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30/05/2014 - 05:07

Explosões estimulam a criação de normas de segurança

Catástrofes provocadas em fábricas pelo manuseio inadequado de pós geram discussão entre especialistas sobre a necessidade de novas normas da ABNT.

O que o desabamento de um moinho de trigo em Maceió, um incêndio em um terminal açucareiro no Porto de Santos e o fogo em uma fábrica de painéis de madeira no Rio Grande do Sul têm em comum? A explosão provocada pelo manuseio inadequado de pós, uma ameaça perigosa e ainda pouco conhecida no Brasil. Mas, que anualmente provoca acidentes de grandes proporções com mortes e enormes prejuízos financeiros em fábricas por todo o país.

“Apesar de não termos estatísticas sobre esse tipo de acidente no país, com certeza entre cinco e dez fábricas sofrem explosões de grandes proporções com mortos e feridos todos os anos no Brasil”, afirma Flávio C’avalcante, gerente da Fike, empresa especializada em soluções para prevenção de pessoas e ativos.

Segundo o especialista, os mecanismos de deflagração de pós combustíveis representam ainda uma zona cinzenta no Brasil devido ao pouco conhecimento e profissionais habilitados na área. Por isso, está sendo organizado o Seminário Técnico de Prevenção e Proteção contra Explosões de Gases, Vapores e Pós para divulgar o tema à profissionais do setor.

Apesar da gravidade desse tipo de explosão, o Brasil ainda está muito atrasado na criação de normas técnicas que orientem a construção e manutenção de fábricas para evitar explosões causadas pelo acúmulo de pós, que afetam desde silos de produtos agrícolas a manufatura de produtos químicos e metalúrgicos, passando por vários tipos de fábricas de alimentos e produtos farmacêuticos.

ABNT - Por causa disso, foi criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) uma Comissão Especial de Estudo (CEE 80) para adaptar normais internacionais e desenvolver normais nacionais para a criação de sistemas de prevenção de explosões. O grupo reúne especialistas de Universidades, Centros de Pesquisas, Corpo de Bombeiros, Fabricantes de Equipamentos de proteção e segurança e engenheiros de empresas de projeto responsáveis pelo desenvolvimento, manutenção e segurança de plantas fabris.

“Nosso grupo começou a estudar soluções para esse tipo de problema em 2006, e, através desse trabalho, já foram publicadas algumas Normas pela ABNT” revela o coordenador da comissão, Dr. Anthony Brown, engenheiro químico com pós-doutoramento em análise de riscos e segurança de processos pela Escola Politécnica da USP.

No momento o grupo trabalha para o desenvolvimento de normas específicas sobre o manuseio, fabricação e armazenamento de pós combustíveis para a prevenção de explosões. Esses pós, ao contrário do que a maioria das pessoas possa pensar, não se tratam apenas de resíduos de produtos químicos.

“Pós de produtos agrícolas, como por exemplo, soja, trigo, milho, arroz, café, açúcar, batata e madeira, em determinadas condições, são altamente explosivos”, explica o Dr. Brown. Que inclui ainda no rol de produtos perigosos o leite em pó, a lactose, a uréia, o alumínio e vários componentes utilizados pela indústria química e farmacêutica.

“Não é de se estranhar que as últimas explosões com mortos e feridos e grandes prejuízos materiais tenham sido ocasionadas justamente em armazéns de produtos agrícolas”, diz C’avalcante.

Segundo o gerente da Fike, uma explosão provocada pela concentração inadequada de pós de produtos agrícolas é a principal suspeita nos casos do desabamento do silo de trigo em Maceió, ou dos incêndios no Terminal de açúcar no Porto de Santos e em uma fábrica de painéis de madeira no Rio Grande do Sul, onde cinco pessoas morreram.

Falta de conhecimento -A falta de normatização, porém, não é a única culpada pela ocorrência dos acidentes. Tanques atmosféricos, como os de etanol, já são regulamentados há muito tempo por normas como a API-2000 6ª edição/ISO-28300.

“E mesmo com a obrigatoriedade de utilização dessas normas, muitos desses equipamentos ainda não são protegidos como deveriam”, afirma Eduardo Kabaya, gerente regional da Protego, empresa especializada em produtos como corta-chamas, válvulas de alívio de pressão e vácuo e acessórios para tanques.

Para Kabaya, a falta de conhecimento por parte dos profissionais e de uma fiscalização mais rígida pelo Ministério do Trabalho acaba levando a essa situação de risco, que anualmente também ganham as páginas dos jornais. É o caso, por exemplo, de duas explosões recentes ocorridas em tanques de etanol provocadas por quedas de raios em Ourinhos (SP) e Caçu (GO).

Nos dois casos não houve vítimas fatais, mas os prejuízos econômicos foram muito grandes. “Em um dos acidentes foram queimados mais de 15 milhões de litros de álcool e um tanque desse tipo não sai por menos de R$ 4 milhões. Perto desses valores, o equipamento de segurança que poderia ter evitado o acidente tem um custo absolutamente insignificante”, avalia o gerente da Protego.

Para debater a criação de normas técnicas e soluções para prevenção de explosões, está sendo organizado o Seminário Técnico de Prevenção e Proteção contra Explosões de Gases, Vapores e Pós com a participação do Dr. Anthony Brown e especialistas da Fike e da Protego, fabricante especializada em produtos como corta-chamas, válvulas e acessórios para tanques. O evento será realizado em Campinas, no dia 05 de junho, e pretende reunir engenheiros e responsáveis pelas especificações de projeto, construção, manutenção e segurança industrial.

. [Seminário Técnico de Prevenção e Proteção contra Explosões de Gases, Vapores e Pós, dia 05 de junho, das 8h30 às 18h, no The Royal Palm Plaza, Av. Royal Palm Plaza, 277, Jd. Nova Califórnia, Campinas.Conteúdo: Palestras e simulações de prevenção de explosões e incêndios. Informações: http://www.eventick.com.br/protecaoexplosao].

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