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08/12/2007 - 13:03

O impacto dos biocombustíveis na geografia energética mundial


As indicações e perfil mundial do setor energético é discorrido pelo Dr. Roberto Y. Hukai – professor do Instituto de Energia e Eletrotécnica – USP e PH.D pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) durante o IV Encontro Empresarial Brasil-Portugal Energia 2007, realizado pela Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, e organização do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, com apoio de várias empresas nacionais e internacionais cujo tema foi: “ Movidos pela mesma energia”, criação da Agência Aroldo Araújo Propaganda, no Hotel Sofitel Rio, em Copacabana, Rio de Janeiro, com anfitrião da Câmara Portuguesa, o senhor Luís de Avillez e participação de várias autoridades como o governador Sérgio Cabral, o vice-governador Luiz Fernando Pezão, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Serviços, Júlio Bueno, entre outros.

Entre os palestrantes várias personalidades da política e estudiosos dos setores ligados a energia, um deles foi o Dr. Roberto Hukai o qual deu uma visão mundial do setor energético nos tópicos a seguir:

A questão do petróleo

•Atualmente, 93% das reservas de Petróleo estão em mãos das companhias nacionais de petróleo (Oriente Médio, Rússia, Nigéria, Venezuela, Bolívia, Equador etc.). Há 20 anos, 95% estavam em mãos privadas. | •Portanto, as questões geopolíticas se tornaram predominantes na definição dos preços | •Em 1995, as reservas mundiais de petróleo cresceram subitamente em mais de 25%. Por quê? | •Porque a OPEP definiu que, a partir de então, a produção de cada país seria proporcional às reservas (e não necessariamente devido ao aumento real de reservas certificadas). | •O consumo de petróleo tem aumentado 2,3% ao ano, desde 1965

Limite de produção em 100 milhões de bbl/d (hoje, 85 milhões de bbl/d)

• O mundo está se aproximando de um limite de produção diária devido a: Acesso restritivo às novas áreas de exploração | Custos exponencialmente crescentes | Aumento da complexidade geológica dos novos campos de petróleo | • Christophe de Margerie, CEO da Total disse que a produção de 100 Mi. bbl/d em 2030 será alcançada, mas com dificuldades | •James Mulva, CEO da ConocoPhillips, disse ern Wall Street: "l don't think we are going to see the supply going over 100 million barreis a day.... Where is ali that going to come from?" | •Sadad Ibrahim Al Husseini, ex-chefe dade E&P da ARAMCO-Arabia Saudita disse que não haverá suficiente número de engenheiros e de equipamentos | •Até 1970, descobriu-se 10 campos gigantes capazes de produzir mais de 600.000 bbl/d | •Nos 20 anos seguintes descobriu-se mais 2. E, desde 1990, contudo, descobriu-se somente um, de Kashagan, no Casaquistão, capaz de produzir mais de 500,000 bbl/d e, agora o Campo Tupi, no Brasil

Emergência de dois novos fatos determinantes (1950 – 2050)

•Primeiro Fato Determinante - O aquecimento global | •Segundo Fato Determinante - A entrada de 2,5 Bilhões de nova população na economia de consumo, até 2040 (atualmente, de 1,5 Bi.)

O significado da questão ecológica

•É preciso diminuir a emissão de €02, e a participação dos EUA nesta questão é fundamental | •O álcool de milho apresenta um balanço favorável de emissão de C02 menor que 30%. Portanto, para os EUA, o Etanol de milho pode diminuir a dependência do petróleo externo, mas a sua contribuição para a diminuição do aquecimento global é pífia. | •O Etanol de cana tem um balanço positivo de 60%, mas pode alcançar mais de 90%

Uma constatação da questão ecológica

• Emissões antrópicas de C02: - 40% devidos à queima de petróleo e derivados | - 40% devidos à queima de carvão | - 20% devidos á queima de gás natural | •O mundo parece preocupar-se somente com os combustíveis líquidos, e se esquece dos sólidos | •Os dois principais usos finais da energia se referem à: produção de eietricidade, e ao uso no setor de transportes

O segundo fato determinante: crescimento da economia mundial

•450 milhões, da população mundial, saíram da condição de extrema pobreza desde 1980. A receita per capita dobrou neste espaço de tempo, e a vida média nos países emergentes cresceu para 65 anos. | •De 1970 a 2004, as exportações mundiais dobraram. Neste mesmo período o financiamentos para tomadores privados alcançaram US$ 1,0 trilhão. | •A entrada de 2,5 bilhões. de pessoas na economia de consumo até 2040 demandará uma enorme quantidade de novos recursos minerais naturais, especialmente, de petróleo, gás, carvão, biomassas e urânio. | •É impossível parar a produção de carros para estes novos consumidores

As conseqüências da entrada de 2,5 bilhões de consumidores na economia mundial

•Segundo o Banco Goldman Sachs, o número de carros na China deverá atingir 400 milhões em Z040 (de porte médio equivalente) | •Os EUA, hoje com 138 milhões de carros, em 2040 deverá ter 200 Mi. de carros em operação. Na índia, haverá 300 milhões, (de porte médio equivalente) | •Em 2040, o consumo de gasolina e óleo Diesel somente no Brasil, EUA, China e índia será capaz de acabar com as reservas atuais de petróleo da Venezuela em 3,5 anos, e da Arábia Saudita em 12 anos.

Condições básicas para produção de biocombustíveis: Terra, Água e Sol

•Austrália possui terras tanto quanto Brasil, mas tem somente 1% das reservas de água doce do mundo, enquanto o Brasil possui 22% | •A China, também possui terras tanto quanto o Brasil, mas não tem água | •Os EUA também não têm novas terras com água | •O Canadá e a Rússia têm mais terra e água doce do que o Brasil, mas não têm Sol | •Mesmo dentro do Brasil, no Norte há 35% mais fotosíntese do que em Ribeirão Preto (3.500 horas de sol/ano versus 2.600 horas/ano)

Disponibilidade de terras aráveis

Pais | Área Arável (milhões de hectare) | Área Cultivada/Área Arável, respectivamente.

China | 138 | 100%

India | 169 | 100%

EUA | 269 | 70%

Canadá | 76 | 61%

Rússia | 220 | 60%

Austrália | 84 | 56%

Brasil | 394 | 16% | *Fonte: FAO

Brasil é maior que os EUA Continental: Disponibilidades e usos de terras no Brasil

•Área territorial total do Brasil - 851 milhões de hectares | •Amazônia e áreas protegidas - 463 milhões de hectares | •Área tecnicamente agriculturável - 388 milhões de hectares | •Área atualmente utilizada em agricultura - 63 milhões de hectares | •Área atualmente ocupado pelas pastagens - 220 milhões de hectares | •Área utilizada na plantação de Cana (45% para açúcar) - 6.3 milhões de hectares | •Área utilizada na cultura da soja - 23 milhões de hectares.

Produção de Etanol e Biodiesel no Brasil

•O Brasil é o líder na produção de Etanol de cana de açúcar, aproximando-se de 20 bilhões L/a de produção | •Somente 3.4 milhões de hectares de terra estão sendo utilizados, atualmente, para produzir Etanol de cana-de-acúcar | •Há mais de 220 milhões de hectares de pastos e cerrados, terras cultiváveis afora da Amazônia e áreas protegidas, (Pantanal, Mata Atlântica, etc.) ainda disponíveis para a plantação de cana, mandioca, pinhão manso etc. | •Se toda estas terras forem utilizadas para a plantação de Biocombustíveis, a quantidade de biocombustíveis assim gerados poderia substituir todo o consumo de gasolina e óleo diesel do mundo.

Produção de Etanol e Biodiesel no Brasil: Cana e Mandioca

•A cana requer água da ordem de 1,500 mm por ano | •A plantação da mandioca sobrevive com a metade desta quantidade, apesar da sua produtividade melhorar substantivamente com mais águas. | •Na Tailândia já existem diversas usinas de álcool de etanol de mandioca e no Sul da China está em construção uma usina de mais de 1 bilhão de L/A de capacidade | •Para o álcool da mandioca é necessário converter, primeiramente, o amido em açúcares e, depois disso, o processo é igual ao da produção de Etanol a partir da cana

Produção de Etanol e Biodiesel no Brasil: A Importância da Logística

•O Etanol ainda não é uma commodity internacional. Toda exportação de Etano, ainda é feita no mercado spot. | •Para se converter o Etanol/Biodiesel em uma commodity internacional há quatro pré-condições básicas: (1) Criação de uma logística internacional; (2) Assegurar a disponibilidade de grande quantidades de terras em diversas regiões do mundo; (3) Economia de escala de produção; (4) Padronização mundial | •No passado, a grande maioria das novas produções de etanol era feita no Sudeste do Brasil, pois visava o mercado doméstico | •Com o advento do mercado de exportação, uma nova distribuição de terras para cultivo de biocombustíveis deve surgir no Brasil e uma nova logística internacional deve surgir.

Otimizando a logística internacional

•Um novo e importante fato é o alargamento do Canal do Panamá, ora em início do processo de construção, o que permitirá a travessia de navios Suezmax, capazes de transportar 200 Mi.litros de etanol | •Assim, o Canal do Panamá poderá tornar-se o caminho natural para a navegação oceânica Brasil-Oriente (cerca de 10% menor que São Sebastião-Yokohama) | •Assim, as terras e as saídas do Norte do Brasil (Itaqui, Pecém) adquirirão grande importância devido a: -Distância a New Orleans - Houston é 40% menor que de São Sebastião; -Distância ao Canal do Panamá é 47% mais curta; -Distância a Rotterdan (EU) é 35% mais curta.

O potencial de produção de Etanol no Brasil

Hipótese Teórica: Com somente 97 milhões de hectares (1/4 da área agriculturável nova do Brasil), com o cultivo da cana para produção de Etanol com o uso de tecnologia atualmente disponível no mercado, pode-se produzir: 870 bilhões de litros de etanol por ano. Isto é igual a: •650 bilhões de litros de gasolina (55% do consumo anual de gasolina no Mundo) | •11.2 milhões de BBL/d de petróleo = importação total dos EUA | •Capacidade total de produção de petróleo da Arábia Saudita | •55% da produção diária atual de petróleo dos EUA | •2.5 vezes o consumo diário do Japão; 1,6 vezes o da China | •5, 6 vezes o consumo diário do Brasil | •A diminuição de 1,7 bilhões de toneladas de CO2 por ano.

Com a ajuda da irrigação, do uso apropriado de fertilizantes, dos progressos derivados das pesquisas em biotecnologia, e o aumento da produtividade industrial da produção do Etanol da cana, a produção de Etanol poderá mais do que dobrar.

Emissão de CO2: Etanol VS Energia Nuclear

•O Laboratório de Energia do MIT propôs a seguinte ideia: construir 1.000 reatores nucleares de 1.000 MW cada até 2050 para: Substituir as usinas aposentadas, de Carvão e Gás nos EUA, e novas usinas no resto do mundo. | •Isto diminuiria a emissão de 2,9 a 6,6 bilhões de Ton/a de CO2 (dependendo de substituir usinas a Gás, ou de Carvão) | •Custo estimado: US$ 2,O trilhões. de CAPEX | •Com um investimento de US$ 1,6 trilhões em Etanol de cana, com a tecnologia de hoje, se produziria uma diminuição de 3, 2 bilhões de Ton/a de CO2, somente na substituição de gasolina. | •Além disso, com bagaço e palhas/pontas, se poderia cogerar cerca de 480.000 MW de eletricidade, ou seja, 240.000 MW equivalente o ano todo, diminuindo de 0,7 a 1,58 bilhões de Ton/a de CO2 (dependendo de substituir gás ou carvão) | •No cômputo geral, se diminuiria cerca de 3,9 a 4,8 bilhões de Ton/a de CO2. | •Conclusão: com 20% menos de capital, os efeitos decorrentes de ambas as alternativas, na média, são equivalentes. Mas, os dois sistemas, provavelmente, subsistirão complementarmente.

Impactos geopolíticos da nova geografia

•Diminuição da tensão internacional devido aos preços do petróleo: Os custos do etanol de cana-de-açúcar, sendo equivalentes a US$ 40/bbl vai impor um teto à alta dos preços do petróleo | •Solução para o problema do aquecimento global: Utilizando-se dos biocombustíveis hoje produzidos, ao invés de se usar os biocombustíveis gerados há mais de 150 milhões de anos (petróleo, gás, e carvão), pode-se resolver a questão do aquecimento global. | •Redução da Poluição Urbana: A utilização de etanol e biodiesel em massa contribuirá para a diminuição de emissão de toxinas, ozônio e monóxido de carbono no ambiente urbano | •Novos players no cenário mundial de energia: grandes companhias de agronegócio energético se tornarão importantes players mundiais em produção de energia, ocupando em parte o lugar das grandes companhias de petróleo | •O papel de Cuba na era pós-Fidel: Cuba poderá tornar-se um grande pólo de produção de biocombustível na América Central | •A importância da água: A água doce poderá tornar-se uma poderosa fonte de riquezas no futuro, como o petróleo no mundo de hoje. Exemplo: a produção de um litro de etanol de milho requer 4.500 litros de água, enquanto que o etanol de cana requer 1.500 litros, e o de mandioca 1.000. | •Uma Nova Geografia Energética: Os cerrados e pastagens brasileiras emergirão como um novo e grande centro de produção de energia na nova geografia energética do mundo.

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