Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

14/03/2014 - 08:53

1 ano com Francisco

13 de março de 2014. Há um ano atrás, o mundo vivia uma espera tensa e uma expectativa imensa contemplando uma pequena chaminé na Capela Sistina. Dias chuvosos antecederam a escolha daquele que viria a ser o primeiro papa não europeu e o primeiro jesuíta a assumir o trono de Pedro no Vaticano. Foi assim que, numa atmosfera de alterações climáticas, naquela noite o cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio foi anunciado como o próximo Papa. Ao tomar posse, em 07 de abril do mesmo ano, o Papa assumiu o nome de Francisco, um reformador da igreja primitiva, com a missão de reformar uma igreja manchada pela corrupção, por escândalos e com uma grande evasão de fiéis.

A sua origem latino-americana logo se fez notar pela sua forma peculiar de se dirigir ao povo e de conduzir sua vida e a vida no vaticano. O primeiro papa em 13 séculos com origem do outro lado do Atlântico traz consigo a vivencia de mudanças de sistemas de governo e de revoluções, do choro das mães da praça de maio e da luta dos teólogos da libertação. Sendo o primeiro papa jesuíta, apesar de seu “jeito” franciscano de vida sem pompas ou regalias, Francisco resgatou a missão de educação originária de sua ordem religiosa, aproximando-se dos ouvintes com um diálogo franco e didático. Nas palavras do Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Scherer: “Francisco tem clareza sobre sua missão mais urgente, na condição de sucessor de Pedro: restituir ao povo católico a alegria do Evangelho, a identificação com a própria Igreja e o senso de pertença a ela.”

Tendo o passado jesuítico em nossa terra deixado um legado tão dúbio quanto aos seus resultados, desprezando as religiões indígenas e africanas, o jesuíta Francisco vem de certa forma resgatar a imagem desta Ordem no Brasil através de sua postura de abertura de diálogo com as demais crenças e religiosidades. No seu próprio dizer: “é importante intensificar o diálogo entre as várias religiões”. E assim, a Jornada Mundial da Juventude foi o palco de aproximações com evangélicos e religiões afro-brasileiras. Da mesma forma, alguns meses depois se posicionou aberto ao diálogo com os seguidores do Islão.

Um papa popular, coerente em palavras e ações, adotou uma postura conciliadora demonstrando abertura para com os homossexuais e divorciados bem como pela maior participação de mulheres e leigos na liderança eclesiástica. Francisco é equilibrado em suas ações de reformador. Não tenciona mudar dogmas centrados na Bíblia, mas sim alterar dogmas da tradição católica, a começar pela própria infabilidade papal, referindo-se a si mesmo como Bispo de Roma, irmão dos demais.

Ainda é cedo para cobrar a grande reforma da Igreja anunciada em sua posse há um ano, mas já podemos ver os resultados do apelo feito no mesmo dia, para que os católicos não praticantes se voltassem para Deus. Figura carismática, auxiliado pela mídia, tem atraído não só católicos afastados como oriundos de outros credos.

Um papa que em suas próprias palavras vinha “quase do fim do mundo”, “não queria ser papa”, mas que, ao observar a ausência de envolvimento da Igreja nos problemas sociais afirmou: “não partilho dessa visão e farei tudo para a mudar”. Assim, se já presenciamos tantas mudanças em apenas 366 dias, muitas ainda se anunciam para o futuro.

. Por: Lidice Meyer Pinto Ribeiro, Docente do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, coordenadora da Pós Graduação Lato Sensu do Centro de Educação, Filosofia e Teologia.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira