixa renda, não procurou o sistema público! Falta de conhecimento? Restrições para os atendimentos? Especialidades não cobertas? Falta de especialistas para tratamentos interventivos de alta complexidade e reabilitadores?

Deve-se salientar, entretanto, que a população idosa no Brasil vem aumentando consideravelmente, e que apesar do aumento do acesso da população mais jovem ao dentista são poucos os idosos e mutilados bucais que tem acesso a reabilitações que promovam a saúde do idoso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza um mínimo de 20 dentes para uma mastigação satisfatória de um indivíduo. Será que os brasileiros se encaixam nesse contexto?

Colaboração Público-Privada: Dentre as formas de gerar acessibilidade a essa população a busca de parcerias entre entidades públicas e privadas se faz necessária, pois além de tratar os idosos, delas surgiram conceitos científicos de desenvolvimentos necessários à implementação de tratamentos reabilitadores a grande parte de uma população idosa.

Visando esta lacuna, desde 2011 o Instituto CIOB–SP, um centro de desenvolvimento de pesquisa aplicada, realiza triagens para tratar o público da terceira idade – geralmente, são desdentados totais. O intuito é de reabilita-los com implantes dentários, desenvolvidos para serem mais eficazes e menos doloridos.

Tal projeto foi elaborado com a ajuda da iniciativa privada e o instituto. Através de estudos científicos foram desenvolvidos materiais tecnológicos e métodos que permitiram que esses pacientes de baixa renda fossem reabilitados completamente. A meta do instituto é reduzir custos com qualidade, rapidez e tecnologia. Os estudos são viabilizados através de parceria pontuais do setor privado; e no futuro próximo a intenção é de que essas parcerias sejam mais expressivas, capazes de tornar esse tipo de atendimento a um público real muito maior.

Mente, boca e intestino: dificuldade de digestão dos nutrientes, falta de mastigação, problemas psicológicos, baixa estima, insegurança e dificuldade de convívio social e desemprego eram queixas comuns, antes dos pacientes serem reabilitados de forma eficaz. Esses idosos também procuravam as unidades públicas de saúde e relatavam desconfortos digestivos e problemas intestinais severos – e que foram resolvidos graças a estas reabilitações modernas, eficazes e de baixo custo.

Uma real aproximação do SUS junto a universidades ou institutos de desenvolvimento e pesquisas nacionais poderá ampliar as técnicas e materiais já utilizados e, consequentemente, melhorar significativamente a qualidade dos desdentados totais no Brasil. Iniciativas como estas podem gerar ganhos práticos a uma população que em pleno século XXI continua abandonada, do ponto de vista odontológico.

. Por: Marcelo Sarra Falsi – Dentista, mestrando e especialista em Implantodontia, professor-coordenador do Curso de Implantodontia do Instituto CIOB, centro de desenvolvimento de pesquisa aplicada:[ www.ciob.com.br].

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