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08/08/2014 - 08:39

Eleitor brasileiro compreende dependência ao agronegócio

Em pesquisa realizada pela Abag/ESPM, nas cidades de São Paulo, Salvador, Porto Alegre, Belém e Goiânia, 81,2% preferem um candidato que entenda de agronegócio e 72,8% não votam em candidato que tem descaso com a agricultura.

Esses dados conjugados a hoje elevada percepção do eleitor a respeito da dependência que a economia, e o Brasil, têm do agronegócio, alteram consideravelmente a importância desse macrossegmento, que reúne cerca de 25% do PIB. Relevância essa não apenas real, mas já percebida, mesmo pela sociedade urbana brasileira.

Quase unanimidade, 91,2% dos eleitores concordam com a afirmação: o agronegócio é muito importante para o país, ao lado de outras opções na mesma alternativa, como concorda, concorda pouco, concorda ligeiramente, nem concorda nem discorda, discorda levemente, discorda pouco, discorda, discorda muito e não sabe.

E 86,4% dos eleitores consideram as estradas do país mal conservadas, e que isso aumenta os custos dos alimentos. Sendo que 86,3% interpretam os portos brasileiros como antigos e mal gerenciados, e por isso prejudicam o agronegócio nacional.

O setor, se por um lado ocupa uma posição de relevo na percepção da população, por outro apresenta pontos a serem trabalhados pelas organizações e suas entidades. Já que 66,4% não acreditam que a reforma agrária possa resolver problemas de inclusão econômica e social; 42,7% não concordam com os transgênicos, enquanto 14,3% nem concordam nem discordam nessa categoria, sobrando apenas 37,4% na concordância.

A engenharia genética exige ações de monitoramento e de educação da sociedade urbana. No aspecto do "agrotóxico", 90% concordam que o governo deve aumentar a fiscalização, o que dramatiza a necessidade de clareza e de comunicação ética nessa relação com a cidade. Outro aspecto a exigir uma gestão competente do tema está sob o assunto das florestas: 54,6% não concordam que o Brasil seja um dos países do mundo que melhor preserva suas florestas, com 13,2% nem concordando ou discordando, 1,5% diz não saber e, 30,7%, que acreditam ser o Brasil, sim, um dos países mais preservadores do mundo.

A Água surge como o grande ponto da preocupação urbana, onde 78,8% concordam de que vai haver falta de água potável no mundo. Sobre segurança alimentar, temos nos eleitores uma conclusão curiosa: 56% concordam de que não faltam alimentos no Brasil. Essa situação explica o fato do setor não estar no "Top of Mind" das grandes preocupações emergenciais do eleitor, como segurança, saúde, mobilidade urbana, moradia, empregos, educação e corrupção. Porém, 32,1% não concordam com a afirmação, 11,2% nem concordam, nem discordam, e, ao trazermos para essa questão, outra pergunta a respeito da oferta de alimentos no país: 82,5% concordam que isso será dependente da capacidade do futuro presidente em orientar e apoiar o agronegócio.

A respeito dos candidatos que aparecem na liderança das pesquisas eleitorais, (esta pesquisa realizada pelo Ipeso não foi feita para intenção de voto) a candidata Dilma Roussef surge como mais vinculada a incentivos e eliminação de impostos para a agricultura. O candidato Aécio Neves aparece como uma personalidade de mais investimentos em infraestrutura e que poderia levar o país a ser o campeão mundial em exportação no agronegócio. E o candidato Eduardo Campos como um apoiador do setor.

Os três candidatos são percebidos pela população como positivos para o agronegócio brasileiro, mas com diferenciais entre si. Surge como dado interessante adicional, dentre outros, a paixão do brasileiro pelo biocombustível. Os eleitores acreditam numa proporção de 89,9% que o Brasil precisaria usar mais a energia renovável que vem da agricultura como o etanol e o biodiesel.

Este estudo, ao lado de outros cumulativos anteriores, nos permite afirmar que houve uma mudança não apenas de realidades concretas, no que tange ao agronegócio e sua relação com a economia e a vida no país, mas que esse fato, hoje, também já tem uma percepção de valor diferente e muito positiva, instalada potencialmente na mente do cidadão urbano e do eleitor brasileiro.

Enquanto macrossetor, as pessoas valorizam o agro, como economia, além de vida nova num novo interior, tecnologia, e um campo onde o Brasil se destaca mundialmente, e que isso traz benefícios e gera emprego nas cidades. E sabem também que a infraestrutura e os impostos prejudicam o setor, bem como, a falta de crédito e de renda mínima assegurada.

Quando aspectos pontuais são tratados, como orgânicos, defensivos agrícolas, transgênicos, questões de terras, demarcações indígenas, reforma agrária, água, árvores, mão de obra, cooperativismo e outros, fica evidente a necessidade de comunicação, diálogo, e educação, sob todos esses aspectos, seja por qualquer ângulo que possamos tomar a questão, contra ou a favor. Aí está também instalado um campo fértil para ser utilizado ou pela razão, ou por alternativas não científicas desses vitais assuntos.

Ao concluir podemos afirmar: se o agronegócio mudou, do lado de dentro da porteira das fazendas, é fato também ter mudado e impactado a opinião pública brasileira e urbana das grandes cidades. Não se trata de um tema próximo, e do dia a dia, inclusive pela não percepção na maioria das pessoas de que tenhamos falta de comida no país. Porém, ali existe um potencial acessível com extraordinária facilidade para a boa intenção de educação e de planos saudáveis de gestão, seja na área pública como privada. E, o macro setor apresenta, também, pontos controversos e de ignorância de um não saber e de falta de informação quando adentramos aspectos específicos ao longo de toda a sua cadeia produtiva, desde a mesa do consumidor, passando pelo varejo, agroindústrias, serviços, produção, e tecnologia propriamente dita.

Mas fica aqui o registro potencial da promessa de um sonho, onde o Brasil poderia prometer e ter a competência para entregar. Ele também vive e existe na aspiração desse cidadão e eleitor urbano: 89,9% concordam que o agronegócio brasileiro pode alimentar o mundo e que também significa uma vital fonte de renda para o Brasil.

. Por: José Luiz Tejon Megido, Diretor Vice-Presidente de Comunicação do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS). | Perfil - O Conselho Científico para Agricultura Sustentável- CCAS é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.

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