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09/08/2014 - 09:02

Setor sucroenergético: alternativa limpa à crise energética

O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. Números da International Energy Agency revelam que o índice de energia renovável utilizada no País dentro da matriz energética é maior do que em todo o mundo: 35% contra 13,5% no planeta. Nos Estados Unidos, é de apenas 4,3%.

A rica matéria-prima que se encontra entre os resíduos do setor sucroenergético, por exemplo, abre um mar de novas possibilidades para a geração de energia limpa. Estudo apresentado em junho pelo professor dr. Marcos Fava Neves, da FEA/USP de Ribeirão Preto, mapeia este mercado e revela que, na safra 2013/14, o segmento identificou um PIB (Produto Interno Bruto), de US$ 43,3 bilhões, aumento de 44% na comparação com a safra 2008/09.

O Brasil produz anualmente 450 milhões de toneladas de resíduos de cana-de-açúcar, hoje ainda subutilizados. O volume é quatro vezes maior que a quantidade de resíduos de lixo urbano gerado a cada ano por toda a população brasileira. Não há outro país no mundo que se equipare ao Brasil em potencial para geração de energia a partir de resíduos da cana-de-açúcar. Por suas condições naturais, extensas plantações de cana, as mais de 400 usinas de açúcar e etanol – e, certamente, devido aos avanços técnicos e tecnológicos relacionados ao setor sucroenergético –, o Brasil é o único país onde a totalidade dos resíduos da cana-de açúcar pode gerar energia equivalente à produzida pela Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Isso já é parte da realidade brasileira e é neste sentido que acreditamos que o Brasil pode se tornar referência para o mundo. Longe de ser a única solução para a atual crise energética do País, o processamento dos resíduos da cana para geração de biogás e, posteriormente, de energia elétrica, é certamente uma alternativa que tende a ter grande impacto para o setor energético. Tomando como base o processo natural da biodigestão, pesquisadores brasileiros de diversas áreas do conhecimento uniram suas competências e, após uma década de trabalho, conseguiram atingir a escala comercial de produção de biogás a partir desses resíduos. Por meio de um processo 100% limpo, já é possível produzir energia 100% verde sem o uso de terras e matérias-primas nobres, mas onde a terra já foi trabalhada e com os resíduos da produção de açúcar e álcool.

A evolução natural já em curso é a conversão deste biogás resultante desta biodigestão controlada em biometano e o uso dele para substituir o diesel de toda a frota das usinas. Quando esta meta for atingida, o etanol produzido por tais usinas alcançará uma redução de 95% na emissão de gases do efeito estufa frente a um combustível fóssil, tornando-se assim o primeiro combustível líquido carbono neutro, conforme comprovaram estudos do Centro Nacional de Referência em Biomassa (CenBio) da USP sobre o uso de biometano como combustível. O potencial do setor sucroenergético na produção de energia verde pode ser estendido para a toda a agroindústria, na medida em que avançarem as pesquisas sobre a biodigestão controlada de seus resíduos – resíduos estes que, para esta nova indústria que surge, a indústria da biomassa, são matérias-primas preciosas.

Sintonizado com os mais recentes avanços na área, o governo brasileiro tem demonstrado reconhecimento a essas novas tendências e alternativas, por meio do lançamento de programas de incentivo ao desenvolvimento científico e tecnológico na área de produção de biogás. Exemplo disso é o P & D 014/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que prevê o investimento de R$ 476 milhões, nos próximos três anos, na instalação de 33,7 MW em usinas de geração de energia elétrica a partir do biogás de resíduos e efluentes líquidos.

Outro meio de incentivo que o governo tem dado à geração de energia a partir do biogás é a política de isenção de impostos no mercado livre de energia elétrica. Enquanto a energia elétrica gerada a partir de biogás é considerada 100% verde e conta com 100% de isenção de TUSD/TUST (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição/Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão), a cogeração pela queima do bagaço, a energia eólica e as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) contam com 50% de desconto. Na prática, o governo dá este premio às geradoras de energia a partir do biogás para cada megawatt gerado. É que o Estado já se deu conta do retorno e do impacto a curto, médio e longo prazo do investimento nas energias verdes.

. Por: Evaldo Fabian, engenheiro e Diretor da GEO Energética.

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