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23/04/2014 - 09:08

Epidemia de roubos e homicídios atinge mais de 28 milhões de pessoas


O maior partido no Brasil é o dos descontentes e indignados. Descontentes por mil razões, incluindo o desprazer de ser vítima dos crimes difusos (como o roubo, as agressões e as invasões ao domicílio), que atingiram, nos últimos doze meses, 20% da população com 16 anos ou mais. Descontentes também pela quantidade epidêmica de homicídios (21% da população brasileira de 16 anos ou mais tiveram um parente ou amigo como vítima de assassinato nos últimos doze meses). Esse é o resultado da pesquisa realizada pelo Datafolha em 2 e 3 de abril de 2014: um em cada cinco brasileiros (de 16 anos ou mais) foi vítima dos crimes e período citados. Foram realizadas 2.637 entrevistas, em 162 municípios brasileiros.

A pesquisa considerou o roubo, assalto (sic), agressão, sequestro relâmpago e invasão ao domicílio. Assalto é o nome jornalístico (senso comum) que se dá ao roubo. Do ponto de vista técnico há aqui uma imprecisão. Lendo-se todo o levantamento fica a impressão de que poderiam estar se referindo, com a palavra "assalto", ao furto. De qualquer modo, o número de atingidos é exorbitante, e isso revela o estágio altamente degenerado em que nos encontramos em termos de convivência social.

Se considerarmos o censo de 2010 (o último disponível com dados definitivos), a população acima de 16 anos era de 141.248.576. Isso significa que, nos últimos 12 meses (de abril de 2013 a abril de 2014), mais de 28 milhões de pessoas foram vítimas de algum dos crimes listados.

As maiores vítimas foram os jovens: 28% sofreram com um desses crimes durante o último ano. Na faixa etária dos 60 anos ou mais, a taxa cai para 11%. Pessoas com rendimento familiar mensal de 5 a 10 salários foram as mais afetadas: taxa de 26%, acima da média.

O desencanto popular com todas as políticas e as ideologias, de esquerda ou de direita, está mais do que evidente. Se Cuba e Coreia do Norte são dois países que comprovam o desastre administrativo e governamental do comunismo (sem falar da derrocada geral da antiga União Soviética), o Brasil constitui o exemplo mais vivo da degenerescência absoluta do modelo capitalista selvagem e/ou extremamente desigual. Nem comunismo, nem capitalismo selvagem. Ambos alimentam o descontentamento e sinalizam com a tragédia e a má qualidade de vida para a maioria da população. A minoria satisfeita (burocrática ou burguesa) não atende o princípio da utilidade que visa a proporcionar a melhoria da maioria (não de uma minoria elitizada cujo bem-estar fica calcado nos ombros daqueles que vivem em condições miseráveis).

A luz no fim do túnel vem dos países em processo de "escandinavização", que contam com um capitalismo evoluído, distributivo e tendencialmente civilizado. Eles estão indicando que é a igualdade material (das condições de vida) que torna a vida no planeta sustentável e agradável. Eis os seus números aqui.

Os 18 países selecionados conforme o número de homicídios apresentam a média de 1 assassinato para 100 mil pessoas. Os EUA (um país extremamente desigual, embora rico) tem taxa quase quatro vezes maior. No Brasil a situação é epidêmica e de descalabro geral: 27,1 assassinatos para cada 100 habitantes. No que diz respeito ao roubo tem-se resultado semelhante. A igualdade material (excelentes condições de vida, alta escolaridade, aumento da renda per capita etc.) é a grande responsável (ao que tudo indica) pela redução drástica da violência em um país.

Os partidos políticos dos modelos governamentais fracassados (comunismo e capitalismo selvagem e/ou extremamente desigual) sempre prometem um mundo melhor. Esse mundo melhor realmente existe, para poucos (para os burocratas que administram os países comunistas ou para os burgueses ricos que concentram a renda do país em suas mãos). A grande maioria não desfruta dos rendimentos obtidos pela nação. Cada diz tudo vai ficando pior. Comunismo e capitalismo selvagem e/ou extremamente desigual é tudo que o povo majoritário não quer, porque vem sofrendo na carne as suas draconianas consequências.

Analisando-se nossa epidêmica criminalidade, sabe-se que o descontentamento é maior nos municípios de elevado porte: nas cidades com até 50 mil habitantes, 14% foram vítimas dos crimes citados; nas de 50 a 200, foram 20%; entre aqueles com população de 200 a 500 mil, o índice fica em 19%, e vai a 25% nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Quanto maior a cidade, mais vitimização (o que pode dar suporte às teorias que afirmam que os vínculos familiares e sociais podem ser inibidores do crime). Comunidades menores, pelo que tudo indica, possuem menos violência.

No que tange à característica político-partidária dessa população descontente, entre aqueles que avaliam o governo da presidente Dilma Rousseff como ruim ou péssimo, 25% foram vítimas de algum destes crimes, taxa que cai para 15% entre os que aprovam sua gestão. A criminalidade generalizada (epidêmica) afeta a boa reputação do governante (e pode ter implicações eleitorais). Quem é vítima de crime tende a desaprovar o governo, em razão da sua indignação.

O tipo de crime mais frequente entre os entrevistados foi o que abrange roubo, furto (sic) ou agressão, que vitimou 14%. Entre os moradores das capitais e cidades de regiões metropolitanas, essa taxa chega a 20%, e cai pela metade (10%) nas cidades do interior. Na parcela dos mais jovens, chega a 21%, e também fica acima da média entre aqueles com renda mensal familiar de 5 a 10 salários mínimos (19%).

A entrevista também abordou roubos e tentativas de roubos às residências. Neste caso, 9% tiveram a casa ou apartamento invadido por alguém que roubou ou tentou roubar algo. Com relação ao sequestro relâmpago, 1% do total de pessoas que na entrevista disseram que já foram vítimas desse tipo de crime.

Além dos crimes acima citados, a pesquisa abordou os entrevistados sobre parentes ou amigos assassinados nos últimos 12 meses: 21% responderam que tiveram casos de homicídios entre amigos e familiares nesse período. A região Nordeste apontou uma taxa de 31%, acima da média nacional, e a região Sul ficou abaixo, com 13% de respostas positivas. A taxa entre os jovens foi de 30%.

A verdade é que a maioria do povo dos países comunistas e capitalistas selvagens está farta da política puramente retórica, dos discursos vazios que prometem tudo e não cumprem nada ou quase nada. Quem monopoliza o poder é justamente o alvo do maior descontentamento, que se torna dobrado nos países comunistas, onde nem sequer isso é possível manifestar. Não emancipação onde a maioria absoluta do povo não tenha excelentes condições de vida. Tudo isso nunca passou de uma promessa vã dos políticos, mas hoje se sabe que é factível, é viável. Basta olharmos os países que estão se "escandinavizando". Não se trata de uma ilusão, de uma promessa, de um planeta de outras galáxias. A redenção ou emancipação do povo passa necessariamente pela maior igualdade material da população. Fora disso estamos falando de pura retórica, de pura enganação, de puras ideologias degeneradas.

. Por: Luiz Flávio Gomes, Jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Estou no professorLFG.com.br |Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil.

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