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09/08/2014 - 09:02

A mulher e os olhos

Lenda urbana, diriam alguns analistas. A mulher vê as almas através dos olhos, talento que Deus não estendeu aos homens. Penetra nos mínimos detalhes destes, considera-os, classifica-os. Situa-os no terreno do bem e do mal. Pode condescender, porém consciente e movida por seus propósitos. Mas enxerga o que a cegueira do outro sexo é incapaz.

A mulher sabe que os olhos apertados, com exceções, revelam uma alma complacente. Olhos outros podem esconder tendências interrogativas, sempre acusatórias e egocêntricas. Quem tem dúvidas olhe os olhos do Führer. Olhos implacáveis, gélidos, que não piscavam, mesmo face às maiores atrocidades.

Por isso, não está de todo equivocada a mulher quando diz que "não foi com a cara". Os homens a chamam de leviana, irracional, inconsequente, excludente de relações prometedoras. Depois, em silêncio, dão a mão à palmatória.

Lombroso teceu a teoria do criminoso nato. Por certas características físicas, o delinquente não podia ser outro. Foi desacreditado pela crimologia. Sabe-se, porém, que, na atualidade, estudos científicos sérios buscam em aspectos físicos os movimentos interiores, os impulsos.

Um lídimo representante da solidão foi a um bordel, atualizar sua contabilidade sexual. De óculos escuros. A dama escolhida, antes de iniciar o cumprimento do contrato, pediu-lhe que retirasse os óculos. Foi atendida e aquiesceu com a prestação dos serviços. Nosso homem saiu encabulado e incertamente orgulhoso.

Olhos nos olhos não significam um pacto irretratável. Antes disso, dão a certeza de um acordo que será observado. Provavelmente, uma mulher não o celebrará, sem sólidas garantias ou antecipação dos frutos.

O mundo é visto de dois modos: com os olhares das mulheres e dos homens. Ao longo da breve história humana, foi exclusivo da visão masculina. A maioria de seus eventos não refletiu conquistas e avanços, mas guerras e sofrimentos. Os olhos da mulher os moviam, sem que ninguém o soubesse.

Recentemente, há menos de um século, às mulheres foi dado o direito de ver o mundo circundante e, em algumas raras hipóteses, de administrá-lo. O problema é que não se administra só, e elas estão cercadas de homens, que legaram um estilo de poder fundado no medo e na defesa prévia, em geral opressiva e supressora das liberdades. Inobstante, só uma mulher seria capaz de insistir na justiça ao julgar os sicários do holocausto, para não banalizar o mal. Incompreendida por sua raça.

Todos os olhos femininos prescutam, mas nem todos são bons. Atingem o poder com a mesma tática dos homens e por vezes os superam em perversidade e ignomínias. Conhecem-nos. Ao contrário deles, que, se extraordinariamente as conhecem, capitulam.

Filósofos contemporâneos defendem governo das mulheres; mais brandos, dialógicos e cautelosos. Mais humanos.

Os olhos da mulher são capazes de previsões certeiras, salvo quando acometidos da catarata das ideologias. Influenciáveis, perdem o rumo e derivam no comando, provocam irreparáveis desastres. O cone sul americano o comprova. Os olhos da mulher, contaminados pelos projetos de poder masculinos, padecem de uma metamorfose: tornam-se elásticos, separam-se, sua intuição empobrece: afinal, desde Darwin sabemos que as espécies se transformam, para o bem e para o mal.

De todo modo, o olhar feminino não se engana. Pode enganar e corromper-se, como tudo no mundo. Mas vê o que é inescrutável para os homens.

. Por: Amadeu Garrido de Paula, advogado especialista em Direito Constitucional, Civil, Tributário e Coletivo do Trabalho.

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