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26/06/2014 - 08:09

Na Grécia antiga a educação financeira ia muito além de administrar bem o dinheiro

A educação financeira é geralmente (de maneira correta) caracterizada como um ramo do conhecimento que ensina a administrar de forma austera e sensata os recursos disponíveis, evitando o desperdício. Mas esse conceito estático de lidar com o dinheiro existente é apenas uma parte do processo de formação de riqueza.

Vamos voltar um pouco (ou bastante, aliás) no tempo. No ano 380 a.c., o livro "Oeconomicus", escrito por Xenofante, foi publicado. A obra ensinava, basicamente, duas maneiras de aumentar o patrimônio de uma família. A primeira se referia à administração dos recursos existentes, algo semelhante ao que é postulado nos livros atuais de educação financeira. Já o segundo ponto destacado foi o que o escritor chamou de "eficiência dinâmica". Mas o que vem a ser isso?

Na prática, esse conceito significa uma forma de elevar o patrimônio por meio da criatividade e do empreendedorismo. Isso acontece muito mais com o comércio ou a especulação do que por meio do esforço de evitar desperdícios de recursos. A grande questão é por qual motivo tal estratégia de gestão de patrimônio acabou se dissociando ou até se perdendo ao longo do tempo?

Em suma, a influência da física mecânica na época moderna contribuiu de forma decisiva para que o conceito dinâmico fosse deixado de lado. Um bom exemplo é o trabalho do economista Leon Walras e seu livro “Elements of Pure Economics”, que utilizava fórmulas matemáticas idênticas àquelas da física matemática.

Por isso, acabou prevalecendo o aspecto estático e reducionista, o qual consiste unicamente em minimizar o desperdício dos recursos econômicos que são dados como conhecidos e constantes. Essa percepção da realidade contribuiu, ainda, para a ideia de que a economia é um jogo de soma zero, ou seja, alguém ganha e alguém perde, anulando-se um ao outro. Algo como: os ricos são ricos às custas dos pobres, e não é possível criar riqueza do zero.

Portanto, o foco passa a ser a administração dos recursos disponíveis, sem despender de outros meios criativos e de descoberta para formar patrimônio a partir do nada. Vale recuperar o último relatório sobre a riqueza mundial, de 2013, produzido pela consultoria Wealth-X e pelo banco UBS. Segundo o estudo, 65% dos mais ricos construíram sua fortuna do zero (self-made).

Mesmo assim, cabe destacar que o empreendedorismo depende de mudanças para prosperar ainda mais no país. Primeiramente, deve haver liberdade para empreender, o que implica o fim de intervencionismo e adoção do livre mercado, além do respeito à propriedade privada e aos contratos firmados. São essas duas condições mínimas para que o espírito criativo possa brotar cada vez mais. Assim, as pessoas se sentem mais encorajadas a assumir os riscos de empreender.

Somente com o conceito dinâmico incorporado, a educação financeira vai atingir seus objetivos e, com isso, esclarecer a sociedade sobre o processo de formação de riqueza, bem como incentivar de fato o empreendedorismo, apoiando a luta pela liberdade.

. Por: Richard Rytenband, economista pela PUC-SP e tem MBA em Gestão Financeira com ênfase em Investimentos e Mercado de Capitais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É também palestrante e Professor de Economia e Finanças. Comprou sua primeira ação na bolsa de valores com 14 anos e desde então tem atuado no mercado financeiro. É credenciado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para divulgar análises de valores mobiliários, seja no âmbito técnico ou fundamentalista. Possui certificações do mercado financeiro da Ancord, Anbima: CEA; ICSS: Todas; Apimec: Gestor de RPPS, Anbima CPA-20, todas da BM&F e CNPI-P da Apimec. Cofundador e Coordenador Pedagógico da InfoPRO Timos e Timos ®. É o criador e produtor, ao lado de Felipe Okazaki, dos jogos educativos: “A Pequena Grande Crise (2008), A Pequena Grande Crise 2: A Ameaça Agora é Outra (2012), [www..apequenagrandecrise.com.br], A Pequena Grande Crise 3: A Queda do Gigante [www.pgc3.com.br] e Ciladania [www.ciladaniasp.com.br].

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