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06/12/2007 - 15:53

O futuro das relações Colômbia-Venezuela

A derrota do presidente Hugo Chávez no domingo, no seu projeto de transformar a Venezuela em uma república socialista bolivariana, traz impactos políticos e econômicos para o país e a região que ainda precisarão ser analisados com mais cuidado. Em um primeiro momento, será necessário acompanhar as próximas iniciativas do líder venezuelano, pois mesmo reconhecendo a vitória do "não", ele afirmou que a busca da transformação do país não havia terminado. Assim, a recente crise com o presidente Colombiano Álvaro Uribe não deve ser entendida como superada totalmente.

Os laços comerciais entre Colômbia e Venezuela são muito grandes, sendo que o vizinho é o segundo maior parceiro econômico de Caracas, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Mesmo com a crise diplomática não, há indícios de que o comércio entre os dois países teria sido afetado e isto é um bom indício de que as relações podem ser normalizadas rapidamente. O comércio transfronteiriço é significativo e possui uma população muito grande dos dois países que vivem nessa região, favorecendo, nos últimos anos, a integração e a busca de soluções por parte dos dois governos.

Contudo, a atual Constituição, aprovada em 1999, de inspiração "chavista-bolivarianista", dispõe sobre uma possível criação da Grã-República Bolivariana, que seria a reincorporação da Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela. Por mais que ninguém imagine que tal proposta possa ser colocada em prática, ela gera uma grande desconfiança entre os colombianos, que já têm outras disputas e desentendimentos com a Venezuela, e que se acirraram com a presidência de Hugo Chávez.

A primeira, e mais longa, é a disputa por águas territoriais na região do Golfo da Venezuela, área rica em petróleo. A segunda questão remete à guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que atuam há mais de quarenta anos, têm sua origem nos movimentos de esquerda da época da Guerra Fria, mas agora se associou ao narcotráfico e se fortaleceu, além de ainda tentar derrubar o governo. Por esse passado histórico e discurso ideológico, o presidente Hugo Chavez sempre teve uma relação muito próxima com as FARC, lhe concedendo status político e procurando ser um intermediador do conflito. Como o governo colombiano conseguiu apoio de Washington para combater o grupo - por meio do Plano Colômbia -, os interesses entre os vizinhos sul americanos têm entrado em choque constantemente, inclusive sendo o fator que levou à atual crise.

O relacionamento entre os dois governos está condicionado diretamente a estes fatores, que não vão desaparecer tão cedo. Assim, o futuro de Colômbia e Venezuela será decidido pela importância e peso que cada lado dará a cada um deles. Mas principalmente, como, de agora em diante, o presidente Chávez agirá.

. Por: Gunther Rudzit é Doutor em Ciência Política pela USP, Mestre em National Security por Georgetown University, ex-assessor do Ministro da Defesa (2001-02), e professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco.

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