As Cidades dos Empreendedores Invisíveis

A presença cada vez mais freqüente da questão dos pequenos negócios, nos discursos oficiais e nos das classes empresariais, tem aguçado em muitos empresários a curiosidade sobre quem são e onde estão as milhões de micro e pequenas empresas deste país. Para muitos desses curiosos, essas empresas são entes invisíveis, distantes, escondidos em favelas, fundos de quintais, bolsões de pobreza, ou em algum enclave imaginário.

Poucos parecem perceber que os pequenos negócios estão em toda parte, construindo cidades, erguendo gigantescos centros de negócio, como São Paulo, potências turísticas, como o Rio de Janeiro e Salvador, símbolos de modernidade, como Brasília, exemplos de urbanização arrojada, como Curitiba, ou o futuro em construção, como Palmas.

Essas cidades, e outras cinco mil e tantas, se espraiam pelo trabalho de 128.082 empresas de construção civil existentes no país, das quais 98,5% são micro e pequenos empreendimentos que empregam quase 700 mil pessoas. Elas absorvem ainda 99% dos 46.562 empresas prestadoras de sofisticados e complexos serviços de arquitetura, engenharia e assessoramento técnico, responsáveis por 31% das pessoas ocupadas e por 28,8% da massa salarial dessa classe econômica. (dados do IBGE/Relação Anual de Informações Sociais).

Por conseguinte, além de construírem nossas cidades, 35.532 profissionais autônomos e 11.030 empresários com estabelecimentos formalizados projetam casas, prédios e pontes, traçam as linhas arquitetônicas do desenvolvimento, os desenhos paisagísticos das cidades, o saneamento básico, a distribuição da energia e do tráfego dos veículos e todas as demais atividades similares.

Contudo, muitos desses empreendedores ainda não têm consciência que eles próprios são micro e pequenas empresas. Eles não se enxergam e não se assumem como tal, criando uma distância abissal entre dois diferentes mundos; o deles e o dos pequenos negócios.

Esta é a razão pela qual é necessário juntar esses dois mundos. Por isso, é muito importante sensibilizar e conscientizar os empresários incluídos nesses segmentos econômicos prestadores de serviços, que os empresários das micro e pequenas empresas não são invisíveis, não estão distantes e nem estão escondidos. Eles próprios são as micro e pequenas empresas que formam a base operosa dessa extraordinária força empreendedora nacional dos pequenos negócios.

. Por: José de Moraes Falcão é economista e engenheiro econômico pela Universidade Católica de Pernambuco, com especialização em Planejamento Regional e Uso do Solo, pela Universidade Técnica de Berlim, Alemanha, Análise Econômica de Mercado, pela Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, além de cursos com foco em Gestão de Negócios, pela Fundação Dom Cabral, Minas Gerais, e Insead, França. Atuou nas áreas de desenvolvimento regional, planejamento estratégico e na área de pequenos negócios.| Sebraerj