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18/04/2014 - 05:54

Falta de confiança industrial


O Datafolha acaba de publicar o índice de confiança dos brasileiros: numa escala máxima de 200 pontos, caiu de 148 em 2013 para 109 em 2014. A pesquisa leva em consideração as expectativas com a situação econômica do País, com o poder de compra, emprego e inflação, entre outros itens.

Várias instituições renomadas, como FIESP, CNI, FGV, publicam sondagens e tendências que servem para analisar a atividade econômica e indicar caminhos para que empresários, governantes, população e associações de classe possam seguir, tomar decisões e se antecipar a ocorrências futuras.

No caso do Brasil, quando a queda de confiança é generalizada como acontece agora, é indício de que algo mais que preocupante venha ocorrer. É preciso uma imediata correção de rumos antes que o cenário piore e o País mergulhe numa crise sem volta.

Empresários de oito setores da indústria brasileira, pela terceira vez consecutiva, apresentaram falta de confiança com o negócio e com o mercado. Desde 2009, o setor não registrava um patamar de desconfiança tão baixo e pior, sem luzes no fim do túnel. Pelo menos não em 2014.

Locomotiva do País, a região Sudeste é a que menos acredita na economia brasileira e apresenta maior índice de falta de confiança. Os setores industriais mais prejudicados atualmente, segundo os próprios empresários são: automotores, calçados, borracha, têxteis, madeira, informática, eletrônicos e ópticos, máquinas, materiais elétricos e equipamentos.

Alguns alegam que, por fatores externos, como a crise da Argentina e a revisão para baixo do crescimento da China, foram determinantes para a queda da confiança industrial. Outros revelam que há muita formação de estoques, os quais foram baseados na estratégia de consumo, implementada desde o governo Lula. Só que a bolha estourou e não há mais espaço para o consumismo desenfreado.

A demanda interna está ruim e a tendência é desacelerar a produção industrial ainda mais. Há ainda uma expectativa de que os juros continuem aumentando, também há o risco do racionamento de água e energia elétrica e de desvalorização cambial. A inflação está batendo à casa dos 6,5% por ano. Todos esses fatores trazem componentes de incertezas cada vez maiores para a nossa economia. Enquanto isso, a confiança continua a desacelerar.

Nem na Copa, o torcedor está acreditando. Ficou claro que o País não está preparado para assumir um compromisso tão gigantesco, face às prioridades de equilíbrio da conjuntura estrutural da Nação. Vivemos um período de desesperança e de baixa rentabilidade. Em consequência, a confiança de empresários e consumidores atinge níveis baixíssimos, que lembram a crise histórica que assolou a economia americana em 2009.

Não podemos conviver com taxas anuais de crescimento em torno de 1,5%. Para reacender a confiança dos brasileiros são necessárias medidas imediatas de retomada do crescimento e da competitividade nacional.

Em março, o governo Dilma lançou 23 novos pacotes de incentivos, mas a economia ainda não deslanchou. O resultado, que já está sendo sentido nos bolsos, com certeza se refletirá nas urnas. A indústria continua preocupada com a intervenção do Estado que, grosso modo, tem demonstrado que não sabe o que fazer. Por enquanto, o cenário é ruim, por isso a queda da confiança industrial.

Palavras de ordem, vociferadas por governo estadista, não resolvem anos e anos de política econômica equivocada. Nossos estoques estão no limite máximo e não temos como vender nossos manufaturados nem no mercado interno e nem no externo. Ou o governo ajusta a política econômica ou logo começarão a aumentar as taxas de desemprego.

O Banco Central prevê um PIB de 2% e uma inflação de 6,1% em 2014. Somente uma atenção mais dedicada ao investimento fará com que saíamos de um crescimento medíocre para gradativamente alcançarmos novos patamares.

. Por: Ricardo Martins, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP - Distrital Leste) (www.ciespleste.com.br) e diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da FIESP. Também é vice-presidente do SICETEL - Sindicato Nacional das Indústrias de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos. E-mail: [email protected].

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