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23/05/2014 - 06:39

A falta de rodada e a (des)mobilização da mão de obra

Desde a criação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pelo decreto nº 2.455, de 14 de janeiro de 1998, o Brasil vivenciou momentos de investimentos crescentes com as rodadas de licitações de blocos exploratórios, bem dizer anuais, de 1999 até 2008, compreendendo da 1ª até a 10ª rodadas.

Durante esse período, a indústria se mobilizou e se estruturou de uma maneira impressionante, principalmente, a cadeia de suprimentos do setor. Empresas que não existiam no Brasil estabeleceram subsidiárias, os centros de pesquisa e desenvolvimento ganharam robustez e a indústria passou a ter uma nova identidade. Uma grande mobilização de mão de obra foi necessária para suprir esse mercado e a cadeia de suprimentos se estabeleceu, ganhou força e se estruturou de forma a atender à grande demanda esperada para o setor, impulsionada também pelas exigências de conteúdo nacional de bens e serviços.

Entretanto, entre 2009 e 2013, devido à falta de rodadas de licitações da ANP e, consequentemente, a não de previsibilidade de novos serviços para alocação de profissionais, houve um movimento migratório da mão de obra para outros segmentos da indústria de base e recursos naturais como mineração, siderurgia e químico.

Adicionalmente, a falta de leilões nesse período fez com que as empresas produtoras iniciassem programas de priorização e otimização de recursos financeiros. Com isso, elas redirecionaram seus fluxos de caixa para projetos de capital relevantes que exigiam um nível de investimento mais elevado e apresentavam uma curva de produção mais acentuada. Um exemplo deste tipo de iniciativa é o PROCOP (Programa de Otimização de Custos Operacionais). Esse movimento fez com que toda a cadeia de suprimentos ficasse ainda mais suscetível à dependência de capital de giro para cobrir custos fixos, o que impactou o apetite do mercado por novos investimentos e crescimento de alguns segmentos.

Esse efeito acaba tendo maior impacto em algumas linhas bens e serviços, já que o Brasil ainda não apresenta grande competitividade quando comparado a outros mercados maduros na prestação de serviços de óleo e gás. Para evitar problemas com demandas repentinas, alguns fornecedores optaram pela manutenção dessa mão de obra até onde foi possível, pagando uma “conta” muito mais alta do que aquela prevista nos orçamentos aprovados pelos acionistas. O atraso das rodadas (a 11ª rodada ocorreu somente em maio do ano passado) que causou o estrangulamento da cadeia e fez com que essas empresas se desmobilizassem gerando um efeito inverso no mercado se comparado a cinco ou seis anos atrás quando houve a escassez de profissionais capacitados.

É importante destacar que o efeito de desmobilização e de mobilização não se limita apenas aos custos financeiros, mas também aos aspectos sociais, uma vez que os profissionais envolvidos no setor acabam expondo famílias inteiras à mudanças repentinas, inclusive de localidades.

Mais do que um desafio, vimos que algumas ações preventivas são necessárias em substituição às convencionais, de forma que a desmobilização e realocação de profissionais especializados aconteçam de modo ordenado. Com este objetivo, podemos elencar algumas ações como a reavaliação dos profissionais por grau de capacitação frente às etapas dos projetos de capital, considerando inclusive as certificações necessárias que são exigidas para determinada função; revisão dos perfis, incluindo anseios pessoais, de cada profissional para minimizar os dessa desmobilização e ou facilitando a recolocação em projetos que demandem essa competência; interação com os sindicatos e órgãos de classe, permitindo o compartilhamento de informações úteis acerca dos profissionais do setor. Para finalizar, destacamos ainda o uso da inteligência da informação sobre o setor e projetos que demandem capacidades e habilitações específicas, considerando toda base de dados disponível; e a facilitação ao acesso dos centros de formação e capacitação profissional, alinhados às novas demandas regionais.

Por fim, podemos intuir que é necessária uma releitura das políticas e das atividades de recursos humanos das empresas de forma que o conceito da expressão “desenvolvimento da cadeia” seja atendido de forma plena e sustentável, evitando que haja esforço e um dispêndio financeiro desnecessários durante o período de escassez e sazonalidade da demanda por mão de obra.

. Por: Anderson Dutra e André Donha, diretores da KPMG no Brasil. | Perfil-A KPMG é uma rede global de firmas independentes que prestam serviços profissionais de Audit, Tax e Advisory. Estamos presentes em 155 países, com mais de 155.000 profissionais atuando em firmas-membro em todo o mundo. As firmas-membro da rede KPMG são independentes entre si e afiliadas à KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. Cada firma-membro é uma entidade legal independente e separada e descreve-se como tal.

No Brasil, a organização conta com 4.000 profissionais distribuídos em 13 Estados e Distrito Federal, 22 cidades e escritórios situados em São Paulo (sede), Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Joinville, Londrina, Manaus, Osasco, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São Carlos, São José dos Campos e Uberlândia. | Site: kpmg.com/BR

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