Novas regras do Governo Federal melhoram o atendimento dos pacientes renais crônicos

Resultado da parceria entre a Sociedade Brasileira de Nefrologia e o Ministério da Saúde, a nova política do governo cria uma linha de cuidado para os doentes renais, incluindo o diagnóstico precoce.

Depois de uma atuação decisiva no Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) pode enfim comemorar uma grande conquista para a nefrologia brasileira. A nova política do Governo Federal começa a mudar este ano a vida dos doentes renais do país. A Linha de Cuidado da Pessoa com Doença Renal Crônica (DRC), que integra o Plano de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), foi elaborada pela SBN em parceria com o Ministério da Saúde durante mais de um ano e começa a ser implantada agora.

A Portaria n° 389, publicada em 14 de março, define os critérios para a organização das novas regras de atendimento, introduzindo o financiamento para o atendimento ambulatorial pré-dialítico. A linha de cuidado insere a pessoa com doença real crônica no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo o diagnóstico precoce, o acompanhamento na atenção básica, o direcionamento para as unidades especializadas em DRC e a composição das equipes multiprofissionais. Também está previsto o acesso à terapia renal substitutiva e à rede de remoção nas urgências, além da internação hospitalar quando necessário.

A resolução do Ministério da Saúde determina que o médico da atenção básica receba uma orientação sobre como diagnosticar precocemente problemas renais em pacientes diabéticos, hipertensos e idosos.

Já a resolução n° 11 da Anvisa, de 13 de março de 2014, adota o descarte de dialisadores (filtros) que fazem parte do procedimento de hemodiálise em pacientes com hepatite B e C. Antes da nova regra, isso só era feito no caso de pacientes com HIV. “O objetivo é tornar o procedimento mais seguro, reforçando as boas práticas”, explica o presidente da SBN, Daniel Rinaldi dos Santos, lembrando que as clínicas terão um ano para se adequar às novas normas.

Há algum tempo a SBN vem insistindo com o MS que o foco sobre a DRC deveria começar na atenção básica. A nova política cria uma linha completa, que vai da identificação dos fatores de risco, passando pelo diagnóstico precoce, o cuidado integral, a atenção especializada e a terapia renal substitutiva, com fontes de financiamento claras. “Consideramos essa iniciativa inovadora e inédita, quando comparada com os países que aderiram o enfrentamento das DCNT proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirma o presidente da SBN.

Censo SBN (2012): .50/100.000 habitantes é a prevalência de pacientes em diálise no país |.100 mil brasileiros em diálise|. 1 em cada 10 brasileiros tem problema nos rins |.O rim envelhece assim como nós |.31% dos pacientes em diálise tem mais de 65 anos |.70% dos pacientes em diálise descobrem a doença tardiamente |.2,2 bilhões de reais são gastos em tratamento dialítico |.15% é a taxa de mortalidade de pacientes em diálise |.50% é a taxa de mortalidade de IRA (Insuficiência Renal Aguda) |.1 em cada 6 hipertensos terá doença renal |.Nefrite é a terceira causa de diálise no Brasil |.Sociedade Brasileira de Nefrologia.

Fundada no dia 02 de agosto de 1960, a Sociedade Brasileira de Nefrologia conta hoje com 3.100 associados em todo o país. O objetivo da entidade é congregar médicos e profissionais da saúde em torno da nefrologia, promovendo o crescimento da especialidade, por meio do apoio aos profissionais, o incentivo a projetos científicos e educacionais, colaboração com as demandas das sociedades médicas afins e com as demandas governamentais, no sentido de garantir à sociedade universalização do acesso à saúde renal.

.Por: Daniel Rinaldi dos Santos, presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia. É também professor adjunto da Faculdade de Medicina do ABC, nefrologista responsável pelo Centro Nefrológico do ABC e pelo Serviço de Residência Médica em Nefrologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo.