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17/04/2014 - 06:38

Participação do Brasil em observatório astronômico trará negócios e novas tecnologias para indústria, diz CNI

Além das oportunidades que se abrirão para as empresas, o acordo beneficiaria pesquisas científicas. Rede CIN promove, em 28 de maio, uma missão empresarial ao observatório no Chile.

O Brasil pode perder a chance de se tornar um centro de referência mundial em astronomia, se não ratificar a adesão ao Observatório Europeu do Sul (ESO), a mais completa e avançada rede de observatórios astronômicos do mundo. O convênio de R$ 850 milhões, cujos desembolsos serão feitos gradativamente ao longo de dez anos, foi assinado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em 2011. No entanto, até agora, o Brasil não fez nenhum pagamento acordado, porque o convênio está parado na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados. A Comissão espera o aval do Ministério do Planejamento para liberar os desembolsos.

Mesmo assim, cientistas brasileiros foram autorizados a utilizar o conjunto de telescópios e equipamentos instalados no deserto do Atacama, no Chile, sem a necessidade de pagar pelas noites de observação. O custo de cada uma dessas noites varia entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. O Brasil é o primeiro país fora da Europa a receber o benefício e ser membro efetivo do Observatório Europeu do Sul.

Apesar de permitir as pesquisas, a falta de confirmação do convênio e dos pagamentos impede a participação de empresas brasileiras nas licitações para a construção de infraestrutura e compra de novos equipamentos para o complexo no Atacama. "Por estarem próximas do Chile, as empresas brasileiras têm mais chances de ganhar as concorrências para as obras e as compras do observatório. Estima-se que 75% do valor investido no consórcio retornem ao país na forma de contratos, pesquisas e nova tecnologias", diz o gerente executivo de Comércio Exterior da Confederação Nacional da Indústria (CNI),Diego Bonomo.

Os pagamentos prometidos pelo Brasil acelerariam a construção do Extremely Large Telescope (E-ELT), o maior do mundo, que custará R$ 3,34 bilhões. Com 39,3 metros de diâmetro, o instrumento multiplicará em até dez vezes a capacidade de observação de seus concorrentes e poderá ser o responsável por encontrar vida fora da terra.

Riscos para o país - O atraso nas obras do telescópio, preocupa a comunidade científica mundial. Se o Brasil não aderir logo ao convênio, pode ser expulso do ESO e prejudicar a construção do poderoso observatório. Além disso, pode perder a chance de ser o primeiro país a encontrar vida fora do sistema solar e entrar para o mapa dos grandes centros astronômicos do mundo.

O pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Sérgio Melendez, conduz uma pesquisa, justamente para encontrar planetas semelhantes à terra, que podem ter água ou vida, os chamados exoplanetas. "Nossa pesquisa é a maior do mundo e, no momento, está focada em procurar estrelas gêmeas do sol. Já temos 70 catalogadas", diz Melendez.

A primeira fase do estudo ficará pronta em seis meses e só está sendo possível graças à adesão brasileira ao ESO. O segundo passo é procurar planetas orbitando essas estrelas. Por isso, a necessidade de um telescópio mais poderoso como o E-ELT. "Já publicamos artigo sobre uma estrela gêmea que é muito parecida com o sol. Descobrimos uma boa notícia: ela não tem planetas gigantes como Júpiter, por exemplo, o que aumenta as chances de ter planetas pequenos, como a terra. Agora, precisamos do E-ELT para confirmar isso. Nenhum outro telescópio no mundo é capaz de observar com tanta precisão", explica o astrônomo.

No consórcio, pesquisadores dos 15 países membros (incluindo o Brasil) enviam pedidos a um comitê, que avalia quanto tempo de observação distribuirá a cada país. Pela importância do projeto, Melendez garantiu 88 noites até 2015, 60% do total concedido ao Brasil. De acordo com Adriana Válio, presidente da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), que representa 700 astrônomos, o Brasil conseguiu cerca de 20% do tempo que pediu para usar os grandes telescópios e 50% de tempo para usar os telescópios menores, uma média parecida com a dos demais países.

Missão empresarial - A CNI organiza, em 28 de maio, uma missão de empresários dos setores aeroespacial, metalmecânico, construção civil, eletroeletrônico, equipamentos óticos, além de parlamentares envolvidos na adesão do Brasil ao ESO a observatório da região do Paranal, no deserto do Atacama. Os integrantes da missão poderão visitar o mais avançado telescópio do mundo, o Very Large Telescope (VLT), capaz de identificar os faróis de um carro se ele estivesse na lua, um poder de observação quatro bilhões de vezes mais preciso que o olho humano. O instrumento mede 8,2 metros de diâmetro e fica a 2.635 metros de altitude.

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