Como lidar com os conflitos de gerações nas empresas

A nosso ver existem dois tipos de conflitos de gerações nas empresas: a diferença de idade do indivíduo profissional, e a diferença de “idade” do tempo de serviço na empresa.

Diz o senso comum que o jovem é arrogante e o mais velho é rígido. Que o recém-contratado é “cru” e precisa se dispor a aprender, aprender... Diz-se que o “velho de casa” é desmotivado, acomodado, não quer mudar....

Criticar e se queixar sobre os fatos, os comportamentos, embasar-se em inúmeros exemplos e, claro, a sempre presente e inquestionável interpretação/avaliação que cada um faz sobre o que acha do outro, é a melhor maneira de perpetuar as diferenças como conflitos e nunca chegar a aprender e crescer com elas.

Desta forma, começamos a desvendar que o que temos não é um conflito de “gerações”, mas um conflito de “relações humanas” onde o tema tempo e idade são o mote da vez.

Na verdade, humanos têm muita dificuldade em se conhecerem e seguirem se transformando ao longo da vida. E no entanto, estes são dois pontos indispensáveis e fundamentais para quaisquer momentos nas relações com outras pessoas.

Aprender a aprender e saber levar o outro a aprender não são tarefas fáceis, nem para os jovens, nem para os mais velhos. Envolve vontade de crescer, humildade de reconhecer que não sabe fazê-lo, abertura para adquirir ferramentas e conceitos novos, além de usá-los corretamente.

Por outro lado, envolve não ter medo de perder o poder, generosidade para distribuir seu saber, como uma planta que depois dos frutos já distribui espontaneamente suas sementes para gerar novas plantas.

Lidar focado nos problemas me parece um paliativo. É necessário trabalhar a falta de maturidade que existe nos dois lados. A saída é acabar com o vício da neurose da repetição e mudar o comportamento.

. Por: Solange Ramounoulou, psicóloga, diretora da VIR, Clínica para o Desenvolvimento Humano.