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21/05/2014 - 07:26

Lipoaspiração: os riscos por trás da silhueta perfeita

Após a morte da dançarina carioca, Mary Morena, de 26 anos, em uma clínica no Rio de Janeiro, iniciou-se uma discussão entre médicos e pacientes em torno da lipoaspiração, uma das cirurgias mais realizadas no Brasil: afinal, o procedimento é seguro ou não, como o paciente pode saber se o médico é qualificado, como é a anestesia e a alta e porque de tempos em tempos a mídia anuncia óbitos oriundos desta cirurgia?

Para o cirurgião plástico, Allan Bernacchi, Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica-RJ, o número de mortes em lipoaspirações é baixo. Segundo dados da FDA (Food and Drugs Administration – vigilância sanitária americana), podem ser contabilizadas no máximo três mortes a cada 100 mil cirurgias de lipoaspiração. O médico explica que a lipoaspiração não apresenta índices científicos e estatísticos de risco diferentes das demais cirurgias. Ainda assim, alerta para as complicações que a cirurgia pode causar. “Lipoaspiração não é como ir ao cabeleireiro como algumas pessoas pensam. É uma cirurgia e qualquer cirurgia tem riscos. É substimada, pois as incisões costumam ser pequenas, mas as áreas tratadas são grandes, podendo as vezes serem comparadas ao dano de uma queimadura. A lipo, eventualmente pode ocasionar tromboembolismo pulmonar, embolia gordurosa (oclusão de vasos por gotículas de gordura), seroma (excesso de líquido que fica retido próximo à cicatriz cirúrgica, causando inflamação), hematomas, irregularidades de relevo cutâneo, infecção, entre outros, como em qualquer outro tipo de cirurgia”, alega Allan Bernacchi.

Não são infrequentes os casos de morte decorrente da lipoaspiração. Ouvem-se muitas histórias de parada cardíaca ou reações adversas a anestésicos, mas vale lembrar que como a lipoaspiração não é somente praticada por médicos devidamente treinados e submetidos a um órgão regulamentar, que é a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica,a maior quantidade de insucessos está diretamente relacionada a esta falta de treinamento adequado, muitas vezes em clínicas sem a menor qualificação. Contudo, para Bernacchi o problema que ocorreu com a dançarina ,ainda não foi de todo esclarecido. “Geralmente, a tendência é direcionar a culpa para o profissional, enquanto o certo e justo é investigar o que aconteceu” diz, lembrando que a autópsia irá elucidar este caso.

A era da lipo -Infelizmente, casos como este alertam para algo importante: é necessário muita atenção na hora de escolher a clínica e o profissional que vai fazer a operação. “É preciso, inicialmente, saber se o médico é cirurgião plástico, com seis anos de Faculdade de Medicina, mais dois anos de residência em cirurgia geral e três anos de residência em cirurgia plástica, com título de especialista registrado no CRM (Conselho Regional de Medicina) e membro da SBCP. É recomendável que se obtenham referências do médico e local por meio de informações de outros pacientes que já tenham sido operados por ele. A consulta médica é a relação de confiança que se estabelece por meio de informações mútuas são um forte aliado da segurança cirúrgica”, ressalta Luiz Eduardo Ematne, cirurgião plástico Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

A lipoaspiração é a segunda cirurgia plástica mais realizada no Brasil, ficando atrás somente do implante de silicone nas mamas. Em média, os custos da cirurgia variam entre R$3.000 a R$6.500 de parte médica, fora a hospitalar, , dependendo da região onde é realizada a intervenção. Não é uma operação barata, mas das mais de 700 mil plásticas estéticas feitas anualmente no País, 160 mil são lipos. O número alto se deve, em parte, à grande quantidade de clínicas estéticas que realizam a cirurgia por preços bem baixos e com parcelamentos atraentes.

Para Allan Bernacchi, tais clínicas são “verdadeiras ciladas a que o paciente desavisado e desconhecedor dos riscos se entregue, acreditando estar se submetendo um serviço eficaz e seguro. Geralmente, essas empresas priorizam o lucro e não o trabalho médico. São clínicas que se apresentam na internet com publicidade ostensiva, recrutam médicos pouco ou nada preparados nem habilitados, onde muitas vezes o paciente é assistido por um profissional e operado por outro que nunca viu. As reclamações e processos em face desse tipo de clínicas se avolumam nos Conselhos Regionais de Medicina.”

Antes, durante e após a cirurgia -A lipoaspiração é uma técnica para retirar o excesso de gordura localizada por meio de sucção feita com uma fina cânula introduzida na camada subcutânea gordurosa. Essa cânula é ligada a um aparelho que suga de maneira controlada o tecido adiposo.

Cânula sendo introduzida na região adiposa -Antes de a sucção começar, é preciso que a região a ser operada seja infiltrada com uma solução de soro fisiológico e substâncias vasoativas que têm a finalidade de promover a vasoconstricção (processo de contração dos vasos sanguíneos) no local, visando diminuir a perda sanguínea e promover a retirada mais fácil da gordura.

Não existe um tempo preciso ou determinado para a realização do procedimento. “A duração varia de acordo com as áreas a serem tratadas, a habilidade da equipe médica, o grau de dificuldade técnica próprio de cada paciente. Não obstante, é cientificamente sabido que a ocorrência de complicações cirúrgicas obedece a uma proporcionalidade de tempo: procedimentos cirúrgicos muito longos tendem a um aumento exponencial dos riscos”, explica Ematne.

Como em toda e qualquer cirurgia, também é necessário preparo antes do procedimento. O paciente precisa marcar uma consulta prévia para diagnóstico e realizar alguns exames pré-operatórios, como hemograma, coagulograma e avaliação cardiológica. Algumas doenças ou situações podem impedir o procedimento, como uma simples gripe, alergias, hipertensão e certos problemas cardíacos. Além disso, pessoas que estão bem acima do peso e apresentam excesso de gordura não devem ser submetidas ao processo.

Para quem tem pressa e espera sair da sala da cirurgia com a silhueta enxuta, a má notícia é que nenhum procedimento cirúrgico estético, incluindo a lipoaspiração, mostra resultado imediato. Após a lipo, a região operada tende a ficar inchada. Para ver o resultado, é preciso esperar a região recuperar-se. Em geral, somente após o segundo ou terceiro mês de pós-operatório, é possível observar uma sensível redução do edema (inchaço) e, consequentemente, ter uma ideia do resultado. Contudo, o resultado definitivo se evidencia apenas seis meses após a cirurgia.

Recuperação-“A recuperação não é mais ou menos complexa do que a de outro procedimento. Na verdade, é igual. Como a cirurgia requer incisões mínimas, de um centímetro, para inserir a cânula, os pontos são pequenos, o que facilita a recuperação. Recomendam-se tratamentos fisioterápicos complementares no pós-operatório, como drenagens linfáticas, a fim de minimizar os efeitos do edema e favorecer a cicatrização da região operada. Além disso, especialistas sugerem o uso de cintas modeladoras por, no mínimo, um mês, para ajudar a dar firmeza à pele” explica Allan Bernacchi.

Apesar de ter virado moda entre aqueles que exigem um corpo mais esguio, tanto Allan Bernacchi quanto Luiz Eduardo Ematne reafirmam que a lipoaspiração não é um método de emagrecimento. “Ela deve ser empregada para tratamento de áreas de depósito de gordura que sejam resistentes a tratamentos prévios de redução de peso e atividade física. Geralmente, são áreas em que o depósito se faz por fatores genéticos. A indicação segue também um desejo do paciente e a avaliação detalhada e minuciosa de um cirurgião plástico”, explica Bernacchi. Sem contar que a quantidade de gordura máxima que pode ser retirada na operação é 7% do peso corporal, não mais que isso.

Lembrando que a cirurgia só deve ser feita após os 18 anos, não é recomendada a lipoaspiração para adolescentes, por uma série de fatores. Um deles é o fato de o metabolismo jovem favorecer a redução de gordura em determinadas áreas do corpo mediante disciplina alimentar e atividade física. “O que notamos com grande preocupação é a procura pela lipoaspiração quase como resultado de um modismo da ‘forma física ideal’, que deve ser conquistada rapidamente. Isso é sempre contra-indicado, uma vez que a lipoaspiração é um tratamento médico, e por isso deve ser encarado como alternativa radical”, finaliza Ematner. [www.allanbernacchi.com].

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