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08/07/2014 - 11:45

Onde os fracos não têm vez

A virilidade do futebol não exige do jogador apenas preparo físico. Aliás, e com o perdão do sentido figurado, o plantel dos atletas “padrão FIFA” desta Copa do Mundo atendem qualquer exigência relacionada à questão física.

Para além, contudo, do preparo físico, outras habilidades são essenciais para que um time supere o outro, especialmente quando, no afunilamento do certame, as seleções mais hábeis, em todos os aspectos, vão se impondo. Além de músculos, os campeões terão que apresentar, necessariamente, inteligência. Inclusive emocional. O acaso, claro, joga seu papel, e por vezes desfavorece os mais hábeis. Mas contra ele as habilidades físicas, intelectuais e emocionais serão usadas por quem almeja o primeiro lugar da competição.

Nesse quesito a seleção brasileira não tem exibido credenciais de um campeão. Em nenhum dos jogos desta Copa o time de Scolari demonstrou capacidade de realizar, com objetividade, a articulação entre os conceitos estratégicos e as opções táticas, certamente propostos e ensaiados. Assistindo aos jogos por vezes tem-se a impressão de que o escrete não é capaz de se organizar taticamente para perseguir a estratégia de meio e de fim. O gol, objetivo principal, não parece ser alcançável por meio de ações táticas bem implementadas. O time depende do acaso e de talentos individuais. Contra estes, um adversário bem treinado pode fazer muita coisa.

Sabe-se que a inteligência – aquela que pode incorporar estratégias e adotar as táticas necessárias à sua implementação, articulando-as – sofre imensas interferências das emoções. Ou seja, no futebol, como em todos os esportes, a alta performance (indispensável a quem deseja tornar realidade o sonho do topo do pódio) somente pode ser alcançada por meio de desempenho satisfatório das habilidades física, cognitiva e emocional.

A impressão nada alvissareira que vem da dificuldade da seleção brasileira em organizar-se taticamente em campo, surge também quando se vê número expressivo de seus jogadores desabarem emocionalmente diante de um jogo de oitavas de final, enfrentando adversário que, embora detentor de qualidades, não tem tradição de provocar lágrimas em adversários.

As cenas melodramáticas a que assistimos no final do jogo contra a seleção chilena podem até arrancar lágrimas de um ou outro brasileiro; podem até despertar um mau sentimento de comiseração, mas revelam um time que não está fortalecido o suficiente para brigar com seleções fortes nas três dimensões exigidas dos campeões.

. Por: Caleb Salomão, vive em Vitória, no Espírito Santo. É Advogado e professor de Direito Constitucional da Faculdade de Direito de Vitória (FDV). Publicou no Brasil a obra Artigos para Amar, e escreveu outros livros também na área do direito, como o recente Constituição 1988 – 25 anos de valores e transições. Ainda este ano, irá lançar também os livros Em Busca da Legitimidade e (Des) Casando – Reflexões sobre as emoções e o direito nas separações. [www.calebsalomao.com.br].

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