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22/12/2007 - 09:26

Lucros X ganhos


O banco Itaú registrou lucro líquido de R$ 6,44 bilhões nos nove primeiros meses do ano, segundo relatório divulgado em novembro. O montante supera o lucro obtido pelo Bradesco, que havia registrado o maior lucro líquido já apresentado por um banco brasileiro de capital aberto nos últimos 20 anos, de R$ 5,81 bilhões. Já o Unibanco atingiu R$ 2,62 bilhões, um crescimento de 123% em relação ao ano passado.

As notícias divulgadas constantemente mostram que os bancos estão lucrando cada vez mais. Um lucro alimentado com taxas ocultas nos parcelamentos dos empréstimos em todos os serviços oferecidos ou pelo simples fato de o cidadão manter uma conta na instituição financeira. Nos bancos, “não tem almoço grátis”. Tudo é pago. São tarifas que, de centavos em centavos, vão extraindo dos consumidores um montante considerável no final do mês. Aos poucos, sem se darem conta, as pessoas vão ajudando a encher o grande cofre dos bancos. O resultado são os lucros exorbitantes que engordam o capital dos banqueiros.

Só para ter uma idéia, de janeiro a setembro de 2007, a cobrança de tarifas bancárias resultou em uma arrecadação de R$ 40,8 bilhões, segundo revelou estudo do Banco Central. A receita com a prestação de serviços cresceu 17,2% em relação aos nove primeiros meses de 2006. Mas o cerco está se fechando. Para conter abusos e dar maior transparência na relação com os clientes, a cobrança de tarifas terá que obedecer algumas regras. A intervenção do Conselho Monetário Nacional (CMN) resultou na aprovação de resoluções para aperfeiçoar a cobrança de tarifas bancárias e os custos das operações de crédito. O objetivo é facilitar a vida dos consumidores, tornando mais fácil a comparação de preços e a escolha da instituição que melhor atenda ao cliente.

São medidas necessárias para proteger os consumidores, já que a maioria dos brasileiros ainda não conhece as vantagens de participar de uma cooperativa de crédito. Afinal, apenas 10% da PEA (População Econômica Ativa) do Brasil é associada a uma cooperativa de crédito. Sim, porque no cooperativismo, tudo é diferente. Não há a busca pelo lucro, os donos são os próprios cooperados e, por este motivo, sabem exatamente cada tarifa que pagam. Tudo é transparente. E, apesar de muitas pessoas não saberem, as cooperativas não cobram algumas taxas como os bancos, como a de abertura de crédito, e têm tarifas reduzidas na maioria dos serviços.

Apesar de o nosso sistema não apresentar lucros, por não ser o nosso foco, tivemos grandes ganhos este ano, principalmente com as cooperativas de crédito para empresários. Hoje, o setor empresarial já está entendendo que a cooperativa vem para ajudá-lo a alavancar seu negócio. Por conta dessa conscientização - paulatina, mas constante - mais seis cooperativas foram inauguradas este ano, totalizando 13 em funcionamento no Estado, que reúnem mais de 1,8 mil empresários.

Essas conquistas dificilmente ganham espaço na mídia, porque ainda contribuímos pouco com o Sistema Financeiro Nacional (3%) e as nossas sobras (que correspondem aos lucros dos bancos) são investidas e distribuídas para os próprios cooperados. Apesar de ser pequena a nossa participação, anima ainda saber que o número de associados de cooperativas de crédito cresceu 43,3% de dezembro de 2002 a agosto de 2005, um expressivo avanço médio de 14% ao ano, segundo pesquisa do Banco Central.

Nas cooperativas, o recurso que sobra não fica concentrado nas mãos de poucos. Ao contrário, é diluído, é distribuído. E, nesse caso, não vira “notícia”. Apesar disso, nos anima saber que nosso maior lucro continua sendo outro: ver o quanto o cooperativismo contribui para a melhora de vida dos nossos associados. E é isso o que esperamos para o próximo ano: que possamos contribuir com mais empréstimos para a realização de sonhos, como o investimento em novos empreendimentos.

. Por: Manoel Messias da Silva é presidente do Sicoob Central Cecresp (Central das Cooperativas de Crédito do Estado de São Paulo)

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