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Herança maldita do Congresso Nacional

A notícia sobre o aumento de 91% no salário dos parlamentares brasileiros não poderia ter surgido em momento pior. Antes de seguir adiante, quero deixar bem claro que sou político e me orgulho muito de ser um homem público, com o privilégio de estar no meu terceiro mandato como prefeito de Rio Claro.

Nunca me candidatei em busca de salários milionários ou de vantagens pessoais. Aliás, ingressei na política como vereador no tempo em que os legisladores municipais não eram remunerados, uma vez que cumpriam suas funções por amor aos seus municípios.

O reajuste dado aos parlamentares é um escárnio, uma vergonha, sobretudo num momento em que há uma discussão sobre o aumento no salário mínimo e o corte de despesas para fazer o país crescer. No entanto, míopes diante dessas questões, sem a menor cerimônia, as lideranças do Congresso Nacional se reuniram em uma sala fechada e numa simples canetada decidiram ampliar seus vencimentos de R$ 12 mil para R$ 24 mil.

Além de imoral, o aumento é danoso porque traz como conseqüência o dispêndio de até R$ 2 bilhões, resultado do efeito cascata previsto em legislação que vincula os salários de deputados estaduais e vereadores de todo o País aos vencimentos de seus pares da esfera federal. No caso de muitos municípios do país, são recursos que na próxima legislatura vão fazer falta em melhorias no saneamento básico, educação e saúde, por exemplo.

A partir de 2007, as Assembléias Legislativas de Estados miseráveis como Rondônia e o Acre contabilizarão gastos excedentes de mais de R$ 2,5 milhões cada uma. Graças aos colegas do Congresso Nacional, deputados estaduais de todo o país terão o contra-cheque alterado dos R$ 9.635 atuais para R$ 18.375.

Agora, eles podem se orgulhar dos US$ 11.395,00 mensais, uma remuneração maior que a dos deputados do Reino Unido (US$ 9.882), Alemanha (US$ 10.571), Portugal (US$ 4.557) e Canadá (US$ 10.662), e bem próxima dos americanos (US$ 12.491). Mas, quando se levam em conta os benefícios agregados ao salário, como passagens aéreas e moradia, nosso parlamentar é imbatível: US$ 47.639 por mês, cerca de R$ 100 mil.

Ocorre que em nenhuma dessas nações, com exceção dos EUA, existe uma distância tão grande entre ricos e pobres.

Por: Demerval da Fonseca Nevoeiro Junior, o autor tem 60 anos é sociólogo e prefeito de Rio Claro (SP) pela terceira vez

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