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Energia e crescimento econômico - Parte 2

Há seis anos, a Comissão Mundial de Barragens emitiu relatório descrevendo o cenário mundial de distribuição das águas doces, bem como sua utilização através da construção de barragens, nele consideradas aquelas a partir de 15 metros de altura. O Brasil possui 17% da água doce do mundo, seguido pela Rússia (11%), Canadá e China (7% cada), Indonésia, Estados Unidos e Bangladesh (6% cada), e Índia (5%). Naquele mesmo ano, o relatório contabilizou 45 mil barragens acima de 15 metros, das quais aproximadamente 50%, ou 22 mil barragens encontravam-se na China, 6.400 nos Estados Unidos e quatro mil na Índia. O Brasil, detentor de 17% das águas disponíveis para esse fim, possuía apenas 1,33% do total de barragens, ou seja, quase seiscentas.

Ainda naquele ano, encontrava-se em processo de construção cerca de 800 barragens na Índia, 280 na China, 209 na Turquia, 132 na Coréia do Sul, 90 no Japão, 48 no Iran (acima de 60 metros) e 30 no Brasil. O caso Chinês é o mais impressionante, saindo de 22 barragens em 1950 para 22 mil no ano 2000, ou seja, mil vezes mais barragens em 50 anos.

A conclusão é óbvia: quem desenvolveu sua matriz energética sustenta hoje seu crescimento. A China cresce entre 8 e 10% médios há dez anos. Os americanos esgotaram seu potencial mais rapidamente e sustentam seu crescimento com uma matriz energética baseada em usinas nucleares e termelétricas, essas últimas ao custo da emissão de metais pesados e gases estufa na atmosfera, que somados ao movimento de sua indústria, transporte, calefação, etc., os tornam responsáveis por 30% das emissões de poluentes do planeta. Porém, são detentores de 30% do Produto Mundial Bruto.

E o Brasil? Recolhe-se ao insignificante crescimento de 2,3%, que não nos permitirá sequer suportar nosso crescimento vegetativo, ou parte para a utilização de todo seu potencial de produção de energia limpa, através da construção de hidrelétricas?

Somos todos sabedores que a maior bacia hidrográfica do planeta encontra-se na região amazônica, e, conseqüentemente, o maior potencial para produção de energia hidrelétrica. Só não podemos ser irresponsáveis o suficiente para utilizar tais recursos indiscriminadamente, desconsiderando o ecossistema e a biodiversidade amazônicos. A solução desse conflito entre utilização e preservação encontra-se no nível tecnológico.

O maior exemplo disso é o projeto das Usinas do Rio Madeira (Santo Antônio e Jirau), que após três anos de intensas pesquisas, apresenta, com tecnologia cem por cento nacional, a melhor relação área alagada/potência instalada já conhecida nessa região, redundando numa relação benefício/custo impressionante. Só para compararmos, a relação alagamento/potência da Hidrelétrica de Balbina, no Amazonas, é de 9,44 vezes. Em Santo Antônio e Jirau, esse número fica em 0,03 e 0,04 respectivamente, se desconsideramos a área já existente do Rio Madeira. Sua projeção sequer chega ao território boliviano, ficando a elevação do nível do Rio Madeira limitada a 40 quilômetros de distância da divisa com aquele País.

Em 2004, cerca 82,8% da produção de energia do Brasil era proveniente de hidrelétricas, portanto, uma matriz limpa. Nenhuma outra economia dentre as vinte maiores do mundo possui uma matriz energética nessas proporções. Mas isso não é tudo. Nenhuma outra dessas economias é capaz de dobrar sua matriz energética com base em hidrelétricas, sem lançar uma única grama de metais pesados ou gases estufa na atmosfera, impulsionando seu crescimento sem agravar o aquecimento global.

As audiências públicas para as usinas do Madeira, ora em curso, representam uma das maiores conquistas evidenciadas pela democracia brasileira, permitindo aos seus protagonistas evitar aberrações, como Balbina, ao mesmo tempo em que assumem a responsabilidade de conduzir seu país rumo ao crescimento e desenvolvimento econômicos, sua maior vocação.

Cabe, portanto, ao Governo e empresas do setor, evoluir nas conquistas tecnológicas, a exemplo das usinas do Madeira, mas principalmente às populações envolvidas nos empreendimentos que se seguirão, entender o processo e sua necessidade, apontar problemas e cobrar soluções, abraçar a oportunidade de retirar o Brasil da lanterna do desenvolvimento ao qual estamos relegados no plano mundial, com o 69º- IDH do planeta, dando à sua juventude um cenário mais otimista para a próxima década.

Por: Valdemar Camata Júnior, economista, conselheiro federal pelo estado de Rondônia, Superintendente do Instituto Euvaldo Lodi - IEL/RO, Superintendente do SESI / RO.

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