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21/12/2007 - 09:37

Produção brasileira de algodão cresce nove vezes mais que o PIB nacional


A produção brasileira de algodão em pluma teve um dos seus melhores desempenhos na safra 2006/07, atingindo 1,52 milhões de toneladas, com um crescimento de 46,5% em relação à safra passada, um crescimento nove vezes superior ao Produto Interno Bruto nacional, ao redor de 5%. Ao mesmo tempo, as exportações ultrapassaram 400 mil toneladas, 95 mil t acima do volume exportado na última safra, o maior volume da história recente das exportações brasileiras de algodão. As informações são de João Carlos Jacobsen Rodrigues, presidente da ABRAPA – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, e foram apresentadas, em Brasília, durante encontro com a imprensa.

De acordo com o dirigente, para atingir esse desempenho foi determinante a atuação da ABRAPA e das associações estaduais no seu papel de representar os cotonicultores junto ao poder público e entidades internacionais do setor. Segundo ele, o início do programa de sustentação dos preços do algodão no mercado interno, em abril, com os leilões do PEPRO - Prêmio Equalizador Pago ao Produtor, é um bom exemplo dessa atuação representativa, bem como o início da pesquisa e do cultivo da primeira variedade de algodão geneticamente modificado no Brasil.

Jacobsen destaca também as atuações em várias frentes no campo internacional, onde a ABRAPA se fez presente. “Lutamos junto a organismos multilaterais, como a OMC, por melhores condições de competitividade para o algodão brasileiro. Abrimos mercados e trocamos conhecimentos com outros países, em busca de expandir nossa produção e nossa produtividade”, assinalou.

O presidente da ABRAPA ressaltou que os entraves do chamado “ custo Brasil” permanecem, destacando os graves problemas de infraestrutura que atentam contra a competitividade brasileira no mercado internacional. Elencou ainda entre os fatores agravantes a carga tributária muito elevada e a atual desvalorização do dólar.

O algodão Bt e o sucesso da Índia - Haroldo Rodrigues da Cunha, vice-presidente da ABRAPA, relatou aos jornalistas os principais tópicos da viagem que uma comitiva da entidade fez à Índia no final de setembro. A Índia, que passou a plantar algodão Bt em 2002, deixou de ser o terceiro maior importador para ser o segundo maior produtor e exportador mundial, em apenas cinco anos. Nesse período, a média de produtividade anual do algodão indiano aumentou de 308 kg/ha para 515 kg/ha. “Retornamos ao Brasil ainda mais convencidos de que estamos perdendo um tempo precioso por não aprender com os exemplos dos países que já adotaram o algodão transgênico”, ressaltou.

Em 2006, conforme Relatório 35 do ISAAA – Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia, a Índia também marcou outro recorde: sua área plantada de algodão transgênico cresceu três vezes sobre o total plantado em 2005, registrando um total de 3,8 milhões de hectares, o que representou uma alta de 192% sobre o plantio do ano anterior. No total, a Índia planta hoje cerca de 9 milhões de hectares de algodão, entre variedades transgênicas e convencionais.

Existem atualmente quatro tipos de algodão Bt na Índia, que resultaram em cerca de 62 híbridos desenvolvidos para as micro-regiões e que são comercializados por 15 empresas, informou Haroldo Cunha, vice-presidente da ABRAPA. Existem atualmente cerca de 5 milhões de cotonicultores indianos cuja maioria planta em média de um a dois hectares. Tanto que as sementes são vendidas em saquinhos de apenas 450 gramas e plantadas à mão, geralmente duas sementes de algodão para cada cova.

Durante encontro da comitiva da ABRAPA com os representantes da cadeia produtiva de algodão da Índia, foi apresentado um estudo mostrando a comparação dos impactos sócio-econômicos, no período de 2002 a 2006, entre 636 famílias rurais que utilizam algodão Bt e 720 famílias que mantiveram o plantio de algodão convencional. As áreas de plantio de cada família giravam entre 0,6 e 1,0 hectare. O objetivo não foi apenas o de medir os benefícios econômicos mas, principalmente, se esses benefícios estavam sendo revertidos para a melhoria dos índices sociais. Os resultados desse estudo demonstraram impactos positivos para as famílias que adotaram a biotecnologia, não apenas do ponto de vista econômico, como também da melhoria das práticas agrícolas e do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) nessas comunidades.

Além disso, ressalta Haroldo Cunha, o cultivo de algodão transgênico na Índia trouxe benefícios ambientais pela redução de pelo menos cinco pulverizações contra lagartas-da-maçã, em comparação às lavouras convencionais. Isso se traduz ao mesmo tempo, segundo ele, em maior produtividade e lucratividade, o que justifica o aumento de área plantada para 9,5 milhões de hectares na safra 2007/08, com uma produtividade de 557 kg de pluma por hectare, ou seja, um acréscimo de 8% em relação à safra anterior.

A qualidade da pluma brasileira - A constatação do reconhecimento da alta qualidade da pluma brasileira por grandes compradores internacionais foi um dos pontos fortes da viagem a Liverpool, na Inglaterra, feita na seqüência pela mesma comitiva da ABRAPA que esteve na Índia. Dessa vez, o objetivo foi a participação no tradicional ICA Dinner, realizado pela International Cotton Association, durante o qual a ABRAPA implantou um bureau de negociações.

De acordo com o presidente da ABRAPA, o bureau de negociações foi extremamente positivo, não só para promover a qualidade da fibra produzida no Brasil, mas também para debater com os importadores os possíveis entraves em relação à comercialização do algodão brasileiro no mercado internacional e doméstico.

A questão da logística, com alto custo e, ainda assim, ineficiente, foi um tema recorrente nesse debate. Foram abordados gargalos como o transporte da produção, a deficiência da malha rodoviária nacional, a carência de containeres apropriados, a questão portuária crítica, com falta de armazéns, linhas de navios, de equipamentos para movimentação de cargas, entre outros.

A notícia boa, segundo Jacobsen, é que ficou evidenciado que, mesmo enfrentando essas dificuldades, o algodão do Brasil cada vez mais se consolida, internacionalmente, como forte substituto de algodão de qualidade como o da Austrália, firmando-se inclusive como fornecedor para mercados exigentes como Japão, Coréia do Sul, Paquistão e Indonésia.| www.abrapa.com.br

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