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17/07/2014 - 08:36

Empreendedorismo no setor público

As manifestações de rua no Brasil, cada vez mais frequentes, mostram uma nova realidade em termos de cidadania, revelando que uma agenda de mudanças está aberta e tem como objetivo principal mudar as práticas políticas governamentais que até o momento tem se revelado ineficientes e ineficazes no atendimento das demandas da sociedade.

O apoio da população às manifestações em violência, revelam um indiscutível e irrefreável desejo de mudanças. Enquanto as administrações se mostram acuadas, multidões inovam e criativamente agem dizendo-se presentes para reocupar o espaço público.

A desconfiança pública no governo está alta. As pessoas sentem que o governo deve tornar-se mais responsável pela melhoria de sua qualidade de vida. E não adianta ficar recorrendo sempre ao velho argumento da falta de verba, pois a percepção pública é de que mais dinheiro, significa mais corrupção, e afinal já se paga muito imposto. O problema mais concreto no atual momento é que os governos devem descobrir como "fazer mais com menos", e para isso precisam ter criatividade, iniciativa e muita ousadia.

Como a mudança tornou-se uma realidade, torná-la rápida será cada vez mais um lugar comum no imaginário popular. Uma saída para essa situação é incorporar o espírito empreendedor no serviço público, características valorizadas no setor privado e que envolve criatividade. Isto implica inovações daquelas que combinam recursos públicos e privados na busca de objetivos sociais.

Empreendedorismo público pode ser visto como uma força criativa destrutiva, no centro de uma agenda de transformações que envolve quebrar velhas mentalidades, criando visões de longo prazo e derrubando velhos pensamentos, processos, programas, ou até mesmo as organizações, a fim de instituir algo, que se espera seja, mais eficaz em seu lugar. Nesse cenário, o empreendedorismo público apresenta três características genéricas principais: estar alerta às oportunidades; ter habilidade de tomar decisões em momentos de incerteza; e inovar de forma ousada e criativa.

Além disso, o empreendedorismo no setor público oferece a oportunidade de reexaminar o papel do governo no que diz respeito à sua responsabilidade de garantir o acesso aos serviços. Pode ser o fornecedor do serviço, coordenador do mesmo, supervisor ou simplesmente criador das normas para ser gerido.

Empreendedores públicos devem estar particularmente preocupados com o aumento da capacidade do governo para responder às questões de qualidade de vida. As abordagens inovadoras, recorrendo ao espírito empreendedor, podem envolver medidas como incorporar os idosos em atividades produtivas, canalizar a energia e vitalidade da juventude para a realização do bem público, encontrar formas criativas de utilização dos espaços privados desocupados, reordenar o uso e ocupação do solo, descentralizar e profissionalizar o atendimento na saúde, redefinir a ideia de segurança pública, utilizar os (incríveis) espaços ociosos das universidades e escolas privadas para aumentar a qualificação da mão-de-obra, ampliar a transparência no uso de verbas públicas etc.

Esse é um papel que cabe ao empreendedorismo público o de iniciador, facilitador e acelerador de um processo de transformação por meio do compartilhamento prático do exercício de governar.

. Por: Reinaldo Dias, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas, e Mestre em Ciência Política e Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp.|Perfil da Mackenzie -A Universidade Presbiteriana Mackenzie está entre as 100 melhores instituições de ensino da América Latina, segunda a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação.

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