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03/09/2014 - 07:19

Comportamento do Produto Interno Bruto

O comportamento do Produto Interno Bruto – PIB e a eficiência ou ineficiência das políticas econômicas em cenário eleitoral são combinações naturais em muitas análises de conjuntura. Elucidar essa relação e consolidar uma visão de médio prazo para a economia se no demonstra relevante para o quadro eleitoral.

O padrão da política econômica desde 2002 esteve baseado nas políticas sociais, na recuperação do salário mínimo e na forte expansão da demanda motivada pelas políticas fiscais. Os ganhos salariais e o aumento da demanda permitiram a redução do nível de desemprego em todas as regiões brasileiras.

O aumento do consumo e a oferta de crédito dos últimos anos tem, em teoria, um resultado previsível: estimular as expectativas empresariais de lucros no curto e médio prazo e, portanto, os investimentos privados.

Se isso não aconteceu, apesar do aumento do consumo e do crédito, seria necessário avaliar se a combinação de políticas econômicas que culminou na persistente apreciação cambial nos últimos anos, no aumento dos índices de desindustrialização, na continuidade da carga tributária elevada não causaram incertezas maiores sobre o cálculo empresarial do que os efeitos positivos da política de incentivo ao consumo.

É também necessário investigar se a inédita fragilização da Petrobras, do complexo de produção e distribuição de energia elétrica, de outros segmentos de energia como o sucroalcooleiro não prejudicaram a confiança empresarial na capacidade do governo de elaborar políticas eficientes e comprometidas com o crescimento.

A redução do PIB neste ciclo não é um resultado qualquer, mas a expressão da combinação de políticas redistributivas com aumento de preços que, ao final, retiram renda de quem mais precisa sem a compensação dos investimentos. O mecanismo de preço, através da inflação, pode desfazer o que as políticas de renda fizeram e de forma muito mais rápida.

A predominar esse quadro o resultado previsto pela teoria é de aumento do desemprego, do endividamento das famílias pela perda de postos de trabalho e a redução da renda real pelo desaquecimento da atividade econômica.

Mais do que pensar no Estado devemos pensar no que é necessário para que o número de empreendedores como porcentual da população economicamente ativa e os níveis de competitividade cresçam. É hora de refletir sobre as necessidades de quem gera riqueza e, a partir desta perspectiva, reavaliar as políticas tanto na dimensão macro quanto microeconômica, sem perder de vista a melhoria das condições redistributivas de renda.

. Por: Elton Eustáquio Casagrande, professor do Departamento de Economia da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, câmpus de Araraquara, e Membro da Associação Keynesiana Brasileira.[Artigo publicado originalmente no Estadão Noite de 29 de agosto de 2014].

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