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30/04/2014 - 09:52

Como garantir a inovação da indústria odontológica brasileira?

Quando se fala em inovação, muitos ainda pensam se tratar de criar algo novo. Mas inovação é simplesmente aperfeiçoar o que já existe, adaptar a novas necessidades, novos usos, novas tendências e demandas. Isto posto, e indo diretamente ao assunto, é preciso reconhecer que o gargalo da indústria odontológica nacional está atravancado por vários fatores: políticos, financeiros, acadêmicos e culturais.

Em um país que concentra 25% de todos os cirurgiões-dentistas do mundo, com cerca de 260 mil profissionais, causa perplexidade saber que metade da população adulta apresenta perda dentária grave. Dados do IBGE apontam, inclusive, que oito em cada dez idosos tem menos de 20 dentes funcionais – o que mostra que a inovação deve começar por políticas públicas realmente eficazes no tratamento da saúde bucal do brasileiro.

Não só isso. Com políticas mais bem desenhadas, é possível acelerar o processo de regulação de novos produtos e equipamentos. Nos últimos anos, a classe odontológica – através de suas entidades – se aproximou bastante da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), alinhando o discurso com ações realmente mais efetivas. Entretanto, nossa indústria ainda se ressente pela demora nos trâmites de registros e na perda de competitividade que o processo ainda impõe aos nossos fabricantes.

Enquanto se espera por dois, três anos a aprovação da agência reguladora, nosso mercado fica suscetível à entrada de produtos estrangeiros. Pior ainda: cria-se todo um ambiente propício ao aparecimento de produtos de origem duvidosa, não submetidos à legislação vigente e à fiscalização regulatória. Ou seja, há perdas graves nas duas pontas: indústria nacional e consumidor final – que, neste caso, é o paciente.

Em recente evento para se discutir os obstáculos enfrentados pela indústria nacional de Odontologia, grandes empresários do setor citaram ainda mais fatores em que devem se debruçar para concretizar seus planos de crescimento. Problemas de gestão – principalmente a arte de equilibrar financiamentos para pesquisa e desenvolvimento com a necessidade de investir na divulgação do produto – ainda são bastante evidentes. Mas outros problemas também devem ser enfrentados, como a fragilidade das leis de incentivo governamentais (Lei da Informática, Lei do Bem etc.), a demora nas patentes, a falta de mão de obra qualificada e a relação entre a universidade e a indústria.

Se nos detivermos mais profundamente na relação entre as faculdades de Odontologia e a iniciativa privada, veremos que há um abismo entre os estudantes e a indústria odontológica. Hoje, os cursos estão predominantemente concentrados em formar cirurgiões-dentistas para trabalhar em clínicas. Ou seja, a relação entre as partes é puramente de consumo. É fundamental, então, que a inovação conste da grade curricular desses futuros profissionais da Odontologia, de modo que possam enxergar um novo e promissor campo de atuação.

Uma coisa é certa: o Brasil é um país com todos os ingredientes necessários para se destacar em todos os campos da Odontologia. Temos uma população com perspectiva de vida cada vez maior e que anseia por dentes saudáveis e um sorriso bonito. Temos os melhores profissionais da área em nível mundial. Temos importantes fabricantes envidando esforços para driblar as dificuldades e colocar no mercado produtos e equipamentos de ponta e com qualidade indiscutível. Sendo assim, precisamos apenas chamar atenção de todos os segmentos envolvidos para que comecem a jogar no mesmo time. Só assim todos sairemos campeões.

.Por: Adriano Forghieri, cirurgião-dentista e presidente da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD). www.apcd.org.br.

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